Para a médica e alpinista Karina Oliani, ter metas dá sabor à vida. Ela já conquistou o topo do Everest, mas quer mais.
Mariana Conte
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"Me agrada o fato de ser uma competição comigo mesma, com meus limites", conta Karina. Foto: Acervo pessoal |
A médica e esportista Karina Oliani, 31 anos, acredita que a busca por desafios - e todo o processo de arquitetar meios para alcançar cada objetivo - nos faz crescer. "É aquela coisa de que mar calmo não faz bom marinheiro. As situações difíceis permitem aflorar o melhor do ser humano." Verdade, ainda que nossas metas não sejam tão grandiosas quanto escalar até o topo o Everest, a montanha mais alta do planeta - algo que Karina conseguiu em maio deste ano, destacando-se como a mais jovem brasileira a realizar a façanha. Mas ela quer mais: pretende colocar os pés no pico da montanha mais alta de cada um dos sete continentes - grupo que os iniciados chamam de "the seven summits", ou os sete cumes. Já conquistou quatro deles e espera ser a primeira mulher brasileira a completar o feito.
O montanhismo surgiu na vida de Karina por volta dos 20 anos, e ela se apaixonou pelo esporte justamente porque oferece mais e mais desafios. "Sempre haverá uma nova montanha ou uma parede que ninguém conseguiu escalar", diz. "Além disso, me agrada o fato de ser uma competição comigo mesma, com meus limites, não com os de outra pessoa." Quando se formou, em 2007, Karina não queria fazer residência em uma área comum e acabou se especializando em medicina de resgate em regiões remotas. Em 2010, recebeu o convite de uma equipe de montanhistas americanos para atuar como médica no acampamento-base da expedição ao Himalaia, cordilheira onde se localiza o Everest. Ali conheceu Richard Bass, ou Dick, que foi o primeiro alpinista a alcançar os sete cumes, em 1985. Ouviu histórias incríveis da aventura e ganhou um exemplar do livro escrito por Dick. A obra trazia uma dedicatória dizendo que havia sido uma honra conhecê-la e desejando que ela fosse a primeira mulher de seu país a cumprir a mesma árdua tarefa. Quando leu, Karina começou, instantaneamente, a sonhar em ter a oportunidade de viver aquilo também.
Em cada viagem que faz, ela procura ajudar alguém. Na expedição ao Everest, foi acompanhada de Pemba, habitante local que conheceu em 2010. Nas conversas de acampamento, descobriu que as mulheres do lugar onde ele mora tinham de percorrer diariamente mais de 2 quilômetros para conseguir água, muitas vezes congelada. Na volta, Karina pegou dinheiro do próprio bolso e ainda arrecadou mais com a família dela para financiar um projeto de encanamento de água na vila do novo amigo. "Sinto que realmente cumpri a missão quando faço diferença na vida de outras pessoas, quando contribuo com algo para o mundo, e não só para minha realização pessoal."
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