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segunda-feira, 18 de novembro de 2013

O papel dos homens no feminismo

O que os homens podem fazer como aliados do feminismo. Ensinar-nos a militar? Jamais. Mas tem muita coisa a ser feita
por Nádia Lapa 
"Qual o papel dos homens no feminismo?", perguntam alguns, realmente preocupados em não ultrapassar qualquer limite e respeitar as ativistas. A resposta é difícil; há muitos feminismos, e cada um lida com esta questão de forma diferente. Eu, feminista autônoma, sigo correntes que colocam o homem como aliados, jamais como protagonistas. Nunca.
O quê exatamente isso quer dizer, uma vez que o feminismo não tem líderes?
Significa que o feminismo é formado por coletivos organizados de maneira horizontal, nos quais as decisões são tomadas em conjunto e não há função "mais importante" que a outra. O que existe é troca e apoio mútuo. Parece irreal? Pois é assim mesmo que coletivos muito bem sucedidos, como a Marcha das Vadias, funcionam. E funciona muito bem!
Você pode dizer que há feministas mais conhecidas que outras, e isso é óbvio, mas elas não representam todo o feminismo, e sim as próprias opiniões e posicionamentos. Por isso fiz questão de pontuar no início do texto que ele mostra o meu ponto de vista e que não represento qualquer coletivo na minha fala.
Resolvida a questão da liderança, passemos ao protagonismo. Muitos homens inexplicavelmente são contrários ao protagonismo das mulheres, dizendo que esta é uma luta de todos. Há uma confusão neste ponto: a luta até poderia - e deveria -  ser de todos, mas um gênero é oprimido, enquanto o outro é privilegiado. Inútil apontar qual ocupa esses grupos. Como falar em igualdade se ela, de fato, não existe? Partiríamos, mulheres e homens, de lugares diferentes!
Costumo responder à insistência pelo "protagonismo compartilhado" com algumas perguntas simples:
Já não bastam as 90% cadeiras no Congresso Nacional que são ocupadas pelos homens?
E as de CEO de empresas, cuja participação feminina é irrisória?
Os homens mandam no mundo e detêm o poderio econômico. Querem ser protagonistas em MAIS UM movimento, movimento este que deseja justamente revolucionar as estruturas que permitiram a opressão das mulheres através dos séculos? Não parece contraditório, mimado na melhor das hipóteses e manipulador na pior?
Alguns homens se dizem feministas, pasmem, para conhecer mulheres. Verdade. É uma nova balada para eles. Outros, para pegar bem na fita. Afinal, é feio demais ser machista, né? Tem gente que se orgulha, vai entender...
Mas se o rapaz está mesmo desejando participar do movimento, em nome das suas irmãs, namoradas, mãe, e mulheres que ele sequer conhece mas que sabe que estão sofrendo, como agir?
  • Nos seus ambientes masculinos, introduzindo o feminismo. No futebol com os amigos, no boteco, no café no intervalo na firma;
  • Não compartilhando, de jeito nenhum, imagens que diminuem a mulher ou que obviamente eram para uso íntimo e "vazaram" por um ex vingativo;
  • Posicionando-se contra seu colega de trabalho/faculdade/familiar que agrediu uma mulher;
  • Se ela estiver sozinha ou sem apoio, indo com ela a uma Delegacia da Mulher;
  • Propondo programas de equidade de gênero na empresa em que trabalha;
  • Não tratando a Marcha das Vadias como Carnaval ou micareta, se vestindo de mulher e passando batom. Ser mulher é muito mais difícil que isso. Proponha ao coletivo, por exemplo, ajudar na segurança da Marcha;
  • Compartilhando tarefas domésticas;
  • Não duvidando da palavra de uma mulher que foi vítima de agressão. Ela precisa de apoio, não de julgamento;
  • Se uma conhecida estiver bêbada na balada, certificando-se que ela chegou sã e salva em casa;
  • Deixando a mulher falar. A fala é dela. Não interrompa. Nunca. Ouça tudo;
  • Em hipótese alguma culpe a TPM por uma insatisfação real da sua amiga ou parceira;
  • Deixando de adquirir produtos e serviços que objetificam mulheres;
  • Parando de zoar o próprio filho ou o sobrinho por este querer um brinquedo que não é "de menino";
  • Abandonando de vez os xingamentos sobre a vida sexual da mulher (vadia, periguete, piranha).



Mais importante que tudo, tudo, tudo: jamais nos ensine a militar. Quem sente a dor de ser mulher numa sociedade patriarcal somos nós. Sejam nossos aliados, não nossos donos. Vocês já estiveram nessa posição por tempo demais.

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