As notícias sobre assédio envolvendo motoristas de aplicativos de transporte acabou beneficiando serviços que trabalham exclusivamente com mulheres. Esse é o caso do aplicativo Lady Driver, que só roda só com motoristas mulheres e atende apenas o público feminino – homens não podem chamar o serviço.
O número de viagens realizadas pelo aplicativo Lady Driver triplicou de agosto para setembro. A CEO da plataforma, Gabriela Corrêa, diz que o crescimento está atrelado ao maior conhecimento sobre esse tipo de serviço. “As mulheres se sentem mais seguras quando é outra mulher que está dirigindo”, afirmou.
A escritora Clara Averbuck publicou em seu perfil no Facebook uma denúncia de estupro cometido por um motorista de Uber no fim de agosto. Confira o relato:
A escritora Clara Averbuck publicou em seu perfil no Facebook uma denúncia de estupro cometido por um motorista de Uber no fim de agosto. Confira o relato:
Sobre a denúncia de Clara Averbuck, a Uber reiterou que repudia qualquer tipo de violência contra as mulheres. “O motorista em questão foi banido da plataforma”.
A criadora do Lady Driver disse que também foi vítima de assédio dentro de um táxi. “As mulheres precisam ter mais segurança no transporte. Acho que o nosso aplicativo faz sucesso pelo fato de ser de mulher para mulher”, afirmou Gabriela.
No aplicativo da Lady Driver, o tempo médio de espera por um carro é de 10 minutos. Também é possível solicitar o serviço de transporte para crianças. O serviço conta com cerca de 8.000 motoristas cadastradas.
Entre as maiores empresas de transporte por aplicativo, a 99 é a única que oferece um serviço exclusivo para mulheres. Desde outubro de 2016, as passageiras de São Paulo, Rio de Janeiro e Santos podem fazer uso da plataforma.
A empresa oferece carros com alguns “opcionais”, como são conhecidos os veículos adaptados com ar-condicionado, porta-malas grande, com suporte para transportar bicicletas, cadeirantes e cachorros. Entre eles, também está disponível o botão motorista mulher. “É o segundo opcional mais pedido, transportamos também crianças desacompanhadas. A iniciativa antecede os últimos acontecimentos [de abusos e assédios], mas com esses relatos crescemos quase 150%”, afirmou a gerente de comunicação, Ana Carla Lopes.
A 99 conta com três soluções para garantir a segurança da mulher. Além do opcional motorista mulher, o aplicativo também criou uma central de atendimento que funciona 24 horas por dia, sete dias da semana, para que, em caso de emergência, tanto o motorista quanto o passageiro possam relatar problemas. É possível entrar em contato pelo telefone 0800-888-8999.
A última novidade é o Vamos Juntas de 99?. O projeto criado em março de 2017 oferece treinamento para que os motoristas homens passem a zelar pela segurança das mulheres.
“Queremos convidar as mulheres para serem motoristas. Quanto mais mulheres, mais segurança no trânsito. Todo mundo tem uma tia ou amiga que busca complementação de renda”, disse Ana.
O tempo médio de espera para o opcional de motoristas mulheres é de nove minutos. Atualmente, a plataforma conta com 3.000 mil motoristas cadastradas – a cada corrida a empresa cobra uma taxa de 16,99% das funcionárias.
Segundo Gabriela, o aplicativo Lady Driver fica com 16% do dinheiro da corrida. “Colocamos a menor taxa que podemos pra ajudar a mulher. As pessoas não veem a realidade da motorista, muitas passaram por assédio ou alguma situação de perigo e querem trabalhar em um ambiente mais tranquilo”.
O aplicativo também oferece o “botão favorita”, dessa forma as clientes ou conhecidas podem adicionar uma motorista nas suas preferências e acioná-la sempre que pedirem uma corrida.
Outros aplicativos
Apesar de não possuir uma opção com motoristas mulheres, a Cabify informou que repudia qualquer tipo de violência em relação aos passageiros e motoristas parceiros. “A Cabify realiza um processo rigoroso para o cadastramento de motoristas parceiros, que inclui a verificação de documentos como a certidão de antecedentes criminais atualizada no âmbito estadual e federal, além de realizar conferência presencial de documentos e exame toxicológico”, informou a empresa.
A Uber informou que acredita na importância de combater, coibir e denunciar casos de assédio e violência contra a mulher e trabalha ativamente para melhorar a plataforma.
A empresa afirmou que, em janeiro, investiu 200 milhões de reais em uma central de atendimento 24 horas que reage a toda denúncia de má conduta.
“No que diz respeito à segurança das mulheres contra assédio, a Uber é a única plataforma em que o usuário pode compartilhar com um terceiro os dados da sua viagem e a sua localização, em tempo real, a cada viagem”. A empresa ressaltou que para ter acesso às informações o terceiro não precisa ter o aplicativo instalado no celular.
“A Uber é a única empresa do setor que, de fato, bane motoristas parceiros que não mantiverem, ao longo do tempo, uma média de avaliação boa”, disse a empresa, que ainda enumerou outras medidas de segurança como a checagem de segurança de documentos de aspirantes a motoristas em base de dados de todos os estados do Brasil e a tecnologia para confirmar a identidade do motorista através de uma selfie.
O CEO da Easy no Brasil, Fernando Matias, afirmou que os motoristas passam por um forte processo de cadastramento, que inclui checagem de antecedentes criminais e histórico profissional. A empresa também oferece treinamento para os motoristas sobre comportamento e como prestar um bom serviço aos passageiros.
Motoristas com baixa avaliação podem passar por um processo de reciclagem e em caso de assédio, seja moral ou sexual, são bloqueados do aplicativo.
“Ainda estamos tentando descobrir a melhor forma de garantir a segurança da mulher. Não acreditamos que um filtro específico para motoristas mulheres seja o melhor caminho”, disse Matias.
Isso porque a base de motoristas mulheres na plataforma chega a apenas 2% enquanto as corridas realizadas por mulheres representam de 55% a 60%. “A base de motoristas é muito pequena e impacta no tempo de espera e no serviço prestado, muitas passageiras não conseguiriam a corrida”.
Segundo o CEO, a empresa registrou casos de assédio no começo de 2016 mas conseguiu zerar os números. Ainda segundo ele, garantir a segurança das mulheres também deve ser uma preocupação da prefeitura e demais órgãos públicos. “Não adianta nada a Easy fazer o controle na base e bloquear um taxista acusado de assédio mas a prefeitura não tomar uma decisão e ele continuar a ser taxista”.
A partir desta segunda-feira, a Easy não trabalhará com motoristas particulares, apenas com taxistas.
Motoristas mulheres
Além do Lady Driver e do opcional da 99, há outros aplicativos direcionados para o público feminino. Confira:
Femi Taxi: para Android e iOS, disponível nas cidades de Goiânia, São Paulo, Campinas, Belo Horizonte e Rio de Janeiro.
Venuxx: para Android e iOS, disponível na cidade de São Paulo.
Femini Driver: para Android e iOS, disponível na cidade de Porto Alegre.
Táxi Rosa: para Android e iOS, disponível na cidade do Rio de Janeiro.
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