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sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Vítimas de estupro coletivo são ouvidas durante júri na Paraíba

25/09/2014

Julgamento do mentor do crime começou na tarde desta quinta-feira (25).
Justiça já ouviu depoimento de duas mulheres e do marido de uma delas.

Do G1 PB
Julgamento de Eduardo Pereira do Santos, acusado de ser o mentor do crime que ficou conhecido como a 'Barbárie de Queimadas', começou na tarde desta quinta-feira (25) em João Pessoa  (Foto: Krystine Carneiro/G1)
Julgamento de Eduardo dos Santos Pereira, acusado de ser o mentor do crime que ficou conhecido como a 'Barbárie de Queimadas', começou nesta quinta-feira (25) em João Pessoa (Foto: Krystine Carneiro/G1)
Três vítimas da 'Barbárie de Queimadas' já foram ouvidas pela Justiça nesta quinta-feira (25), no 1º Tribunal do Júri, em João Pessoa. Duas mulheres e o esposo de uma delas, que também estava na casa quando o crime aconteceu, já prestaram depoimento. A primeira mulher encerrou seu depoimento por volta das 18h40 e em seguida foram ouvidos os relatos das outras duas vítimas. A pedido da promotoria, em acordo com a defesa do réu, a imprensa não teve acesso aos depoimentos das vítimas durante o julgamento.


Após um pequeno recesso, foram ouvidos, já durante a noite desta quinta-feira, um homem que teria vendido lacres do tipo 'enforca gato', usados para prender as mãos das vítimas, e um policial militar que estava na equipe que prendeu Eduardo dos Santos Pereira. Na sua fala, o policial militar disse que os outros acusados do crime afirmaram que Eduardo era o mandante.
Ele lembrou ainda que o acusado foi ao velório das duas mulheres assassinadas e foi preso momentos depois, na estrada que liga Campina Grande à cidade pernambucana de Caruaru. Em seguida dois adolescentes, que participaram do crime e já foram sentenciados a cumprir medida socioeducativa, prestaram depoimento. Outro condenado pela participação no crime também depôs como testemunha da defesa.
O julgamento de Eduardo dos Santos Pereira, acusado de ser o mentor do estupro coletivo de cinco mulheres e assassinato de duas delas no Agreste paraibano começou às 14h15 e, mesmo durante a noite, o público ainda lotava a plenária do 1º Tribunal do Júri de João Pessoa, no Fórum Criminal.
Sala onde acontece o julgamento ficou lotada  (Foto: Krystine Carneiro/G1)
Sala onde acontece o julgamento ficou lotada(Foto: Krystine Carneiro/G1)
O julgamento acontece dois anos e sete meses após o crime, que ficou conhecido nacionalmente como a 'Barbárie de Queimadas' e gerou comoção em todo o estado. Uma longa fila se formou com as pessoas tentando ter acesso ao local do julgamento. Próximo ao horário do início do júri, a fila descia pelas escadas do 5º andar até o térreo do prédio.
Por volta do meio-dia já havia estudantes de Direito e outros interessados em acompanhar o julgamento nos corredores do Fórum para garantir um lugar. Familiares e amigos das vítimas também viajaram de Queimadas, a cerca de 150 km de João Pessoa, para a capital com o mesmo objetivo. Uma parte das cadeiras disponíveis no plenário foi reservada para familiares das vítimas.
Um grupo de representantes da Marcha Mundial das Mulheres fez uma mobilização em frente ao Fórum. "Reivindicar por justiça em Queimadas é reivindicar por justiça nos casos de Aryane Thais, que ainda aguarda julgamento de recurso; Rebeca Cristina, que permanece sem culpados; e da Professora Brigida, cujo assassino se encontra foragido", justifica uma representante do movimento, a professora Ana Laura.
Representante da Coordenadoria de Políticas Públicas para a Mulher da Presidência da República, Aline Yamamoto, acompanha o julgamento (Foto: Krystine Carneiro/G1)
Aline Yamamoto, da Coordenadoria de PolíticasPúblicas para Mulher da Presidência da República
acompanha  o caso (Foto: Krystine Carneiro/G1)
A coordenadora geral de Acesso à Justiça da Coordenadoria de Políticas Públicas para a Mulher da Presidência da República, Aline Yamamoto, está em João Pessoa para acompanhar o julgamento.
“A mensagem que esse julgamento passa é que justiça brasileira não tolera violência contra  a mulher”, destaca. Aline disse que “governo federal quer se mostrar ao lado da justiça e do governo estadual e se solidariza com a família”.
Ao todo, quatro homens e três mulheres foram sorteados para compor o júri, sendo que a defesa recusou duas mulheres que haviam sido sorteadas. O advogado de defesa de Eduardo, Ozael da Costa Fernandes, afirmou antes do julgamento começar que seu cliente é inocente e que ele não participou do crime.
Segundo Ozael, Eduardo ficou preso em um dos quartos da casa onde o crime aconteceu e que a esposa dele foi uma das estupradas. O advogado garantiu que uma testemunha vai falar a favor do acusado e provar que ele não tem nada a ver com o crime.
Relembre o caso
O crime aconteceu em fevereiro de 2012 e, no mesmo ano, os outros 9 envolvidos já foram julgados. No dia 12 de fevereiro, cinco mulheres foram estupradas e duas delas - a professora Isabela Pajuçara e a recepcionista Michelle Domingos - foram assassinadas na cidade de Queimadas, no Agreste da Paraíba. Elas estavam em uma festa de aniversário em uma casa com dez homens.

Eduardo foi apresentado no início do julgamento  (Foto: Krystine Carneiro / G1)
Eduardo foi apresentado no início do julgamento (Foto: Krystine Carneiro / G1)
Conforme as investigações da Polícia Civil e a denúncia feita pelo Ministério Público da Paraíba, os estupros foram planejados pelos irmãos Luciano e Eduardo dos Santos Pereira, que teriam chamado amigos para abusar sexualmente das mulheres convidadas para a festa de aniversário de Luciano. Segundo informações contidas no processo, o estupro coletivo seria um “presente” para o aniversariante.
Seis homens - Luciano dos Santos Pereira, Fernando de França Silva Júnior, Jacó Sousa, Luan Barbosa Cassimiro, José Jardel Sousa Araújo e Diego Rêgo Domingues - foram condenados pelos crimes de cárcere privado, formação de quadrilha e estupro e cumprem penas entre 26 a 44 anos de prisão em regime fechado no presídio de Segurança Máxima PB1, em João Pessoa. Três adolescentes também foram julgados e sentenciados a cumprir medidas socioeducativas no Lar do Garoto.

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