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sexta-feira, 15 de abril de 2016

Menina de 17 anos denuncia o próprio pai pelos abusos sofridos na infância: “Papai, te odeio”

A argentina Micaela foi abusada pelo próprio pai durante 12 anos (Foto: Reprodução Facebook)

A argentina Micaela criou uma página no Facebook para contar detalhes dos episódios de violência sexual que duraram 12 anos de sua vida. “Por Uma Infancia Sin Dolor” (“Por uma infância sem dor”) já tem mais de 80 mil seguidores na rede social  

11.04.2016 -POR REDAÇÃO MARIE CLAIRE


Mais de 80% dos abusos sexuais cometidos contra crianças e adolescentes acontecem dentro de casa. E mais de 50% dos casos denunciados têm como abusador o próprio pai. Os dados são da Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e Adolescência (Abrapia) e retratam uma chocante realidade, que acaba de ser relatada por uma adolescente argentina de 17 anos. Micaela recorreu ao Facebook para tornar pública sua história e ajudar quem passa pela mesma situação.

Na página intitulada “Por Uma Infancia Sin Dolor” (“Por uma infância sem dor”), que já soma mais de 80 mil seguidores, ela conta ter sido abusada desde os quatro anos de idade pelo próprio pai. Em posts tocantes, dá detalhes dos episódios de violência e ainda manda recados ao estuprador.

No texto “Papai, te odeio”, a menina não hesita em expressar toda sua raiva: "Papai, que lê tudo que eu publico aqui, espero que também leia isto. O senhor e seu advogado merecem cair no mesmo inferno. Tomara que não consiga dormir nem hoje, nem nunca mais em paz. Lembre-se da minha voz infantil dizendo para me deixar em paz. Espero que isto lhe tire o sono". E com frequência, compartilha ainda frases que costumava ouvir do abusador: "Tranquila... se você se mexer é pior", "Quanto mais resistir, mais vai doer" e "Estamos só brincando". “Meu pai, enquanto abusada de mim”, explica ao fim de cada uma.
"Quanto mais resistir, mais vai doer" - Meu pai, quando abusava de mim (Foto: Reprodução Facebook)

Em entrevista ao jornal “Crónica”, Micaela conta sobre a abordagem do progenitor: “Entrava no meu quarto, fechava a porta, me acariciava e me tocava. Até me fazia participar de chats pornográficos quando tinha 7 ou 8 anos.”

Os abusos foram descobertos no ano passado, 12 anos depois, pelos orientadores pedagógicos de Micaela, que notaram um comportamento fora do comum por parte da menina na escola. Pouco depois, ela e sua mãe deixaram a casa onde viviam em Buenos Aires e denunciaram o abusador, que ela chama de “assassino de almas”.  A mãe, que hoje a acompanha nas sessões de terapia, descobriu tarde a história e não deseja ver o rapaz atrás das grades. “Tenho um irmão de sete anos e ela não trabalha. Então, não quer que ele vá para a cadeia para que continue recebendo a pensão”, explicou ao jornal.
"Tranquila... se você se mexer é pior" - Meu pai, quando abusava de mim (Foto: Reprodução Facebook)


No texto de apresentação publicado na rede social, ela revela ter sentido medo de expor a história, mas decidiu vencê-lo para poder ajudar outras meninas e meninos. Inclusive, não esconde seu próprio rosto. “Tinha medo de ser julgada, mas agora não”, escreveu. “Com 17 anos não posso ajudar como gostaria, só posso dizer a todos os sobreviventes que NÃO se calem. Me custou muito entender, mas nós não temos culpa e a vergonha deve cair sobre o agressor. Por isto mostro minha cara e digo a todos que, caso saibam de algo, não olhem para o outro lado.”

E ainda acrescentou: “Ao meu progenitor, que abusou de mim por anos, quantas vezes quis, aos que querem que eu esqueça tudo e guarde silêncio, aos que foram cúmplices, aos que me deixaram sozinha quando fiz a denúncia, aos que não acreditam em mim, aos que negam o abuso sexual infantil, tudo volta. Vocês não sabem o que se sente e por isso preferem calar e olhar para o outro lado. Não nos vão calar! Nunca mais grito sem voz! (...) As crianças não mentem.”



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