Resultados preliminares de pesquisa indicam a necessidade de transformação da cultura e das práticas nas companhias brasileiras
Em encontro na Fundação Getúlio Vargas, em São Paulo, a Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República (SPM-PR) discutiu os avanços e desafios da presença de mulheres em cargos de alto escalão de companhias brasileiras. A secretária de Políticas do Trabalho e Autonomia Econômica das Mulheres, da SPM, Tatau Godinho, participou do encontro, que reuniu executivos de empresas, representantes do governo federal e acadêmicos da área.
Na ocasião, foram apresentados os resultados preliminares da pesquisa “Participação de mulheres em cargos de alta administração: relações sociais de gênero, direito e governança corporativa”, realizada pelo Grupo de Pesquisas em Direito e Gênero da Escola de Direito de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (FGV/GPDP), em parceria com a Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP).
Coordenada por Lígia Pinto Sica, do Centro de Pesquisa Jurídica Aplicada da FGV, e pelos professores Alexandre Di Miceli, Angela Donaggio e Luciana Ramos, a pesquisa investigou a participação de mulheres em funções de direção e administração de empresas no Brasil. Foi analisado um total de 73.901 cargos de alta administração de 837 companhias, referentes ao período de 1997 a 2012. De acordo com os resultados iniciais da investigação, a presença de mulheres nessas funções se manteve estagnada nos últimos dez anos. Segundo os dados obtidos, as mulheres ocupam apenas 6% nos assentos de conselhos de administração e 7,5% nas diretorias de empresas brasileiras.
Para Tatau Godinho, estes resultados dão fundamento às reivindicações das mulheres e ajudam a esclarecer pontos nebulosos. “Muitas vezes, a justificativa dada pela não presença de mulheres em altos cargos de direção as empresas é por não terem capacitação para tanto. Entretanto, essa explicação contrasta com dados da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), que mostram, por exemplo, as mulheres tendo, em média, um ano e três meses a mais de estudos do que os homens. Portanto, não é a necessidade de formação que impede as mulheres de atingirem esses postos”, conclui.
Pró-equidade de Gênero e Raça - Para reverter este quadro de desigualdade, Tatau acredita que é necessário transformar a cultura e as práticas das organizações. Nesse sentido, durante o encontro na FGV, no dia 16 de setembro, a secretária nacional da SPM apresentou o programa Pró-equidade de Gênero e Raça, uma das políticas públicas executadas pelo governo federal que objetiva promover a igualdade entre mulheres e homens no ambiente de trabalho. O programa certifica, com o selo “Pró-Equidade de Gênero e Raça”, organizações públicas e privadas que adotam práticas promotoras da igualdade de gênero e racial.
No dia 13 de setembro, Tatau Godinho e Linda Goulart, chefe de gabinete da ministra Eleonora Menicucci, da SPM, apresentaram o Pró-equidade na Fundação Dom Cabral, escola de negócios de Belo Horizonte. “Queremos mostrar que a igualdade de gênero e raça é benéfica para a organização e apresentar os caminhos para torná-la realidade”, afirma Tatau. Destacou que o programa está com inscrições abertas até 30 de setembro. Podem participar empresas e instituições privadas e públicas, que possuam, no mínimo, 150 trabalhadoras e trabalhadores. As inscrições devem ser feitas pelo e-mail proequidade@spm.gov.br.
O Pró-equidade de Gênero e Raça é Coordenado pela SPM-PR, com apoio da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR), da ONU Mulheres – Entidade das Nações Unidas para Igualdade de Gênero e o Empoderamento das Mulheres e da Organização Internacional do Trabalho (OIT).
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