Francisco defende tratar ensinamentos morais em um contexto mais amplo. Em entrevista, ele diz que a Igreja deve ser uma "casa de todos" e não uma "capelinha" centrada na doutrina e ortodoxia
REDAÇÃO ÉPOCA, COM AGÊNCIA EFE
Papa acena para a multidão antes do discurso semanal na Praça de São Pedro, no Vaticano (Foto: Riccardo De Luca/AP) |
Francisco disse que "é preciso ter sempre em conta a pessoa" e acrescentou: "Deus acompanha as pessoas e é nosso dever acompanhá-las a partir de sua condição", mas o que deve ser feito com "com misericórdia". "Uma vez uma pessoa, para me provocar perguntou se eu aprovava a homossexualidade. Então respondi com outra pergunta 'Diga-me, Deus quando olha uma pessoa homossexual aprova sua existência com afeto ou a rejeita e a condena?'".
O papa criticou a obsessão da Igreja com o casamento gay, o aborto e a contracepção. Mudando o tom da pregação tradicionalmente feita pelos religiosos, Francisco disse que a Igreja deve ser uma "casa de todos" e não uma "capelinha" focada na doutrina e ortodoxia. "Não podemos reduzir o seio da Igreja universal a um ninho protetor de nossa mediocridade". "Não é preciso falar sobre esses temas o tempo todo", disse em entrevista.
"Os ensinamentos dogmáticos e morais da Igreja não são todos equivalentes. O ministério pastoral da Igreja não pode ser obcecado com a transmissão de uma multiplicidade incoerente de doutrinas a serem impostas insistentemente", afirmou. Ele defendeu um novo equilíbrio, para que a o edifício moral da Igreja não caia como uma casa de cartas, "perdendo o frescor e o aroma do evangelho". O papa diz que os ensinamentos sobre casamento gay e aborto são claros para ele, mas devem ser tratados em um contexto mais amplo. "A proclamação do amor salvador de Deus vem antes de imperativos morais e religiosos."
E, em um tom humilde e simples, o papa se definiu como um pecador: "Sou um pecador em quem Deus pôs os olhos".
Papel das mulheres
O pontífice também se referiu ao papel da mulher na Igreja, dizendo considerar preciso ampliar os espaços da presença feminina. "É necessário ampliar os espaços para uma presença feminina mais incisiva na Igreja, temo a solução do 'machismo com saias' porque a mulher tem uma estrutura diferente do homem, mas os discursos que ouço sobre a mulher frequentemente se inspiram em uma ideologia machista".
"As mulheres estão formulando questões profundas que devemos enfrentar. A Igreja não pode ser ela mesma sem a mulher e o papel que desempenha. A mulher é indispensável", disse em entrevista.
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