por Lilian Graziano
"Somos sozinhos para o bem e para o mal. Para o bem, podemos ser hoje a mudança que queremos ver no mundo, começando por nossas reflexões e atitudes"
Antes que alguém diga que estou em algum tipo de crise depressiva, digo que não é o caso, e que não faço apologia à solidão.
Não quando a Psicologia Positiva, que é minha especialidade, já comprovou que uma boa rede de apoio social contribui para que alcancemos nossa felicidade. É que no fim somos todos sozinhos mesmo, e o outro, em nossa vida, só cumpre seu papel nesse lugar: de outro - diferente, com sua alteridade -, arrancando-nos de nosso egocentrismo.
É por que somos um "universo particular e infinito", parafraseando Marisa Monte, que o outro nos mobiliza. Seja despertando nosso altruísmo, o mais profundo sentimento de compaixão. Seja exercitando nosso poder de tolerância ou nossa capacidade de compreensão. Tudo para que nos lembremos de quem somos e de onde podemos chegar com nossas atitudes.
É no reconhecimento do outro que nos avaliamos, para melhor atuação numa próxima vez. Nossas relações também constroem de forma positiva nossa identidade - e nosso "eu social" também exerce influência no outro. Dessa interação construímos nosso lugar no mundo. E então retornamos ao importante papel das redes de apoio social (amizades, família, cônjuge) para nossa felicidade.
Até para mudar o mundo temos de lembrar que somos sempre sozinhos. Explico: da palavra à reflexão, e depois à ação, o caminho é sempre mais curto quando estamos sós. Basta querer, ter uma razão, ajustar a postura e FAZER - e vamos à ação, algo que pouco se tem visto na esfera da coletividade, mesmo com tantas manifestações sociais.
Não é preciso tomar parte de um movimento para começar a mudar o mundo - é possível pular a etapa dos discursos vazios ouvidos ultimamente por aí. Ainda que não se possa negar a importância do discurso em uma época em que nossa expressão era cerceada, proibida.
Mas isso não ocorre mais. Precisamos, e muito, de um fazer que mude tudo. Que não há mais ditadura declarada e oficial que nos impeça de dizer o que nos incomoda. Não há *DOI-Codi, nem tamanha repressão de 40 anos atrás. E isso também nos permite a AÇÃO.
Sim, somos sozinhos, para o bem e para o mal. Mas, para o bem, podemos ser hoje a mudança que queremos ver no mundo, começando por nossas reflexões e atitudes. Já dizia Ghandi que com palavras e ações - e sozinho, causando empatia em quem se comprometia com sua luta - ensinou (e ensina) nações e povos do mundo inteiro a transformar realidades.
A partir deste ponto, questiono: o que você está fazendo por si, por seu semelhante? O que está deixando de contribuição para a sociedade. O que fará, para vê-la mais justa e para tornar o mundo um lugar mais agradável?
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