Paulo Lins e Silva lança livro revelador sobre uma instituição que, para muitos, está em declínio: o casamento (Foto: Marcos Arcoverde /Estadão) |
Bruno Astuto
28/01/2015
Com mais de 50 anos dedicados ao direito de família, o advogado Paulo Lins e Silva está lançando o livro O Casamento, Antes, Durante e Depois. Na obra, ele narra a evolução de uma instituição que, para muitos, está em declínio. "As divisões de bens, a tão falada guarda compartilhada dos filhos, o golpe do baú, até chegar aos casamentos homoafetivos de hoje... Está tudo lá", afirma. Paulo diz que, apesar de tudo, o casamento continua valendo a pena. "Minha recomendação hoje é ter uma vida em comum antes de se unir e, claro, seja qual for o modelo de união, que seja logo formalizado".
O que mudou no casamento?
A virgindade hoje não é mais valorizada, ainda bem. Antigamente, ela era como um troféu. Já fiz separações motivadas pela descoberta, na noite de nupcias, de que a mulher não era mais virgem. Era muito comum as mulheres fazerem a himenoplastia, para reconstrução de hímen, para poderem manter esse 'título'. Tive um caso de uma jovem, da alta sociedade carioca, que fez essa cirurgia e, após casar, não conseguiu ter relações com o marido. Resultado: ele anulou o casamento na justiça.
Que casos mais chamaram sua atenção?
Tem de tudo: do casal que após se separar, brigou feio para saber quem ficaria com o pinico de Dom Pedro II comprado em um antiquário do Rio. O homem que ficou noivo durante 20 anos e, após romper, foi processado pela noiva. O caso de um cliente cuja cueca foi apreendida pela polícia, por causa de um flagrante de adultério. Nos anos 60 e 70, era muito comum apreender roupas íntimas como provas. Já fui parar diversas vezes com clientes traídos na delegacia. Isso, detalhe, com os amantes flagrados, enrolados no lençol.
E como estão os avanços no casamento homoafetivo?
Virou uma coisa natural. Na década de 60, cuidei de um caso de dois homens que viveram juntos por 50 anos. Um deles morreu e aí uma sobrinha distante do falecido foi brigar na justiça pelos bens, e ganhou, ou seja, um absurdo. O caso da companheira da Cássia Eller, que numa decisão inédita da justiça brasileira ganhou a guarda do filho da cantora, foi um tremendo passo. As pessoas reclamam, mas tudo evoluiu muito mais rápido do que eu imaginava.
Época
28/01/2015
Com mais de 50 anos dedicados ao direito de família, o advogado Paulo Lins e Silva está lançando o livro O Casamento, Antes, Durante e Depois. Na obra, ele narra a evolução de uma instituição que, para muitos, está em declínio. "As divisões de bens, a tão falada guarda compartilhada dos filhos, o golpe do baú, até chegar aos casamentos homoafetivos de hoje... Está tudo lá", afirma. Paulo diz que, apesar de tudo, o casamento continua valendo a pena. "Minha recomendação hoje é ter uma vida em comum antes de se unir e, claro, seja qual for o modelo de união, que seja logo formalizado".
O que mudou no casamento?
A virgindade hoje não é mais valorizada, ainda bem. Antigamente, ela era como um troféu. Já fiz separações motivadas pela descoberta, na noite de nupcias, de que a mulher não era mais virgem. Era muito comum as mulheres fazerem a himenoplastia, para reconstrução de hímen, para poderem manter esse 'título'. Tive um caso de uma jovem, da alta sociedade carioca, que fez essa cirurgia e, após casar, não conseguiu ter relações com o marido. Resultado: ele anulou o casamento na justiça.
Que casos mais chamaram sua atenção?
Tem de tudo: do casal que após se separar, brigou feio para saber quem ficaria com o pinico de Dom Pedro II comprado em um antiquário do Rio. O homem que ficou noivo durante 20 anos e, após romper, foi processado pela noiva. O caso de um cliente cuja cueca foi apreendida pela polícia, por causa de um flagrante de adultério. Nos anos 60 e 70, era muito comum apreender roupas íntimas como provas. Já fui parar diversas vezes com clientes traídos na delegacia. Isso, detalhe, com os amantes flagrados, enrolados no lençol.
E como estão os avanços no casamento homoafetivo?
Virou uma coisa natural. Na década de 60, cuidei de um caso de dois homens que viveram juntos por 50 anos. Um deles morreu e aí uma sobrinha distante do falecido foi brigar na justiça pelos bens, e ganhou, ou seja, um absurdo. O caso da companheira da Cássia Eller, que numa decisão inédita da justiça brasileira ganhou a guarda do filho da cantora, foi um tremendo passo. As pessoas reclamam, mas tudo evoluiu muito mais rápido do que eu imaginava.
Época
Nenhum comentário:
Postar um comentário