Contribua com o SOS Ação Mulher e Família na prevenção e no enfrentamento da violência doméstica e intrafamiliar

Banco Santander (033)

Agência 0632 / Conta Corrente 13000863-4

CNPJ 54.153.846/0001-90

sábado, 28 de setembro de 2013

Região do Cáucaso registra aumento de aborto seletivo

A preferência por filhos, que havia sido suprimida, está voltando de forma preocupante
article image
As proporções de gêneros no Cáucaso são especialmente
 distorcidas nos casos em que uma segunda ou terceira criança nascem
A prática de abortar fetos femininos acontece com mais frequência na China e em outros países asiáticos, embora também ocorra com frequência no Cáucaso, região que divide a Ásia e a Europa, próxima ao mar Negro. Dois novos estudos investigam o porquê – e sugerem que a prática pode vir a se disseminar.

Se a natureza seguir o seu curso, 105 garotos nascem para cada 100 meninas. Os garotos são mais vulneráveis a doenças infantis, então uma leve preponderância deles nas taxas de nascimento garante que os números estejam equilibrados na puberdade. Mas na Armênia e no Azerbaijão mais de 115 garotos nascem para cada 100 garotas, e na Geórgia a proporção é de 120 para 100. Estas distorções são maiores que a da Índia. Em todos os três países os números aumentaram acentuadamente desde 1991. Em 2010, afirma Marc Michael do campus de Abu Dhabi da Universidade de Nova York, o número de garotas nascidas foi 10% menor do que teria sido caso não houvesse interferência. Essa discrepância só é menor do que a da China.

As proporções de gêneros no Cáucaso são especialmente distorcidas nos casos em que uma segunda ou terceira criança nascem. Na Armênia, entre primogênitos, há 138 meninos para cada 100 meninas. Caso a primeira criança seja um garoto, a seguinte tem mais probabilidade de ser uma menina que um menino (isto é, seleção sexual reversa). Mas caso a primeira criança seja uma menina, a preferência por filhos dispara. Quando a primeira criança é uma menina, 61% das segundas crianças são garotos. Os pais armênios parecem planejar não apenas o tamanho da família, mas também a sua composição.

Como em outros lugares, máquinas de ultrassom baratas, as quais podem detectar o sexo de um feto, fizeram uma diferença. Antes do colapso da União Soviética, tais máquinas eram raras porque suas peças eram aproveitadas para uso militar e exportações ocidentais eram proibidas. No entanto tais máquinas também se tornaram mais comuns na Ucrânia e outros países vizinhos onde as proporções de gênero permaneceram estáveis.

O que explica a excepcionalidade caucasiana? A resposta, sugerem os autores, pode ser política: uma preferência por filhos poderia ser forte porque todos os três países têm “conflitos frios”, os quais “podem ter um efeito de reduzir o poder da barganha das mulheres, de tal modo que a preferência dos homens por filhos determina o planejamento familiar”. Caso seja verdade, isso seria um grande retrocesso. Na década de 70 a União Soviética se gabava do fato de que suas mulheres tinham mais direito que suas irmãs de outros lugares e que o estado soviético suprimia a discriminação religiosa contra mulheres. A preferência por filhos caucasiana sugere que valores tradicionais estão retornando.

Nenhum comentário:

Postar um comentário