Adital
Os números da violência mostram o quanto é perigoso ser jovem e negro no Brasil. Segundo uma pesquisa divulgada pelo Observatório, somente no Rio de Janeiro, foram registrados no ano passado 1.418 homicídios de pessoas entre 15 e 29 anos. Desses homicídios, 1.078 foram de jovens negros. Além disso, também preocupa os homicídios decorrentes de ações do Estado, em 2012 foram mortas 416 pessoas em ações da polícia, desses 298 eram pessoas negras e 125 eram jovens.
A questão levantada pela campanha Juventude Marcada para Viver é que, mesmo com um perfil tão definido, as respostas de políticas públicas no desenvolvimento de ações para o público de jovens, negros e do sexo masculino, têm sido quase nulas.
Outro grande problema, segundo o Observatório de Favelas, é a naturalização de tanta desigualdade. Apesar de ser gritante a diferença, onde ser negro é ter três vezes mais chances de ser assassinado, isso não parece preocupar muito a população, que acha que eliminar é a melhor forma de combater a criminalização. Esse tipo de pensamento abre precedente para ações policiais desastrosas como a ocorrida na Favela da Maré, no mês de junho deste ano, que resultou na morte de 10 pessoas, nove moradores e um policial. Esse tipo de operação, marcada pela lógica do confronto, colocou em evidência um tipo de ação policial recorrente nas favelas cariocas, que tem como principais vítimas os jovens negros, que são maioria nesses locais.
Tendo essa situação em vista, a campanha da Espocc, além de estratégias voltadas para as redes sociais da Internet, tem como meta a coleta de assinaturas em favor do compromisso público do governo estadual do Rio com um protocolo normativo da ação policial. O documento propõe medidas de caráter emergencial, como: a introdução de conteúdos sobre relações raciais e geracionais na formação de agentes; priorização de ações de inteligência e de controle do uso de armas e munições; obrigatoriedade da identificação dos policiais em qualquer ação e o uso de mandados judiciais individuais para entrada em casas; regulação ou, no limite, a proibição do uso de equipamentos, armas e munições que provoquem risco injustificado; e proibição do uso de armas de fogo a partir de helicópteros policiais.
O protocolo também visa responsabilizar diretamente o Governo do Estado por ações policais como a ocorrida na Favela da Maré.
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