A civilização atual tem uma cultura de descendentes, onde os esforços são concentrados apenas nos mais jovens e nos que ainda não nasceram
Para um antigo senador romano, o ópio era a vida pública. Para os vikings, a batalha. Nossos antepassados eram viciados em honra e buscavam a virtude e a riqueza. Para nós, as crianças são o ópio.
Costumamos nos solidarizar mais com o desemprego entre os jovens do que com a pobreza dos aposentados, apesar das situações mais perturbadoras ocorrerem nas casas dos idosos.
Espera-se que os idosos contribuam muito mais com doações a ONGs. Presumimos que aqueles com mais de 65 anos devem suportar todo o fardo de apoiar partidos políticos, que ocasionalmente recebem votos dos mais jovens, e manter as igrejas, onde os mais jovens se casam. Nós permitimos muito facilmente que os jovens se eximam das responsabilidades sociais porque “estão muito ocupados com suas vidas”.
Antigas figuras públicas que investiram em suas carreiras agora estão servindo seus filhos. Nossa cultura não é de antepassados, mas sim de descendentes. As crianças devem pensar que nada que um adulto faz é mais importante que os seus desejos. Todas as questões políticas discutidas são voltadas para os interesses da “próxima geração”.
Isso faz lembrar a história de uma mulher que disse a um filósofo que “o mundo repousa sobre uma tartaruga”. Questionada sobre o que sustentava a tartaruga, a mulher respondeu “outras tartarugas”. Nosso foco está em nossas crianças, cujos focos estarão sobre suas próprias crianças. Cada geração é mais importante que a geração anterior.
Essa cultura parece um retrocesso infinito e autodestrutivo. Seria melhor se nosso vício fosse criar outro tipo de civilização. Nossa obrigação não pode se restringir aos mais jovens e aos que ainda não nasceram, mas também às gerações mais antigas e aos que já se foram.
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