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domingo, 22 de setembro de 2013

Responda rápido, sem pensar: você é inseguro?

Por Mônica El Bayeh

Responda rápido, sem pensar: você é inseguro? Baqueou com a pergunta, né? Ficou em dúvida se confirmava ou não? Pensou no que eu iria pensar? No que os outros iriam responder? Sentiu o coração bater mais rápido nos segundos inertes antes da resposta decisiva? Claro que você é inseguro!
Os muito inseguros se sentem presos, fazem mal a si mesmos e aos outros em volta (Foto: Randy Scholten)
Fique tranquilo. Somos todos inseguros. Uns mais, outros menos. Uns sempre, outros eventualmente. Uns em uns assuntos, outros em outros. Ninguém escapa. Não há invictos nesse quesito.
Tem gente que consegue disfarçar. O sujeito se rasga por dentro. Por fora, uma pedra de gelo. Floral, terapias várias, yoga ou o bom e velho rivotril, cada um faz o que pode. A insegurança faz parte do ser humano. É o medo de perder, de falhar, de não ser bom o suficiente. Quem nunca? Não tem como não sentir vulnerável em algum momento da vida.
A insegurança é como aquelas fumaças de desenho animado. Ela vem se esgueirando, dançando pelo ar. Uma cobra sinuosa, sem barulho, sem alarde. Quando se percebe, está instalada, pronta para o bote. Aliás, insegurança e cobra têm tudo a ver. Se esgueiram, ficam à espreita da vítima. Mordem e injetam o veneno. Fatal? Nem sempre. Mas o estrago costuma ser grande.
Insegurança é gaiola pequena. Deforma as asas, dá medo de voar. Impossibilitado de alçar novas aventuras, a tendência é se algemar ao outro. Garantir que fiquem todos juntos grudadinhos e seguros.
Inseguros têm fantasias horríveis. Vivem os piores pesadelos tanto dormindo quanto acordados. Nessas circunstâncias, qualquer fio de cabelo vira peruca. Você é infectado como num filme de zumbis. E sai enlouquecido pronto a fazer novas vítimas. Inseguros querem sangue, querem se vingar pelo que ainda nem aconteceu. E nem aconteceria se eles não fossem tão chatos. Se não fossemos todos tão chatos.
Inseguros perturbam. Em seus medos se imaginam sendo abandonados, traídos, trocados. Nem sempre com base em dados reais. São imprensados no medo de não serem nunca bons o suficiente. Já que não são bons, como serão amados?
Essa é a dolorosa questão que margeia as crises, muitas bem longas. A visão fica turva pelo medo e pela dor de se perceber abandonado. Não importa se é real. Ela sente como se fosse fica atordoada de dor.
Quem é esse outro abandonador? Nós todos! O namorado, o marido, os filhos, os amigos. Qualquer um que tenha alguma importância. Durma com um barulho desses... 
Falo de coisas simples como o coitado do filho que marcou de sair com os amigos. Não quer ir ao aniversário da tia porque a turma vai toda junto à outra festa. Ou que precisa voltar para a casa da mãe, porque pela escala é o dia dele ficar com ela. Mas gostaria de ficar mais um dia na casa do pai porque vai ter uma festa do pijama animadíssima.
Para um inseguro esses pedidos são a confirmação da falta de amor do outro. É quase a morte. Para um adolescente proibido de se divertir também. Eis o impasse.
Suderj informa: Inseguros fazem mal à saúde. À própria e a dos que estão em volta. Porque serão todos bombardeados com frases tipo:
- Você não me ama mais. Logo eu que me sacrifico tanto por você.
- Você não dá valor à sua família? 
- Vai, então! Vai logo embora! Faz a mala e muda para lá de uma vez!
Reconheceu alguma? Todos usamos, ou pensamos, em alguma dessas de vez em quando. Uns inseguros menos graves pensam. Mas calam e deixam ir. Conseguem preservar a empatia pelo outro. Têm a generosidade de perceber que não vale ficar do lado sem estar feliz. E generosidade numa relação de pessoas que se amam é fundamental.
Da mesma forma que com as cobras, insegurança também tem soro antiofídico de nome específico: Eu te amo!
Eu te amo vem sendo usado com excelentes resultados. Acalma os sintomas da insegurança. Não costuma apresentar efeitos secundários, nem reações adversas. O diagnóstico precisa ser rápido. Insegurança evolui em poucos segundos. Causa perda de controle emocional e motor. É preciso agir antes que a situação se agrave e cronifique definitivamente.
Eu te amo deve ser aplicado olhando nos olhos da pessoa infectada. Faça contato visual. Junte toda calma que te sobrou. Se não tiver sobrado, finja! Vá repetindo:
- Não fique assim, eu te amo. Não faça isso...
Repita várias vezes até notar que a situação está voltando a ficar sob controle. Se conseguir, dê uns beijinhos também.
Pessoas infectadas com insegurança tendem a contaminar seus parceiros e familiares com culpa. Culpa por quererem sair, se divertir, progredir. Culpa pela felicidade em geral.
Felicidade alheia é sentida como grande perigo pelos inseguros. Sucesso e independência também.
Não brigue. Não entre em disputa. Besteira. Pode agravar o quadro e ainda gerar desconforto generalizado. Aceite a culpa como presente. O significado da cena toda é que essa pessoa te ama e tem medo de te perder. Entenda a mensagem.
Cuidado! Esse presente é de grego. Você recebeu. Mas não é seu. Nem desembrulhe. Jogue a culpa fora, no primeiro lixo que encontrar. Siga leve e vá sim ser bem feliz.

perfil Mônica El Bayeh - blog da Ruth (Foto: ÉPOCA)


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