Para fazer o filme 'Girl Rising' (Menina em ascensão), o antropólogo Justin Reeves rodou o mundo atrás de garotas que perseguiam um sonho: estudar e romper com as dores da miséria. Saiba mais!
Patrícia Zaidan
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Justin conheceu Suma (a menina com echarpe amarelo) no Nepal: a ativista pela educação de meninas liberta garotas que, como ela, foram vendidas feito escravas domésticas. Foto: Reprodução / Girl Rising |
"Quer melhorar o mundo? Eduque as meninas." A pergunta e a resposta são quase um mantra pronunciado pelo americano Justin Reeves, 33 anos, por onde ele passa. E como anda o antropólogo, jornalista e produtor de Girl Rising (Menina em ascensão, numa tradução livre). Justin percorreu vários dos países pobres ou em desenvolvimento onde vivem as nove garotas desse documentário poético. As personagens encenam os próprios dramas, em parte narrados por atrizes como Meryl Streep, Anne Hathaway e Cate Blanchett. O elo comum é o desejo de estudar. "As meninas do mundo inteiro têm sonhos parecidos, querem ir para a escola. E, quando não vão, ficam sujeitas ao sexo sem proteção, casamento precoce, tráfico humano e à violência. Se estudam, podem quebrar um ciclo de pobreza", diz. "Quando o número de alunas cresce em 10%, o PIB do país delas sobe cerca de 3%. Profissionalizadas, elas casam mais tarde, cuidam melhor da saúde e da instrução dos filhos." Mas, lembra o produtor, 66 milhões de garotas permanecem sem acesso à educação. Algumas estão no filme do The Documentary Group, que ele comanda.
Wadley, do Haiti, aparenta ter 7 anos e se vê impedida pela professora de assistir às aulas porque a mãe não pôde mais pagar a mensalidade depois do terremoto que matou 316 mil pessoas e desorganizou o país, em 2010. Wadley enfrenta a mestra. A peruana Senna, louca para virar escritora, trabalha duro, já que o pai se acidentou numa mina. Justin viveu dias na casa insalubre da família dela, a 5 mil metros de altura, vendo que o frio terrível não roubava a energia de Senna, que lê até no escuro. Ele ainda conheceu Yasmin - detida no Egito por ferir com faca um carroceiro sedento por estuprá-la - e Suma, do Nepal. Vendida pelos pais como escrava doméstica aos 8 anos, Suma foi alfabetizada na adolescência. Liberta, sai de bicicleta resgatando meninas aprisionadas na cozinha pelos patrões.
Justin Reeves, o grande aliado das meninas Foto: Mario I. Espinoza / Divulgação |
Dirigidas por Richard Robbins, as protagonistas parecem atrizes experientes. "São lindas, talentosas diante da câmera, nos surpreenderam", elogia Justin. Para ele, apesar das situações sombrias ou perigosas, o filme não é triste. "Essas resilientes têm esperança e olham com beleza para a vida. O documentário deve ser visto assim." Há dez anos, Justin trabalhava no Equador, Chile e na Argentina com iniciativas de combate à aids quando percebeu que mulheres que recebem educação mudam a comunidade. "Quando soube do projeto de Girl Rising, me entreguei: tinha ligação com minha paixão por contar histórias. Aprendo com essas garotas e me emociono com o impacto que causam nas plateias." Fruto de uma parceria com o canal CNN, patrocinado pela empresa Intel, o filme será lançado no Brasil em DVD em 2014. Um capítulo será disponibilizado pela campanha global 10x10, que instituiu o Dia Internacional da Menina, em 11 de outubro. "Queremos que igrejas, ONGs e escolas discutam a educação." Para isso, basta baixar em 10x10act.org/idg/.
Assista ao trailer oficial do documentário:
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