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domingo, 24 de fevereiro de 2013

Isadora Faber, Malala Yousufzai e Yoani Sánchez

por Yvonne Maggie

A luta por democracia, liberdade e educação costumava ser coisa de gente grande, militantes organizados, grupos liderados por adultos que usavam meios e estratégias tradicionais. Mas o mundo mudou e na primeira década do século XXI vemos meninas e jovens mulheres dedicando sua vida a ideais humanistas e universais usando formas inusitadas para divulgar suas ideias.

Isadora Faber, uma menina de treze anos, lidera um movimento novo. Tudo começou em julho de 2012 quando decidiu criar uma fanpageno Facebook e lutar por melhorias em sua escola. Iniciado como simples denúncia sobre as precariedades da educação, seu movimento ganhou o Brasil e o mundo.


Em pouco tempo multiplicaram-se diários como o de Isadora. Esta semana, lendo a página Diário de Classe no Facebook, fiquei sabendo que a estudante recebeu mensagens com ameaças aterradoras. Teve de registrar queixa na delegacia, mas apesar disso parece que não desistiu de espalhar sua ideia: melhor qualidade do ensino público no Brasil.

Malala Yousufzai, paquistanesa de quinze anos, lidera uma campanha pela educação das mulheres no seu país. Foi desfigurada por tiros dos talibãs que a acusam de fazer campanha “pró-Ocidente” e contra o islã. Malala foi salva por um movimento internacional que conseguiu levá-la para a Inglaterra, onde foi operada por cirurgiões em um hospital que dispõe de uma medicina de alta complexidade. Em janeiro de 2013 teve alta e já conseguia ler e falar, mas ainda há um longo caminho para sua recuperação total. Malala não quer desistir da sua luta pela educação de mulheres no Paquistão.

Yoani Sánchez é mais velha, se comparada às duas primeiras. Tem 37 anos e luta pela liberdade e pela democracia em Cuba. Também aí sofre perseguição e já foi presa algumas vezes. Entretanto, com toda a precariedade dos meios de comunicação e ausência da internet em seu país, em seu blog Geração Y, postado em hotéis internacionais e traduzido por voluntários para mais de vinte idiomas, conseguiu fazer com que suas denúncias fossem ouvidas pelo mundo inteiro. Geração Y é uma referencia a uma geração de cubanos cujos nomes contêm a letra y que, segundo a própria Yoani “foi marcada pelas escolas de campo, os desenhos animados russos, as saídas ilegais e a frustração” .


Após tentar durante  cinco anos visitar o Brasil, finalmente esta semana aqui chegou. Yoani Sánchez foi recebida com manifestações ruidosas que a impediram de falar em Pernambuco, na Bahia, no Congresso Nacional e em São Paulo. Esses protestos, no entanto, deixaram-na entusiasmada com a possibilidade da manifestação do pensamento.  Em Cuba, disse ela, a liberdade de opinião inexiste.

Sei que estou comparando situações e histórias bem diversas. Isadora tem apenas 13 anos e sua fanpage teve um impacto importante no sistema educacional de sua escola e de sua cidade. Malala tinha um blog na BBC  http://news.bbc.co.uk/2/hi/south_asia/7889120.stm  em que relatava o seu dia a dia, mas usava meios não eletrônicos para fazer sua campanha e fez suas conquistas estimulando colegas e amigas a buscarem escolas onde pudessem estudar. Seus inimigos são os poderosos talibãs radicais que se recusam a aceitar qualquer reivindicação de igualdade, sobretudo entre mulheres e homens. Yoani não se conforma com a falta de liberdade em seu país.

Há outros exemplos de mulheres que também levantam e levantaram bandeiras e que poderiam ser citadas, a começar por aquelas que participaram dos movimentos sufragistas do século XIX e do movimento feminista que se espalhou pelo mundo no século XX. Mas há algo de especial nesses três exemplos muito contemporâneos. Essas jovens, que vivem em sociedades tão díspares quanto Brasil, Paquistão e Cuba, são destemidas, não aceitam o lugar que lhes reservaram na sociedade e não se rendem mesmo diante de ameaças, até mesmo de ataques concretos contra suas vidas.

As três mulheres, ou meninas, ou jovens são testemunhos de uma época e trazem a boa nova não mais como era esperado, mas justamente pelo inesperado. Não têm uma organização que as sustentem (embora os slogans da campanha difamatória no Brasil digam que a cubana é financiada pela CIA), nem precisam de muito dinheiro para espalhar suas ideias e denúncias. Usam meios contemporâneos e de custo zero para falar. Elas são até menos importantes do que as mensagens que carregam nos ombros. Mensagens universais baseadas na forte crença em ideais iluministas. Que cada uma delas consiga retirar as pedras do seu caminho e possa ver o dia em que seus sonhos se realizem.

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