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quinta-feira, 11 de julho de 2013

Gravidez de menina de 11 anos reacende debate sobre aborto no Chile

Em pleno ano eleitoral, o presidente Sebastian Piñera defendeu a posição da família da menina de não interromper a gravidez. Já a principal liderança da oposição, a ex-presidente Michelle Bachelet, disse que é hora de rever as leis do aborto

REDAÇÃO ÉPOCA

O presidente do Chile, Sebastián Piñera,
elogiou a decisão da menina de não
interromper a gravidez
(Foto: Getty Images News)
O caso de uma menina de 11 anos que ficou grávida do padrastro reacendeu o debate sobre a legalização no aborto no Chile, considerado um dos países mais conservadores da América Latina nessa questão. A história divide as opiniões entre os chilenos, e ganhou contornos de polêmica após o presidente do Chile, Sebastian Piñera, defender, em pleno ano eleitoral, a posição da família de não interromper a gravidez. 
O caso foi denunciado no começo de julho quando a menina, identificada pelo apelido de "Belén", foi levada ao hospital após sentir fortes dores no útero. Um exame médico detectou a gravidez e logo se tornou manchete dos principais jornais do país. Segundo a imprensa chilena, a menina, que mora com a avó, frequentava a casa da mãe aos fins de semana, local onde foi violada pelo companheiro da mãe. As autoridades chilenas acreditam que o padrasto a estuprou em pelo menos três ocasiões diferentes, e que a mãe foi conivente. O padrasto está em prisão preventiva desde o dia 5 de julho.
A mãe, no entanto, defendeu o companheiro. Ela disse que Belén teve "relações consensuais e de mútuo acordo" com o homem, de 36 anos. "Isso é uma injustiça contra o meu parceiro. Eles tinham um relacionamento, minha filha não foi violada", disse a mãe, identificada pela imprensa chilena pelo nome de Pamela.
Após as declarações, o Serviço de Proteção ao Menor do Chile entrou na Justiça com um pedido para proibir que a mãe se aproximasse da menina. Os médicos chilenos, representados pelo Colégio Médico, passaram a defender a revisão da lei que impede o aborto nesse tipo de situação, dizendo que seria "correto" interromper a gravidez da menina.
A própria Belén, no entanto, foi entrevistada e disse que não quer fazer um aborto. "Vai ser como uma boneca que eu vou ter em meus braços", disse a menina, sobre sua futura filha. "Eu quero muito ter essa filha, mesmo que seja desse homem que me feriu tanto".
Na terça-feira (9), o presidente Sebastián Piñera falou sobre o caso. O presidente disse que a menina foi "madura" e fez comentários de grande profundidade na TV. Segundo Piñera, o governo ajudará no período mais complicado da gestação, prevendo inclusive uma cesariana prematura para garantir a saúde da menina. "Pedi que o ministro da Saúde cuide pessoalmente do caso", disse.
O caso transformou o aborto em tema das eleições presidenciais. Os chilenos escolherão um novo presidente em novembro, em uma das eleições mais polarizadas do país. O candidato de Piñera é o ultraconservador Pablo Longueira, um partidário declarado da ditadura do general Augusto Pinochet (1973 - 1990). Foi durante o regime de Pinochet que o aborto foi proibido no Chile. Atualmente, o aborto é ilegal até mesmo em casos de estupro ou de risco à saúde da mãe.
Longueira enfrentará, pela oposição, a socialista e ex-presidente Michelle Bachelet. No domingo, Bachelet também comentou o caso. "É preciso descriminalizar o aborto, especialmente em casos ligados a estupro ou risco para a saúde da mãe", disse. Sobre o caso específico de Belén, Bachelet diz que a escolha deve ser da menina. "O problema é que, nesse caso, a gente sempre se pergunta se uma menina de 11 anos tem condições reais de tomar a decisão certa".

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