Série da HBO não tem nenhuma das inseguranças de seus personagens e sabe o que quer
Na HBO sabiam o que tinham nas mãos. A primeira temporada de Insecure, que foi transmitida no segundo semestre do ano passado, serviu para chamar a atenção para a criação de Issa Rae, que também é a protagonista da série. Viram potencial nesta comédia que, através das experiências profissionais, pessoais e sexuais de Issa, sua amiga Molly e seu namorado Lawrence, mostra um mundo muito particular, mas no qual é fácil se ver refletido por sua naturalidade, modernidade e espontaneidade. Para a segunda temporada decidiram aproveitar o impulso do fenômeno Game of Thrones para usar como trampolim. E Insecure soube aproveitar bem. Claro, se não fosse uma grande segunda temporada, não teria servido a ajuda dos dragões.
Issa Rae é uma mulher mais insegura do que parece. Mas quando fica na frente do espelho, desabafa suas frustrações e libera seus desejos ocultos. O reflexo devolve uma pessoa malvada, algo que ela não é na realidade. Na segunda temporada, recém terminada, quer soltar o cabelo e esconder suas hesitações. Os personagens, afro-americanos residentes em Los Angeles e com carreiras profissionais em ascensão, estão cheios de dúvidas que impedem seu avanço. Através deles, a ficção não tem problema em falar sobre raça, estereótipos, racismo, sexo... E sobre as dificuldades de se encontrar e saber o que se quer na vida. Porque Insecure, acima de tudo, fala de temas nos quais a raça não é tão importante. Fala sobre amizade, amor, trabalho. Sobre a vida.
A série não possui nenhuma das incertezas de seus protagonistas e sabe o que quer ser. Cresceu na segunda temporada dando mais profundidade aos personagens, ampliando os temas e mostrando maior ambição narrativa, que se reflete de forma excepcional em um maravilhoso episódio final.
Insecure tem voz própria. Sua segunda temporada a consolidou como importante e uma série que não deve ser menosprezada. Hella wonderful.
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