The Huffington Post | De Anna Almendrala
Publicado: Um novo estudo afirma que as dinâmicas interpessoais merecem nossa atenção não só porque as amizades fazem bem, mas porque elas cumprem um papel ainda mais importante em nossa saúde, nosso bem-estar e até mesmo em nossa sobrevivência.
Além de pouco apreciadas, as amizades podem ser pouco compreendidas, argumenta o novo estudo, um sumário de toda a literatura já publicada sobre os efeitos da amizade na saúde. O levantamento foi publicado on-line no Personality and Social Psychology Review.
Costumamos pensar em “bons” e “maus” amigos – aquelas pessoas tóxicas, meio-amigos, sanguessugas e amigos que não nos apoiam – como tipos de pessoas diferentes. Mas e se esses chamados “maus” amigos – aqueles que nunca estão presentes na hora em que você mais precisa – forem simplesmente amigos sobrecarregados, ou que estejam sofrendo com seus próprios problemas?
Entender melhor a importância das amizades e os fatores que influenciam nossas interações com os amigos podem nos ajudar a crescer física e mentalmente.
“Sabemos muito pouco sobre a importância das amizades”, diz Brooke Feeney, principal autora do estudo e professora de psicologia social da Universidade Carnegie Mellon, em entrevista ao The Huffington Post. “[No estudo], enfatizamos o papel dos relacionamentos no suporte dos indivíduos – não só a capacidade de ajudar as pessoas a lidar com o estresse e com as adversidades, mas também a capacidade de aprender, crescer, explorar, atingir objetivos e cultivar novos talentos.”
Isso tudo pode parecer intuitivo, mas a quantidade de pesquisas sobre relacionamentos não se compara à importância deles em nossas vidas. Feeney diz, por exemplo, que uma meta-análise de 148 estudos sobre mortalidade realizada em 2010apontou que o risco de morte para uma pessoa que não tenha um círculo social forte é comparável ao de quem fuma 15 cigarros por dia ou toma 6 drinques diários. O estudo foi publicado na revista PloS Medicine.
Cigarros e álcool são considerados fatores de risco, e campanhas sobre os riscos da obesidade e do sedentarismo são frequentes. Mas quase nada se fala da importância da amizade.
Feeney acredita que campanhas de saúde pública sobre amizades e sobre a importância de uma vida social podem ter impacto significativo na saúde da nação. “Nossa esperança é que trabalhos como esse sejam o primeiro passo para intervenções que promovam os relacionamentos como item de saúde pública.”
Juliette Holt-Lunstad, líder do estudo da PloS Medicine, elogia o novo estudo de Feeney. Ela diz que um dos méritos do trabalho é mostrar que os relacionamentos trazem resultados positivos, em vez de simplesmente descrever as coisas ruins que podem acontecer se uma pessoa não tiver uma boa rede de apoio social – essa abordagem negativa é a vertente mais comum nos estudos recentes.
Holt-Lunstad também concorda com a necessidade de campanhas de saúde pública ligadas a relacionamentos, mas com uma ressalva: é preciso realizar mais estudos.
“Os relacionamentos influenciam ligações neurais relacionadas a comportamentos, como dormir mais ou ir ao médico, mas também há ligações fisiológicas estudadas”, disse ela ao The Huffington Post. “Temos uma quantidade razoável de evidências – mas não temos dados para decidir qual é a melhor intervenção. Esse é o maior desafio.”
Em geral, as pessoas procuram as relações primárias – o parceiro, melhor amigo, irmão, irmã, pai ou mãe – para dois tipos críticos de apoio: Apoio de Fonte de Força (SOS, na sigla em inglês), na qual o amigo oferece conforto, proteção e consolo; e Catalista Reacional (RC, na sigla em inglês), o amigo que desafia, incentiva e celebra.
Leia abaixo as dicas de Feeney para ser um bom amigo:
Entenda a perspectiva do amigo. Se você for sensível ao ponto de vista do seu amigo, ele vai se sentir compreendido, reconhecido e bem-cuidado, escreve Feeney.
Certifique-se de que você tem recursos mentais e emocionais (e talvez materiais) para realmente oferecer apoio. Sem esses recursos, até mesmo o melhor dos amigos vai ter dificuldade para ser paciente, não-intrusivo e não-crítico.
Antes de mais nada, aceite a responsabilidade de apoiar um amigo. Você quer ajudar, ou seja, ser amigo dessa pessoa? Sem aceitar a responsabilidade desse papel, você não vai ter a motivação para cuidar dela de verdade, de modo sensível e eficaz.
As pessoas em necessidade devem pedir ajuda em vez de se recolher. E elas precisam expressar suas necessidades claramente. A pessoa que recebe a ajuda também tem um papel ativo a cumprir. É melhor ser direto sobre o tipo de ajuda de que você precisa em vez de esperar que os amigos adivinhem.
Expresse gratidão pela ajuda recebida e retribua o favor quando necessário. Ajudar traz muitos benefícios, especialmente quando a ajuda é útil e apreciada. Quando um amigo te ajudar, agradeça. Quando for a sua vez de cuidar deles, você vai receber a mesma recompensa emocional – ajuda a dar sentido para a vida.
Cuidado para não exigir demais da sua rede de apoio. Se um amigo não te apoia o suficiente, talvez você esteja dependendo demais dele. Isso pode ser um sinal para ampliar seu círculo social e para buscar ajuda em outro lugar.
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