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domingo, 17 de novembro de 2013

Conheça Comores, o melhor país do mundo árabe para mulheres

Arquipélago na costa oriental da África se separou da França em 1975 e é uma das nações mais pobres do mundo

Guilherme Dearo, de 

Barcos de pesca na capital Moroni, Comores
Barcos de pesca na capital Moroni, Comores
São Paulo – No estudo divulgado ontem (12) pela Thomson-Reuters, o Egito aparece como pior país do mundo árabe para mulheres viverem.

Entre os critérios da análise, estavam as estatísticas de violência e abuso, os diretos assegurados, a integração com a economia e a sociedade e o tratamento no núcleo familiar.

Na outra ponta, a melhor entre 22 nações para as mulheres, está Comores, um lugar pouco ou nada conhecido pela maioria das pessoas.

O arquipélago no Oceano Índico, próximo a Madagascar e Moçambique, na África, é uma nação de 720 mil habitantes mais conhecida pela história conturbada: dezenas de rebeliões e conflitos desde sua independência da França, em 1975.

Apesar de estar bem colocada no ranking árabe quando o assunto é qualidade de vida da mulher, as três ilhas estão longe de ser o paraíso. Confira:

História

Habitada por nativos do atual Madagascar e por imigrantes da região da Polinésia, as ilhas estavam na rota do comércio árabe até serem “descobertas” pelos portugueses em 1505.

Depois, a colônia passou a ser comandada pela França – que a negligenciou até a sua independência, em 1975. Três das quatro ilhas do arquipélago viraram Comores, enquanto outra – até hoje reivindicada – permaneceu como território francês.

Política

Desde que se tornou independente, vinte tentativas de golpe de estado se sucederam. Em 1997, as ilhas de Anjouan e Moheli declararam independência, gerando um conflito civil.

Em 1999, o coronel Azali tomou o poder após um intenso derramamento de sangue e, em 2000, costurou o Acordo de Fomboni, que partilhava o poder entre as ilhas. Assim, ficou decidido que o governo federal comandaria as três ilhas, mas cada uma manteria também um governo local independente.

Em 2001, 77% dos eleitores aprovaram a mudança no nome do país, de República Federal Islâmica das Comores para União de Comores e também a nova constituição. 

O atual presidente é Ikililou Dhoinine, eleito democraticamente em 2011 com o dobro de votos do segundo colocado.

Economia

Comores é um dos países mais pobres do mundo (207º no ranking mundial). Metade do PIB (880 milhões de dólares) é garantido pela agricultura, pesca e caça, empregando 80% da força de trabalho das ilhas. Só 10% do PIB vem da indústria.

Nas exportações, se destacam a baunilha e o cravo. Contudo, não é autossuficiente em produtos básicos como o arroz. A força de trabalho é de apenas 268 mil pessoas e a taxa de desemprego é de 20%.

As ilhas, sem um bom sistema de transportes, tanto interno quanto externo - para exportações e importações -, são extremamente dependentes de assistência técnica e do maquinário estrangeiro.

Pescaria, turismo e destilação de perfumes estão entre os destaques econômicos das ilhas.

Sociedade

Formada por 98% de islâmicos, o povo de Comores fala três línguas oficiais: francês, árabe e shikomor, uma mistura de francês e suaíli. 60% da população tem até 24 anos e a média de idade é de apenas 19 anos.

Somente 28% dos cidadãos mora em zonas urbanas. A capital e maior cidade do país, Moroni, tem 54 mil habitantes.

O país também é conhecido pelo tráfico de crianças para exploração sexual e trabalho escravo.

Porque é o melhor país árabe para as mulheres (apesar de tudo)

Comores é o melhor país árabe para as mulheres, não o melhor país do mundo para elas. Comparando com ricas nações europeias, obviamente ele estará em franca desvantagem e não será, afinal, um lugar tão bom assim.

Por exemplo, a cada 100 mil partos, 280 mulheres morrem. Na Suécia, essa taxa é de 4 a cada 100 mil partos. No país europeu, 74% das mulheres adultas estão empregadas. Em Comores, a porcentagem é de apenas 35%.

Mesmo assim, alguns fatos fazem das ilhas africanas de maioria islâmica um lugar bem melhor que Egito, Iraque e Arábia Saudita:

1. A constituição segue os princípios do islamismo, mas ela assegura o direito igual para todos os cidadãos, sem diferenciar gênero. Um porém: homens têm privilégios, como a poligamia;

2. Comores assinou a convenção da ONU que prega o fim da discriminação contra mulheres. Foi um dos três países árabes que a assinou sem ressalvas;

3. Em casos de divórcio, bens como casa e terreno costumam ficar com a mulher;

4. Metade dos prisioneiros na capital, Moroni, estão por lá por crimes sexuais. O número é assustador, mas a proporção sugere que há leis contra a violência sexual contra as mulheres e que os crimes são julgados;

5. Mais de um terço das mulheres adultas trabalha, segundo a ONU, um número alto comparado com outras nações árabes;

6. No governo, 1 entre 5 ministros são mulheres, a maior proporção do mundo árabe;

7. Mulheres estão em posições de destaque na sociedade de Comores. Elas ocupam a chefia, por exemplo, do Ministério Público, dos Fundos Mútuos de Comores, do Banco Postal e da Comissão Geral de Planejamento;

8. Segundo especialistas, em Comores não há pressão para que mulheres tenham filhos homens em detrimento de filhas mulheres;

9. O ex-presidente Ahmed Abdallah Mohamed Sambi era um islamita moderado que não quis instalar uma república islâmica em Comores. Ele também não forçou mulheres a usarem véu.

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