Grupo protesta contra os últimos casos de feminicídio na região e pede ampliação do atendimento 24 horas para todas as Delegacias de Defesa da Mulher do estado.
28/02/2019
Grupo pede fim da violência contra a mulher durante ato na inauguração do serviço 24 horas da DDM de Campinas (SP) — Foto: Luciano Calafiori/G1 |
Um grupo de 20 mulheres se reuniu na manhã desta quinta-feira (28) em frente à 2ª Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) ao lado da 2ª Seccional, em Campinas (SP), durante a inauguração do serviço de atendimento 24 horas. Elas levavam cartazes e faixas em manifestação contra os últimos casos de feminicídio registrados na cidade e pela ampliação do atendimento 24 horas em todo estado.
Uma das organizadoras e integrante do Comitê de Mulheres pela Democracia, Lourdes Simões, relembrou o caso da comerciante que teve o corpo queimado pelo ex-companheiro na última quarta-feira (27) em Campinas e que morreu durante a madrugada.
Uma das organizadoras e integrante do Comitê de Mulheres pela Democracia, Lourdes Simões, relembrou o caso da comerciante que teve o corpo queimado pelo ex-companheiro na última quarta-feira (27) em Campinas e que morreu durante a madrugada.
"Ontem uma companheira teve o corpo todo queimado e morreu nessa noite, então também é pra denunciar essa questão da violência que só aumenta. Nós queremos fazer memória a essa companheira", ressaltou.
Reivindicação antiga
Ela relembrou, também, outros movimentos criados por mulheres para que o atendimento das Delegacias de Defesa da Mulher fosse ampliado. Lourdes considera a inauguração como uma vitória, mas garante que a luta não acabou.
"Nós vamos continuar vigilantes que esse serviço 24 horas funcione. Pra que tenha profissionais capacitados, atendimento humanizado, para que essas mulheres possam chegar e ser atendidas nas suas necessidades e que a gente possa de fato combater a violência contra a mulher nessa cidade", explica.
"Epidemia"
Lourdes cita ainda os últimos casos de feminicídio na cidade e acredita que o ambiente político atual esteja contribuindo para o aumento na violência contra a mulher. "Os homens se sentem empoderados para matar, humilhar, mutilar as mulheres, então é contra isso que estamos lutando".
De acordo com a organizadora, o ato deve seguir durante a tarde para o Terminal Ouro Verde, onde as integrantes levarão faixas e cartazes e irão trabalhar no sentido de dialogar com a população.
"Nós estamos vivendo uma epidemia de violência no estado e no país, nós não podemos permitir. Num estado que é machista e patriarcal, as primeiras a sofrerem são as mulheres. A violência é uma ferramenta de dominação das mulheres", protesta Lourdes.
Violência contra a mulher na região
Desde o começo de 2019, o G1 noticiou ao menos seis casos de violência contra a mulher na região de Campinas.
Em janeiro, uma mulher de 39 anos foi morta enforcada em Jaguariúna (SP) após ser levada no momento em que entrava no trabalho, em uma padaria. O suspeito foi preso em uma unidade médica de Estiva Gerbi (SP) e responderá por feminicídio.
Ainda no mesmo mês uma adolescente de 13 anos foi morta com um tiro na coxa pelo namorado, em Campinas. O caso foi registrado como feminicídio e o adolescente de 17 anos, que confessou o crime, foi encaminhado para a Vara da Infância e Juventude.
No começo de fevereiro o corpo de Bruna Aparecida Rodrigues, de 30 anos, foi encontrado com uma faca na região do peito em Mogi Mirim (SP). O companheiro, principal suspeito do crime, foi preso no final do mês no litoral de São Paulo.
A região também registrou duas tentativas de feminicídio: uma em Campinas, quando um homem ateou fogo na casa da ex-mulher no bairro Satélite Íris I, e outra em Serra Negra (SP) quando um homem atirou na esposa com uma espingarda.
De acordo com balanço divulgado no começo do ano, o número de feminicídios registrados em todo estado de São Paulo cresceu 26% em 2018.
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