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As mulheres estão desbancando os super-heróis e se tornando, aos poucos, protagonistas das histórias em quadrinhos. Novas personagens e artistas brasileiras ajudam a desenhar um cenário inovador no gênero, que dá destaque a reflexões do universo feminino.
Elas desenham o universo feminino
O mundo das histórias em quadrinhos deixou de ser dominado pelos super-heróis, desenhados por artistas homens e, cada vez mais, vêm ganhando protagonistas femininas, criadas por ilustradoras mulheres. Projetos como "Zine XXX", revista colaborativa feminista, e "Mulheres nos Quadrinhos", livro independente com trabalhos de várias artistas, são algumas das iniciativas que trazem a perspectiva feminina aos quadrinhos. Reunimos algumas dessas mulheres que ajudam a desenhar este novo cenário no país.
Magra de ruim, Sirlanney
Inspirada em artistas como Marjane Satrapi, autora de "Persepolis", o trabalho da cearense Sirlanney tem um toque autobiográfico. A artista publica quadrinhos virtuais nos sites Sirlanney, Quadrinhos Insones e Magra de Ruim e seus desenhos traduzem reflexões sobre temas como feminismo, amor, sexo e relacionamentos. Focada no universo feminino, a série "Magra de Ruim" foi transformada em livro recentemente.
Anna Bolenna - A perturbada da corte, de Bi Anca
Fã de Mafalda, a artista mineira Bi Anca desenha o que vê e escuta por aí, sob a perspectiva da personagem que criou, Anna Bolenna - A perturbada da corte. A protagonista dos desenhos é colocada nas mais diversas situações cotidianas e tenta traduzir pensamentos e experiências da própria autora. Bi Anca explora sentimentos que surgem no dia a dia de todo mundo, em especial das mulheres, como saudades e amor.
Didi Helene
A artista paulista Didi Helene, também conhecida como Crocomila, é autora da série "Super Amélia - a vingadora feminista", que publica em sua página, "Um dia ainda viro caturnista". O nome da super-heroína criada é uma brincadeira com a música "Ai que saudades da Amélia", que reforçava a imagem da mulher dona de casa nos anos 1950. A Amélia dos quadrinhos, no entanto, questiona estereótipos de gênero e combate o preconceito contra a mulher. Didi publica seu trabalho em um blog desde 2010 e lançou seu primeiro livro como cartunista em 2012.
Manzanna, de Anna Mancini
A designer e ilustradora mineira Anna Mancini decidiu criar seus próprios quadrinhos em 2013, sob o nome de Manzanna. Publicados em uma página do Facebook, os desenhos são feitos basicamente em preto e branco e traduzem reflexões que a autora faz sobre dilemas da vida. Em 2014, Anna colaborou com o "Zine XXX" e com o livro "Mulheres nos Quadrinhos".
Lira dos 20 anos e meio, de Natany Gomes
A designer e quadrinista paulista é a criadora da série "Lira dos 20 anos e meio", que conta histórias da vida de Lira, uma personagem cuja principal característica são os cabelos escuros e um pouco bagunçados. A autora retrata momentos da infância, da adolescência e da juventude de Lira, desenhando relacionamentos amorosos e sexuais da protagonista. Publicadas desde 2013, as histórias não tem o objetivo de serem autobiográficas, apenas refletir sobre questões na vida de uma mulher.
Inconstantina, de Elisa França
A personagem Inconstantina, criada pela artista paulista Elisa França, traduz em quadrinhos alguns dilemas e dúvidas que se passam nas cabeças das mulheres. Como o próprio nome sugere, seus quadrinhos tentam refletir sobre inconstâncias, mudanças e relacionamentos que constroem a vida. Com seus característicos óculos vermelhos, Inconstatina se vê em situações comuns do cotidiano de quase todas as mulheres.
Dora, de Bianca Pinheiro
A artista carioca Bianca Pinheiro acaba de lançar o livro independente "Dora", uma história com um quê de suspense. Nos quadrinhos, uma mãe conta a um detetive de polícia a história de seu relacionamento com a filha, supostamente acusada de assassinatos. O prólogo do livro está disponível online. Bianca mantém também a série em quadrinhos "Bear", que ela publica todas as terças em seu site.
Marionete, de Mariana Sales
A artista paraibana Mariana Sales publica quadrinhos e colagens sobre o universo feminino em sua página, "Marionete", há dois anos. Seus desenhos refletem sobre a posição da mulher na sociedade e sobre os relacionamentos que se tem pela vida - tudo com um toque bem intimista. Ela também participa de inciativas como o "Zine XXX" e "Mulheres nos Quadrinhos".
Projeto Mulheres, de Carol Rossetti
A ilustradora mineira Carol Rossetti é a autora do Projeto Mulheres, uma série de desenhos que estimulam mulheres de todos os formatos e estilos a se assumirem do jeito que são. As ilustrações exploram temas como estereótipos de beleza, sexualidade e aborto. O trabalho da artista, amplamente divulgado pelas redes sociais, correu o mundo e foi traduzido para 16 línguas.
Coisa de mulher, de Raquel Vitorelo
A designer paulista Raquel Vitorelo criou uma série de ilustrações chamada Coisa de mulher, que reúne feitos históricos de mulheres que marcaram sua época, como Ada Lovelace, mãe da programação, e Maria da Penha, mulher que sobreviveu à violência doméstica e deu nome à lei de proteção no Brasil. O objetivo é mostrar como o público feminino sempre participou de eventos decisivos na história. Outras séries de Raquel também abordam visualmente o universo feminino.
Conheça outras mulheres que trabalham pela cultura
A produtora cultural Jaqueline Fernandes e a videomaker Chaia Dechen criaram o Festival Latinidades para dar visibilidade ao duplo preconceito que a mulher negra sofre, Silvana Scarinci tenta aproximar o estilo de música barroco do grande público, oferecendo espetáculos gratuitos pela Universidade Federal do Paraná e a produtora Mariza Leão é uma das responsáveis pela retomada do cinema brasileiro e pela explosão das séries na televisão do país.
As três são finalistas da categoria Cultura do Prêmio CLAUDIA 2014. Conheça a história dessas e de outras mulheres inspiradoras. As votações para o Prêmio já estão abertas.
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