9.mar.2019
O SXSW 2019 teve início no dia 8 de Março, mais conhecido como Dia Internacional da Mulher. Como nos últimos anos, rolou muito conteúdo sobre igualdade de gênero no primeiro dia de evento, que foi no que foquei em homenagem à temática do dia.
Após um dia inteira mergulhada neste tema, porém, concluí o que todos já sabem: estamos ainda muito longe disso se tornar uma realidade. E não é só no nosso país; mesmo na Suécia, retratada na matéria publicada ontem no NY Times como o melhor país para ser mulher e onde a população feminina tem a maior participação na força de trabalho no mundo, apenas 6% das posições C-Level das empresas de capital aberto do país são ocupadas por elas.
Após um dia inteira mergulhada neste tema, porém, concluí o que todos já sabem: estamos ainda muito longe disso se tornar uma realidade. E não é só no nosso país; mesmo na Suécia, retratada na matéria publicada ontem no NY Times como o melhor país para ser mulher e onde a população feminina tem a maior participação na força de trabalho no mundo, apenas 6% das posições C-Level das empresas de capital aberto do país são ocupadas por elas.
Olhando sob uma perspectiva mais abrangente em sua palestra “The Economic Case for Gender Equality”, Alexander de Croo, primeiro-ministro da Bélgica, aponta que apesar das mulheres serem maioria demograficamente, apenas 45% delas são economicamente ativas no mundo. Quando olhamos para as mulheres inseridas no mercado de trabalho, a disparidade salarial ainda é uma triste realidade: em alguns países, as mulheres chegam a ganhar 30% menos que os homens para exercer a mesma função, com a média salarial da população feminina também sendo inferior no geral, chegando a um gap de 20% – o que mostra que homens ocupam a maior parte dos cargos mais bem remunerados.
O primeiro ministro ainda trouxe dados que mostram que, após ter filhos, a tendência é que o homem passe a trabalhar mais horas e a mulher menos. Ele conta também que 80% dos empregos de meio período são ocupados por mulheres, mostrando como essas situações contribuem para que, em média, a cada filho, o gap entre o salário do homem e da mulher aumente 7%. Tudo isso reforçado por políticas de licença parental desiguais, em que a criação dos filhos é atribuída com maior peso à mulher, enquanto a responsabilidade de prover economicamente é atribuída ao homem.
Ao mesmo tempo, estudos revelam que a mulher reinveste 90% da sua renda na família em média, ao passo que os homens reinvestem apenas 60%. Não precisamos ir muito longe para entender o potencial de uma população feminina mais ativa economicamente e seu impacto positivo nas futuras gerações. Se mulheres prosperam, a sociedade prospera. Ainda nos perguntamos, porém, por que não estamos fazendo o máximo possível que isso aconteça?
Diversos palestrantes trouxeram como tema o papel do homem nesse processo. Kendra Scott – CEO da joalheria de mesmo nome e nomeada pela Ernst & Young como empreendedora do ano em 2017 – falou sobre uma pesquisa encomendada pelo LeanIn.Org e o Survey Monkey que mostrou que 50% dos homens em posições de liderança entrevistados não se sentem confortáveis em fazer mentoria de mulheres – e o quanto isso impacta o desenvolvimento profissional e dificulta ainda mais o acesso delas a cargos de gestão.
O exercício dos palestrantes para os poucos homens presentes nos painéis sobre o tema foi falar não apenas da importância de sua atuação para alcançarmos a igualdade de gênero, mas também os benefícios que uma sociedade igualitária traz a todos.
Em depoimento pessoal, de Croo comenta o quanto espera que, com a transformação dos papéis de gênero, os homens possam se libertar de estereótipos prejudiciais de masculinidade e alcançar uma vida com mais equilíbrio entre trabalho e tempo para a família, além de mais atenção para saúde mental e espaço para escolhas.
Ao fim do dia tive a certeza do quão essencial é trazermos os homens para a conversa sobre feminismo. Como disse Karen Alston – CEO da Spectrum Circle, startup voltada a soluções para gap salarial de gênero – “We’re here and we’re f*cking angry!”, mas é urgente que a parcela masculina na sociedade tenha espaço para debater, entender e, por fim, atuar em prol do feminismo e da igualdade.
A verdade é que, sem eles, não conseguiremos. Mas que, se eles não o fizerem por nós, que o façam por eles mesmos.
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