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domingo, 18 de janeiro de 2015

Como reduzir a violência em 50% ao redor do mundo nas próximas três décadas

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ROBERT MUGGAH

Como reduzir a violência em 50% ao redor do mundo nas próximas três décadas. Essa foi a principal mensagem de Robert Muggah, diretor de pesquisa do Instituto Igarapé no TED Global, em outubro de 2014. O vídeo foi lançado nesta quinta-feira, 15, no site do TED neste link. Muggah foi um dos 68 palestrantes selecionados para falar sobre os grandes desafios de nosso tempo. O pesquisador passou as últimas duas décadas trabalhando em cidades arruinadas por conflitos, crimes e terrorismo. "Cidades frágeis", um fenômeno característico do crescimento urbano do século 21, foi o tema explorado pelo canadense.

"Não são somente os países que são afetados pela guerra e criminalidade, mas também nossas cidades, a violência está migrando para as metrópoles", afirma Muggah. Segundo ele, cidades frágeis são locais de rápido crescimento afetados pela violência crônica, onde o contrato social entre as autoridades públicas e os cidadãos se corroeu, e apresentam muita pobreza e desigualdade.

Robert foi eleito um dos mais influentes pensadores sobre a violência em 2013 e é globalmente reconhecido por desenvolver tecnologias capazes de prevenir e reduzir os ciclos de violência em meios urbanos, através de aplicativos e programas que coletam e interpretam dados em larga-escala em mais de 50 países. Segundo o especialista, cerca de 600 cidades são responsáveis por dois terços da produção global, ou seja, a urbanização é um processo totalmente desigual. 

"O século XXI é das cidades. Estamos vivendo um crescimento sem precedentes. Aproximadamente 50% da população mundial (7 bilhões) vive nos grandes centros urbanos. Atualmente, ao menos 500 cidades têm mais de 1 milhão de pessoas - nos anos 50, eram apenas 58; e existem pelo menos 30 megacidades, aquelas com mais de 10 milhões de habitantes - nos anos 70 eram apenas 3", analisa Robert.

O diretor de Pesquisa do Instituto Igarapé apresentou no TED dados inéditos que apontam os quatro riscos que irão prevalecer nas megacidades globais (aquelas com mais de 10 milhões de pessoas):
1. Geografia da violência: ainda que a violência letal esteja declinando drasticamente ao redor do mundo, as taxas de homicídio estão crescendo na América Latina e em partes da África e Oriente Médio.
2. Topografia da violência: crescimento exponencial da população de cidades com baixa renda. 
3. Demografia da violência: expansão massiva de jovens com baixo nível de escolaridade e desempregados nos subúrbios ao redor do mundo.
4. Novas tecnologias: se por um lado expansão da internet e dos smartphones está permitindo novas formas de aplicar as leis, por outro, está dando ainda mais poder ao crime organizado.

A boa notícia é que a tendência de crescimento de cidades frágeis não é inevitável. Muggah ressalta que existem cinco passos que podem e devem ser tomados. Primeiro, incitar os decisores políticos a iniciar uma conversa. Ele argumenta que não podemos ignorar o desafio das cidades frágeis, nos focando apenas nas cidades globais que funcionam. Precisamos mudar a trajetória das cidades vulneráveis que são responsáveis por múltiplos riscos, não apenas um. Ele encoraja os prefeitos a realizarem parcerias com cidades bem-sucedidas afetadas pela violência, esse seria o ponto de partida de um processo de aprendizagem e colaboração para aprender estratégias que funcionam no combate ao crime.

Em segundo lugar, se quisermos reduzir significativamente a violência letal em todo o mundo, Muggah sugere que os planejadores se concentrem em "bairros perigosos" (hot spots) e "indivíduos em risco" (hot people). Em praticamente qualquer cidade, 1-2% dos endereços representam cerca de 100% de violência. Há exemplos em todos os lugares de como o policiamento com base em provas mudou o jogo. Um dos exemplos mais inspiradores é São Paulo, que passou de uma das cidades mais perigosas do Brasil a uma das mais seguras.
Em terceiro lugar, o pesquisador recomenda que os líderes também incidam sobre as pessoas com maior risco de matar e ser morto. Trágica como é, a violência letal é muitas vezes altamente concentrada entre jovens do sexo masculino - muitas vezes desempregados, sem escolaridade e negros. Esta questão é sobre homens e meninos e temos de nos concentrar neles para controlar o problema. "Se nós queremos quebrar o ciclo de violência - como muitas cidades estão fazendo - é preciso investir em meninos e promover a educação, emprego e recreação", acrescenta Muggah. "Mas no longo prazo, precisamos de mais investimento em apoio à primeira infância e a mães jovens em situação de risco social", acrescenta.
Em quarto lugar, os líderes da cidade precisam tornar as cidades mais seguras, inclusivas e habitáveis. Em vez de reproduzir a exclusão, segregação e muros, os planejadores precisam pensar desde o começo na construção inclusiva, planejamento aberto e comunidade coesa. O grande exemplo de como fazer isso vem de Medellín, na Colômbia, que deixou de ser a capital mundial de assassinatos para uma cidade modelo. Seu prefeito fez isso implementando de uma série de medidas, sendo a mais visível a integração dos bairros mais pobres e violentos com o resto da cidade através de uma rede de teleféricos, sistemas de transporte público e infraestrutura de primeira classe.
Finalmente, a fragilidade das cidades pode ser revertida se aproveitando o poder das novas tecnologias. Há exemplos em todos os lugares de como a tecnologia está melhorando a governança e a participação nas cidades. As tecnologias de celular e as análises estratégicas são uma grande promessa. Muggah descreve no vídeo como ele tem trabalhado com programadores talentosos de Monterrey a Nairóbi para encontrar soluções de segurança de crowd-source. Mais e mais pessoas estão usando seus próprios smartphones para mapear áreas de segurança e insegurança. No futuro, as cidades inteligentes serão as cidades mais seguras.

Sobre o TEDGlobal
Uma das conferências mais importantes do planeta, o TEDGlobal atua sob o lema "ideas worth spreading" ("ideias que valem a pena ser compartilhadas"). Em 2014, pela primeira vez, o evento aconteceu na América Latina. O Rio de Janeiro recebeu dezenas de pesquisadores, especialistas e formadores de opinião, que se apresentaram para uma plateia restrita, em tenda montada na Praia de Copacabana. Mas, agora, todos poderão assistir às apresentações, disponíveis em diversos idiomas, que refletem sobre as principais questões da atualidade, como segurança pública, cooperação internacional, tecnologia, sustentabilidade, entre outros.

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