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Começou a circular na Internet uma petição pública ao Papa Francisco, criada pelo Coletivo Mulher e Saúde, da República Dominicana, para que o pontífice autorize a extradição do ex-núncio apostólico Josef Wesolowski ao país. O pedido é para ele seja julgado por um tribunal civil de acordo com as leis dominicanas, por ter abusado, durante anos, de crianças e jovens dominicanos.
A denúncia já teria sido confirmada pelo cardeal López Rodríguez, que declarou ter conhecimento e que tinha informado ao Vaticano sobre seus crimes, quando soube que os meios de comunicação tornariam públicas as ações delitivas em que Wesolowski estava implicado. Ele é polonês e, desde 2008, era núncio apostólico na República Dominicana. Até a tarde desta quarta-feira, 20 de novembro, a petição contava com quase 1.100 assinaturas.
O Coletivo considera inaceitável a impunidade que caracteriza esse tipo de caso, tendo em vista a atribuição exclusiva da investigação e julgamento aos tribunais eclesiais. "Isso implica no encobrimento e perdão das sanções civis que delitos como esses têm estabelecidos em todo o mundo, o que se contrapõe a todo sentido de justiça”.
A petição expressa a indignação dos dominicanos e dominicanas com os casos de pedofilia clerical cometidos contra crianças no país pelo menos 10 anos. Pelo menos sete sacerdotes teriam sido acusados por pedofilia desde 2003: Cirilo Antonio Núñez e Ramón Antonio Betances (2003), Domingo Aurelio Espinal Reynoso (2006), Alberto Zacarías Cordero Liriano (2012), Wojciech (Alberto Gil (2013)), Juan Manuel Mota de Jesús (padre Johnny, 2013) e o ex –núncio Joséf Wesolowski (2013).
O Coletivo acusa ainda as autoridades eclesiais locais de continuarem em cumplicidade protegendo os supostos perpetradores ao invés de apresentá-los para serem investigados e punidos pelas autoridades civis.
A petição é fundamentada na mensagem que o cardeal Levada, prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, deu durante o simpósio "Rumo à cura e renovação sobre a pederastia", realizado na Universidade Gregoriana de Roma, em fevereiro de 2012. Nessa ocasião ele afirmou que o abuso sexual cometido por clérigos: "Não apenas é um delito no direito canônico, mas também é um crime que viola as leis penais na maioria das jurisdições civis. A Igreja tem a obrigação de cooperar com a lei civil e denunciar esses crimes às autoridades civis".
De acordo com a imprensa internacional, as primeiras acusações contra Wesolowski foram publicadas em agosto deste ano por meio de um programa de televisão. Uma equipe de repórteres seguiu os passos do sacerdote durante um ano, depois de receber denúncias de que ele era conhecido no centro histórico de Santo Domingo por buscar menores de idade. Imagens foram gravadas com Wesolowski ingerindo bebida alcoólica. Informações dão conta de ele pagava 100 pesos para fazer sexo oral e de que era cliente habitual de uma sauna, onde teria mantido relações sexuais com pelo menos sete menores.
Josef Wesolowski nasceu na Polônia em 1948, se ordenou sacerdote em 1972 e se converteu em arcebispo em 6 de janeiro de 2000. No dia 24 de janeiro de 2008 foi nomeado núncio apostólico na República Dominicana. Antes, havia sido embaixador da Santa Sé no Uzbequistão, no Quirguistão, no Tadjiquistão e no Casaquistão.
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