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domingo, 24 de fevereiro de 2013


Após ouvir empresária, CPI do Tráfico de Pessoas propõe acareação

Divulgação - CPI do Tráfico de Pessoas
Reunião da CPI do Tráfico de Pessoas na Bahia - depoimento de Carmen Topschall
Carmen (E) negou ter recebido qualquer favor ou contribuição financeira pela sua participação nos processos de adoção.
Integrantes da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara que investiga o tráfico de pessoas decidiram que vão propor a acareação entre a empresária Carmen Topschall e as demais pessoas que foram vítimas ou citadas no caso das adoções ilegais ocorrido no município de Monte Santo, que fica a 370 km de Salvador (BA).
Carmen Topschall foi ouvida nesta quinta-feira (21) durante audiência pública da CPI realizada na capital, Salvador. Os parlamentares querem encontrar respostas definitivas sobre a participação de Topschall no episódio em que ela é investigada pela intermediação da transferência de crianças baianas para adoção por famílias do interior de São Paulo.
Segundo a relatora da CPI, deputada Flávia Morais (PDT-GO), Carmen entrou em contradição. "Ao mesmo tempo em que ela fala que não intermedeia a adoção clandestina, ela consegue explicar com detalhes a intermediação de várias adoções. Sempre, na hora do parto, ela estava presente. Na hora da adoção, presente. E, assim, vários fatos que nos deixam com muita certeza de que ela faz parte de uma rede de adoção clandestina."
Apesar de negar qualquer envolvimento, Carmen Topschall teria atuado nessa rede por cerca de 10 anos. Ela é apontada pelo Judiciário como intermediária em todos os processos de entrega das crianças da cidade baiana de Monte Santo a casais de Campinas, no interior de São Paulo.
A estratégia para apressar as adoções na Bahia teria incluído ameaças a famílias pobres e promessas de que elas receberiam uma mesada por entregar suas crianças, conforme denunciou o programa Fantástico, da Rede Globo, em outubro do ano passado.
O então juiz de Monte Santo, Vitor Manoel Xavier Bizerra, também teria facilitado as adoções. Casais interessados teriam chegado à cidade em um dia e levado as crianças no outro.
Carmen negou ter recebido qualquer favor ou contribuição financeira pela sua participação nos processos de adoção. Afirmou que sua intenção era apenas de colaborar. Também confirmou que tentou se enveredar pela área do empreendedorismo, mas que os negócios não deslancharam. Entre as atividades comerciais que se aventurou estão uma fábrica de processo de tripa bovina, uma loja de aluguel de roupas para festas e uma importadora.
Justificativas
A depoente insistiu várias vezes, na tentativa de sensibilizar os parlamentares, que ajudava as crianças a terem um futuro melhor e fez um retrato da miséria em que viviam as famílias de Monte Santo.

A estratégia irritou o presidente da Comissão, deputado Arnaldo Jordy (PPS-PA). “Não tente me sensibilizar com o problema da miséria neste País até porque tenho 30 anos de vida pública e conheço a realidade do Brasil. E se miséria fosse justificativa para se adotar de forma irregular crianças vulneráveis, metade das crianças deste País já teria sido doada”, reagiu o parlamentar.
Carmen também reclamou da imprensa e sugeriu que a CPI estava contribuindo para o agravamento do seu suposto sofrimento por conta das denúncias que a envolvem.
Na sequência, Jordy fez questão de esclarecer qual o papel da comissão. “Estamos aqui no estrito cumprimento e somos pagos e muito bem pagos para, com todo rigor, cumprir com nossa missão. Nós não denunciamos a senhora, não temos nada pessoal contra a senhora. Quem vai lhe julgar é o Poder Judiciário. Mas a CPI tem que atuar com transparência. As audiências são públicas aqui ou em Brasília. Não concorremos para agravar sua situação”, disse.
Foi a primeira vez que a empresária falou na CPI, já que em outras duas oportunidades não prestou o devido depoimento aos parlamentares.
Além de admitir que fez contatos entre pais biológicos de Monte Santo e famílias interessadas em adotar as crianças, Carmen reafirmou que tem três filhos adotivos.
De acordo com a deputada Flávia Morais, o depoimento de Carmen Topschall será encaminhado ao Ministério Público e à Polícia. A relatora não descarta o indiciamento da investigada. "Possivelmente, no relatório final, nós devemos fazer algum indiciamento. O difícil é que essa modalidade de tráfico de pessoas, a adoção clandestina, acaba sendo 'aceita' na concepção de que essas crianças vivem diante de dificuldades financeiras e que elas foram entregues com condições financeiras melhores e, assim, a criança vai ser mais feliz, vai ter uma vida melhor."
Para Arnaldo Jordy, a acareação entre todos os personagens deste episódio poderá dirimir boa parte das dúvidas que ainda pairam sobre o caso.
Nesta sexta-feira (22), a CPI segue para Monte Santo onde vão ouvir os pais das crianças, cuja guarda provisória foi concedida a famílias paulistas. A decisão foi revogada nesta semana pelo Judiciário baiano.
Prostituição na Espanha
A CPI também ouviu, em audiência realizada na capital baiana, os depoimentos do casal suspeito de integrar a quadrilha que mandava jovens para se prostituírem na Espanha.

O objetivo das audiências fora de Brasília, conforme destacou o presidente da comissão, é chamar a atenção das autoridades para esse tipo de crime, que não é tão visível para a sociedade, e conclamar os operadores do Direito e defensores dos direitos humanos a ajudar no aperfeiçoamento da legislação do País. Jordy também apela para que União, estados e municípios se aparelhem melhor para enfrentar esses crimes.

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