Francisco quer que o caso de Josef Wesolowski seja tratado rapidamente
PABLO ORDAZ Roma 23 SEP 2014
O papa Francisco ordenou a prisão domiciliar do ex-arcebispo polonês Jozef Wesolowski, de 66 anos, que foi núncio do Vaticano na República Dominicana entre 2008 e 2013 e é réu em um processo canônico de abusos contra menores. A detenção de Wesolowski, que já havia sido expulso do sacerdócio por causa da gravidade das acusações, foi efetuada pela polícia vaticana “por vontade expressa do papa Francisco”, conforme salientou o chefe do gabinete de imprensa da Santa Sé, padre Federico Lombardi.
Segundo Lombardi, a decisão de Jorge Mario Bergoglio de ordenar a detenção do ex-núncio enquanto o julgamento transcorre “se deve à vontade expressa do papa de que um caso tão grave e delicado seja tratado sem demora, com o direito e o rigor necessários, com total responsabilidade por parte das instituições que fazem parte da Santa Sé”.
Wesolowski foi destituído em agosto de 2013 do cargo de representante diplomático do Vaticano em Santo Domingo, depois que um programa investigativo da TV local denunciou que ele teria pago para manter relações sexuais com menores. Depois do programa, o cardeal dominicano Nicolás de Jesus López Rodríguez informou pessoalmente ao papa Francisco sobre as denúncias e qualificou o assunto como “extremamente grave”. Menos de um ano depois, em junho de 2014, o prelado polonês foi expulso do sacerdócio depois de um processo canônico instruído pela Congregação para a Doutrina da Fé, o antigo Santo Ofício.
O porta-voz do Vaticano informou que a detenção do ex-arcebispo ocorreu depois que o promotor de Justiça do Tribunal de Primeira Instância da Santa Sé intimou Jozef Wesolowski para lhe informar oficialmente sobre a abertura de um processo penal em que ele é réu por supostos crimes de pedofilia. Além dos testemunhos fornecidos pelo programa da TV dominicana, que indicavam a que o ex-núncio teria pago a alguns rapazes que abordou em uma praia, também um ex-colaborador do prelado admitiu às autoridades vaticanas que em várias ocasiões tinha intermediado encontros sexuais de Wesolowski com jovens. O religioso também está sendo investigado pela justiça da Polônia, que, logo após a revelação do escândalo, chegou a pedir sua extradição ao Vaticano – a qual não ocorreu porque, até ser expulso do sacerdócio, gozava de imunidade diplomática. Durante os últimos meses, Wesolowski viveu em um convento de Roma.
Sua detenção deve significar, portanto, a execução prática de um pedido de perdão e da promessa de correção feita em abril pelo papa, num discurso de improviso ao Departamento Católico Internacional da Infância (BICE, na sigla em inglês): “Sinto-me chamado a me encarregar de todo o mal que alguns sacerdotes – muitos, muitos em número, embora não em proporção com a totalidade – e a pedir perdão pelo mal que causaram em decorrência dos abusos sexuais contra crianças. A Igreja está consciente desse dano. É um dano moral e pessoal cometido por eles, mas a Igreja não quer dar um passo atrás no tratamento desse problema e nas punições que devem ser aplicadas. Pelo contrário, acredito que devemos ser muito duros. Com as crianças não se brinca!”
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