26/07/2015
Movimento quer combater a baixa representação feminina nos legislativos e no governo do Brasil
Movimento quer combater a baixa representação feminina nos legislativos e no governo do Brasil
A diferença nas trajetórias individuais também afeta o surgimento de lideranças femininas, aponta Débora Thomé, cientista política e uma das líderes do ‘Bloco das Mulheres Rodadas’, que desfilou pela primeira vez neste ano no Rio. “Lideranças masculinas nascem no grêmio do colégio, vão para o movimento estudantil, um partido o chama. E a mulher que está ali ao lado dele só escuta para se casar e ter filhos”, pontuou.
Homens podem participar
Segundo Márcia Tiburi, homens são bem-vindos nas reuniões da #partidA, desde que não compartilhem de “machismos e racismos”. “Existem feminismos que desconsideram a participação do homem na construção do movimento, mas nós queremos o diálogo. Iremos tratar da questão do sexo, idade, educação, cidade, governo, saúde, cultura, tudo isso é do nosso debate”, afirmou Tiburi. “A gente não quer mais direitos que os homens, queremos um mesmo patamar”, resumiu Débora Thomé.
O desafio é tirar a discussão da #partidA de um âmbito predominantemente acadêmico para outros segmentos da sociedade. Segundo as lideranças do movimento, cidades do interior têm espontaneamente aderido ao projeto de criação de uma legenda feminista. Mesmo assim, elas ressaltam que para a mulher, no geral, é difícil encontrar tempo hábil para fazer política. “Um monte de gente que está na Baixada Fluminense não pode vir conversar porque está trabalhando, tem filho pra cuidar. As mulheres não têm tempo para fazer política”, disse Tiburi.
Lei dos 30% é descumprida no país
Por lei, as mulheres devem ser pelo menos 30% das candidaturas nos âmbitos municipal, estadual e federal. Estudo feito pela Secretaria da Políticas para as Mulheres, mostrou, porém, que a norma foi desrespeitada na maioria dos estados nas últimas eleições, em 2014. O número bruto de candidaturas aumentou de 2010 para 2014 (de 3.572 para 6.413), mas mesmo assim não se atingiu os 30%.
Com a legislação, partidos não hesitam em colocar mulheres nas chapas apenas para tapar o buraco aberto pela obrigatoriedade dos 30%. Em junho, a Câmara rejeitou a Proposta de Emenda à Constituição que previa a criação de uma cota de 15% para as mulheres em todas as cadeiras parlamentares do país. A ideia inicial era de 30%, mas sem acordo, chegou-se ao número de 15%. Nem assim foi aprovado.
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