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sábado, 8 de outubro de 2016

Entidades fazem alerta para frear avanço da sífilis no país

Lígia Formenti, do Estadão Conteúdo
07/10/2016

Brasília - O Conselho Federal de Medicina, Sociedade Brasileira de Pediatria e Federação Brasileira de Associações de Ginecologia e Obstetrícia lançaram nesta sexta-feira, 7, um alerta para tentar refrear o avanço de casos de sífilis congênita no País.
No documento, endereçado para a população em geral, autoridades e médicos, as entidades recomendam a adoção de medidas urgentes para tentar reduzir o avanço da doença.
Como revelou o jornal O Estado de S. Paulo, a taxa de bebês com sífilis congênita em 2015 foi de 6,5 casos a cada mil nascidos vivos - 13 vezes mais do que é tolerado pela Organização Mundial de Saúde e 170% a mais do que o registrado em 2010.
Diante dessa situação, o Ministério da Saúde deverá lançar nas próximas semanas um plano para tentar conter a doença.
"A situação da sífilis no Brasil está fora de controle", afirma o presidente da Sociedade Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia do Rio, Mauro Passos.
"Os números são vergonhosos. É inadmissível o País ter uma taxa como essa de uma doença que pode ser prevenida", completou o médico. "Vivemos numa situação de emergência epidemiológica. E algo precisa ser feito", completou Sidnei Ferreira, da Sociedade Brasileira de Pediatria.
O crescimento de casos não ocorre apenas para sífilis congênita. Números obtidos pelo Estado mostram que a sífilis em gestante passou de 3,7 para 11,2 casos a cada mil nascidos vivos, um aumento de 202%. Para sífilis adquirida (denominação dada para sífilis na população em geral) a taxa é de 42,7 casos a cada 100 mil habitantes.
"A doença avança por um misto de fatores. Ela é ainda alvo de preconceito. Nem médicos nem pacientes falam do problema", afirmou Passos.
Um dos pontos preponderantes para o aumento de casos foi a falta de medicamentos usados para tratar a infecção, causada por uma bactéria.
O antibiótico, penicilina, esteve por pelo menos dois anos em falta. A compra do remédio, usualmente feita por Estados e municípios, passou a ser realizada pelo Ministério da Saúde.
Uma manobra para tentar reduzir o desabastecimento tomada, na avaliação de especialistas, tardiamente.
Passos disse não ser possível ainda falar que a situação está regularizada. "Há ainda relatos de falta de medicamentos." Ele observa, no entanto, que além da falta de remédios há outros problemas como a falta de integração de informações.
"Para se ter uma ideia, o número de casos de bebês com sífilis é maior do que o de gestantes. Algo que comprova a falta de informação adequada."
Mas não é só. Embora o governo tenha incluído na assistência o teste rápido para identificação da doença, o exame muitas vezes não é realizado. "São várias as falhas. O exame não é feito. É feito e o tratamento não é ofertado. Ou é ofertado já num momento tardio."
A sífilis congênita pode levar à morte do bebê. Transmitida durante a gestação, a doença pode ser evitada caso a gestante faça um tratamento, ainda nos primeiros meses de gravidez. Números obtidos pela reportagem, no entanto, mostram que, no ano passado, 50% dos diagnósticos ocorreram no último trimestre da gravidez.

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