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quinta-feira, 28 de setembro de 2017

Como foi ser diagnosticado e como é viver com HIV | Caixa-preta #25

Conversamos com Lucas Raniel para a Caixa Preta, nossa série de vídeos sobre masculinidades

Ismael dos Anjos
21 de Setembro de 2017
Divulgado no final de 2016, o Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde divulgou que 827 mil pessoas vivem com HIV no Brasil.
Esse mesmo estudo evidenciou, ainda, que o número de casos diagnosticados entre os homens ficou ainda mais significativo.
A cada 1 caso entre mulheres, 2,4 homens são diagnosticados como soropositivos — em um estudo anterior, de 2006, a razão era de 1 para 1,2. Nesses mesmos 10 anos, o índice de detecção de os homens que têm entre 20 e 24 anos saltou de 16,2 para 33,1 casos a cada 100 mil habitantes.

Outro dado importante diz respeito a um estigma recorrente ligado ao HIV, que atrela a doença à homossexualidade. De acordo com o Boletim, entre os homens diagnosticados, 50,4% dos casos tiveram exposição homossexual; 36,8% heterossexual e 9,0% bissexual. Ao contrário de muitos de nós, o vírus não discrimina por orientação sexual.
A frieza dos números indica muita coisa, mas não mostra tudo.
Por isso, fiquei especialmente tocado ao assistir a nova edição do Caixa Preta, série de vídeos do PapodeHomem, com o Lucas Raniel.
Aos 25 anos, Lucas é soropositivo há quase quatro.
No vídeo, ele compartilha conosco como se deu a contaminação, como foi receber o diagnóstico e como o HIV (e o preconceito a ele atrelado) abriram as portas para uma outra doença: a depressão.
— “Tá. Vai ficar tudo bem”
Levantei, sai do consultório. No que eu sai do consultório, eu desmoronei. Pisei pra rua e falei: Que que tá acontecendo, eu vou morrer?
Nisso já caí em lágrimas, em prantos e já entrei em contato com minha mãe. Minha mãe já me atendeu aos prantos, perguntando o que que foi, o que tinha acontecido e vi que vinha vindo um caminhão. Vinha vindo um caminhão, muito rápido numa ladeira e eu simplesmente parei no meio da rua, esperando o caminhão vir e minha mãe no telefone. Ele simplesmente buzinou de muito longe, a buzina ecoou e minha mãe escutou a buzina, uma buzina muito frenética. Ela pegou e falou assim:
— “Não faz nada. Não faz nenhuma besteira. Vai ficar tudo bem, calma”.
Eu respirei, dei dois passos para trás, o caminhão passou e com ele passou tudo. Foi uma sensação muita estranha, parece que ele realmente tinha me atropelado naquele momento.
Hoje, Lucas fala abertamente sobre a vida como soropositivo e busca promover a conscientização, afastando alguns mitos e quebrando preconceitos que as pessoas têm sobre a doença.
No caso dele, por exemplo, que toma os remédios de forma regrada, cuida da alimentação e faz atividades físicas, a carga de vírus possui uma quantidade tão baixa que é considerada indetectável. Na prática, isso significa que a chance dele e de outros soropositivos na mesma condição transmitirem o HIV é mínima. De acordo com um estudo realizado com mais de 1.700 casais sorodiscordantes em 2011, a chance de contaminação cai 96% quando a carga de vírus é indetectável.
Essa boa notícia, é claro, não exclui a necessidade de prevenção.
A forma mais simples de evitar infecções sexualmente transmissíveis é a boa e velha camisinha. Mas existem outras alternativas. Responsável por lançar uma excelente matéria de capa sobre o HIV assinada por Nathan Fernandes, a revista Galileu listou sete delas. Reproduzo algumas por aqui:
  • PrEP
É a mais nova medida a ser adotada pelo SUS. Disponível a partir de dezembro, a PrEP funciona como uma pílula anticoncepcional para pessoas que não têm HIV.
  • PEP
É como uma pílula do dia seguinte. Qualquer pessoa que teve uma relação de risco pode começar o tratamento em até 72 horas. Ele dura 28 dias e é 99,5% eficaz.
  • Gel lubrificante
Usar lubrificante garante menos atrito entre as mucosas, ou seja, menos risco de transmissão. Além disso, diminui a possibilidade de a camisinha estourar
Para quem tem dúvidas sobre HIV e Aids, há um outro ótimo vídeo sobre o assunto. Realizado pela Jout Jout em parceria com Gabriel Estrela, ator e YouTuber que também é soropositivo, é quase uma aula pra quebrar alguns dos preconceitos mais recorrentes. Assista.
Quando o assunto é HIV, é preciso ir além de nos cuidar. Também podemos cuidar uns dos outros ao combater a desinformação e o preconceito.

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