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sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Paquistanesa Malala recebe Prêmio Sakharov de direitos humanos

Na luta pelo direito à educação no Paquistão, a estudante foi vítima de atentado por talibãs, sobreviveu e acaba de lançar sua autobiografia. Cotada para o Nobel da Paz, ela continua a ser ameaçada pelos radicais.

Imediatamente após o lançamento de sua autobiografia, a paquistanesa Malala Yousafzai foi laureada pelo Parlamento Europeu com o Prêmio Sakharov para a Liberdade de Pensamento. O anúncio foi feito nesta quinta-feira (10/10) pelo presidente do órgão, Martin Schulz, que louvou a colegial de 16 anos como "uma pessoa de coragem exemplar, num país onde meninas são alvo de atiradores".
A distinção, que recebe o nome do dissidente russo e Prêmio Nobel da Paz Andrei Sakharov, é concedida desde 1988 para homenagear pessoas ou organizações que dedicaram ou dediquem a vida à defesa dos direitos humanos e das liberdades civis.
Alvo dos talibãs
O titulo do livro é bastante singelo: I am Malala – "Eu sou Malala". Subtítulo: "A menina que os talibãs queriam matar por lutar pelo direito à educação". Na capa, o retrato da adolescente de olhar sério e lenço na cabeça. A autobiografia de Malala foi lançada exatamente um ano após ela ter sido atacada e ferida gravemente pelos radicais islâmicos, em seu país, o Paquistão.
Em 9 de outubro de 2012, Malala voltava da escola para casa com amigas. Em sua terra natal, o Vale do Swat, ela era uma pessoa conhecida – e mal vista pelo Talibã. Filha de um professor, lutava abertamente para que meninas também pudessem frequentar a escola, contrariando as ordens dos fundamentalistas. Essa meta, ela também divulgara num blog para a emissora britânica BBC.
Naquela terça-feira, os militantes talibãs invadiram o ônibus da escola, perguntaram "Quem é Malala?" e dispararam um tiro contra a cabeça da adolescente. Sua situação parecia grave: após uma operação de emergência, ela foi transportada de avião para a Inglaterra onde, durante os meses seguintes, lutou para sobreviver ao atentado. Ela vive no país até hoje, juntamente com a família.
Despertar como ícone
Malala e familiares no hospital em Birmingham
"Graças a Deus, não estou morta", foi seu primeiro pensamento ao despertar do coma num hospital em Birmingham, quase uma semana após o ataque, revela a jovem autora em seu livro. E prossegue: "Mas eu não tinha nenhum mau pensamento para o homem que atirou em mim. Eu não queria vingança."
Seu restabelecimento foi seguido de perto pela mídia. O destino transformou Malala em ícone, em figura simbólica na luta contra a repressão de meninas e mulheres. E logo ficou claro que o Talibã fracassara em seu intento de fazê-la calar. A jovem paquistanesa retoma a palavra, destemida, e agora a partir de um palco muito maior do que antes.
Também na autobiografia, ela resume seu principal desejo: "Quero que todos saibam: não peço ajuda para mim mesma. Só desejo apoio para a minha causa: paz e educação".
Após atentado, muitos foram às ruas rezar pela ativista paquistanesa
No dia de seu aniversário, em 16 de julho de 2013, Malala falou à Assembleia Jovem da ONU em Nova York, onde foi aplaudida de pé. Ela foi convidada pela rainha da Inglaterra. E por seu engajamento incansável, tem sido celebrada no Ocidente e laureada com numerosos prêmios, entre os quais o Sakharov e o Prêmio Internacional da Paz da Infância. Além disso, foi nomeada Embaixadora da Consciência, pela ONG Anistia Internacional; e é cotada para o Prêmio Nobel da Paz, cujo vencedor será divulgado nesta sexta-feira.
Admiração, mas também ressentimento
"Se ela receber essa honra, é quase como se todas nós tivéssemos ganhado o prêmio", comenta a estudante Gul Panrha, do Vale do Swat. Fazal Khaliq, professor da antiga escola de Malala Yousafzai, concorda, extremamente orgulhoso pela ex-aluna.
"Através do que sofreu, ela fez um bem para nossa terra. Antes, o nome do Vale do Swat era associado ao terrorismo", agora, graças a ela, todos no mundo sabem que também há, na região, gente pacífica e com sede de saber. explica em entrevista à DW.
No entanto, no Paquistão a jovem ativista não tem apenas adeptos – pelo contrário. Britta Petersen, diretora da Fundação Heinrich Böll na capital paquistanesa Islamabad, relata à DW: "Depois do atentado e da saída dela do país, e em especial após o discurso nas Nações Unidas, houve aqui no país uma campanha francamente nojenta contra ela".
Há meses Petersen vem observando as diferentes formas como a população interpreta o empenho e dedicação da adolescente. O tema tem grande carga emocional. "Acusam o pai de Malala de instrumentalizar a própria filha. Ele é insultado de proxeneta, e ela de 'prostituta do Ocidente'."
Malala recebe prêmio Ana Politkovskaya da 
organização de direitos humanos RAW in War
Planos de retornar
Por ocasião do lançamento de sua autobiografia, Malala Yousafzai concedeu uma entrevista à TV BBC, onde defendeu que haja um diálogo com o Talibã. Este seria "o melhor meio de resolver problemas e lutar contra a guerra". Além disso, ela expressou o desejo de retornar o mais breve possível para o Paquistão, a fim de se dedicar à atividade política em seu país.
Britta Petersen, no entretanto, considera a intenção pouco realista. "No momento, um dos motivos por que Malala está vivendo na Inglaterra é porque, a rigor, [o Paquistão] é perigoso demais para ela. Assim, na opinião da diretora da fundação alemã, são "antes reduzidas" as chances de que Malala realize o sonho de poder retornar e influenciar, de fato, o futuro do Paquistão.
Logo após o anúncio do Prêmio Sakharov, o Talibã paquistanês afirmou que Malala não fez “nada” para merecer a honraria e se comprometeu a voltar a tentar matá-la.

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