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segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013


Enfraquece o tabu de beijar em público na Índia

GARDINER HARRIS


DO "NEW YORK TIMES"

NOVA DÉLI - A Índia pode ser o lugar de origem do "Kama Sutra", antigo manual sobre a prática do beijo e do sexo. Mas os casais indianos não tinham o hábito de se beijar há muitos anos, pelo menos não em público. Agora isso está mudando.
Acredita-se que esteja no poema épico "Mahabharata", escrito 3.000 anos atrás, a primeira descrição escrita de um beijo na boca. Estudos antropológicos conduzidos na Índia e em outras partes da Ásia no século passado mostraram que o beijo estava longe de ser universal, chegando a ser visto como indecente em muitas sociedades, segundo Elaine Hatfield, professora de psicologia na Universidade do Havaí.
O professor de sociologia Sanjay Srivastava, do Instituto de Crescimento Econômico da Universidade de Déli, comentou: "Até recentemente, o beijo era visto como um costume ocidental, não indiano. Mas isso mudou."
Os casamentos na Índia ainda são arranjados, em sua maioria, e o índice de atividade sexual antes do casamento é baixo, segundo pesquisa do governo, de modo que a troca de beijos apaixonados entre pessoas não casadas é desencorajada há muito tempo.
Mesmo pessoas casadas não têm o hábito de se beijar, pelo menos diante de outras pessoas.
Porém, estudos recentes, confirmados por entrevistas com sociólogos e psiquiatras na Índia, sugerem que a popularidade do beijo vem aumentando.
A castidade é muito valorizada no país. Por esse motivo, os indianos tendem a ver expressões externas de amor, sejam elas físicas ou verbais, com desconfiança, explicou Roy Abraham Kallivayalil, presidente da Sociedade Psiquiátrica da Índia. "Eu não digo à minha mulher que a amo", comentou. "Em seus 88 anos de vida, meu pai nunca falou que me amava. Não fazemos isso."
Até a década de 1990, a censura indiana não permitia que cenas de beijo fossem mostradas nos cinemas. Mas Shah Rukh Khan, galã de Bollywood que é um dos maiores astros de cinema do mundo, vem atiçando as plateias indianas em dezenas de filmes ao trazer seus lábios para muito perto dos lábios das belas atrizes com quem contracena. A boca dele nunca tinha encostado na de uma estrela até ele beijar a beldade de Bollywood Katrina Kaif no filme "Jab Tak Hai Jaan", lançado em dezembro do ano passado.
"Aquele beijo foi um momento incrivelmente importante", disse Srivastava. "Shah Rukh Khan define o que é o 'mainstream'. Quando ele faz algo, esse algo torna-se aceitável."
A ascensão do beijo na Índia pode também refletir o poder crescente das mulheres jovens de decidir com quem vão se casar, opinou Debra Lieberman, professora de psicologia evolutiva na Universidade de Miami.
Mesmo assim, segundo Aseem Chhabra, colunista do jornal "The Mumbai Mirror", ainda é uma raridade assistir a alguma manifestação pública de afeto. "Você não vai ver pessoas se beijando nas ruas de Déli ou de Bombaim. Isso ainda é tabu", comentou.
Uma pesquisa de 2006 financiada pelo governo, a mais recente disponível, constatou que menos de 1% das mulheres entrevistadas e menos de 5% dos homens disseram ter feito sexo fora do casamento no ano anterior. Outros estudos sugerem que o índice de sexo pré-nupcial seja mais alto do que o relatado em pesquisas oficiais, mas os números ainda são muito baixos em comparação com os do Ocidente.
Rajat e Neha, ambos com 22 anos, encontrados no majestoso parque Lodi Gardens, em Nova Déli, concordaram em falar da razão pela qual gostam de se beijar, mesmo que seus pais nunca o tenham feito, pelo menos não na presença deles. "É o amor", disse Rajat com simplicidade, enquanto Neha concordava.
Colaborou Shreeya Sinha, de Nova York

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