28 abril 2016
O corpo humano passa por muitas mudanças no espaço: Os músculos se debilitam, o coração muda de forma e tamanho, há perda de densidade óssea… Mas há algo que permanece igual: a menstruação.
Independente da existência ou não de gravidade, o ciclo menstrual da mulher funciona da mesma forma – seja na Terra ou no espaço.
"Como o fluxo de sangue menstrual não é afetado pela ausência da gravidade, ele não flui de volta para o corpo", escreveu recentemente a ginecologista espacial Varsha Jain no site acadêmico The Conservation, do King’s College, de Londres.
Mas, a que se deve isso? Ela responde à BBC:
"O hormônio folículo estimulante, responsável por ativar o ciclo menstrual, não é afetado em viagens espaciais."
A pesquisadora, membro do Departamento de Obstetrícia e Ginecologia do Instituto Nacional para Pesquisa de Saúde do Reino Unido, conta que já foram feitos diversos estudos sobre o tema na Terra, baseados na simulação do ambiente espacial.
Jain afirma que pesquisas realizadas com animais enviados ao espaço obtiveram resultados similares.
Mas os cientistas ainda não conseguiram determinar o motivo pelo qual esse hormônio permanece inalterado enquanto o resto do corpo precisa se adaptar ao fato de estar flutuando.
O que se sabe é que o fato de não haver nenhuma mudança no ciclo menstrual nesse caso prova que ele não depende da gravidade.
Talvez porque, como sugere Jain, "o corpo sabe que precisa se livrar daquilo".
Mas, para a especialista, essas são boas notícias. "Quanto menos o corpo mudar no espaço, melhor."
Empoderamento
No passado, a menstruação era vista como um impedimento para que mulheres fossem astronautas.
"Alguns argumentavam que a menstruação poderia afetar a habilidade da mulher", escreveu recentemente Adam Cole, jornalista científico da rede americana National Public Radio.
Nos anos 1940, foi provado que isso não estava certo. "Mas a ideia não morreu ali", acrescentou.
Outras teorias a respeito da menstruação no espaço falavam sobre os efeitos da microgravidade e como o sangue poderia subir pelas trompas de Falópio e chegar ao abdômen, causando dor e outros problemas de saúde.
"Mas, na realidade, ninguém fez experimentos para comprovar se isso era um problema, então não havia dados que sustentassem ou negassem esses temores", afirmou o jornalista.
"Até onde sabemos, e pelo que nos contam as astronautas, as mulheres que menstruaram no espaço garantem que nunca tiveram problemas por isso", esclareceu Jain.
Para a ginecologista, uma vez comprovado que o período menstrual não é um impedimento para ir ao espaço, o fato de ter de lidar com o fluxo de sangue em um ambiente sem gravidade pode ser uma situação que muitas mulheres astronautas preferem evitar.
"Para a sorte delas, hoje já existem formas de segurar a menstruação."
Não há um consenso sobre recomendar a suspensão completa da menstruação no período em que a astronauta estiver no espaço, mas Jain afirma que a maioria dos especialistas sugere que não há efeitos a longo prazo para a saúde da mulher caso ela opte por isso.
"Isso é importante, pois se trata de empoderar as mulheres", afirma a especialista.
"Se as astronautas podem escolher não menstruar durante períodos longos de tempo (enquanto estão no espaço), outras mulheres, com trabalhos específicos na Terra, poderiam fazer o mesmo."
Porém, o fato de que a menstruação não é afetada no espaço é uma questão que deve ser levada em conta para missões de longa duração, como uma viagem a Marte.
Independente de a mulher escolher menstruar ou não, a nave precisa ter um espaço adequado tanto para pílulas e produtos higiênicos caso elas optem por continuar menstruando.
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