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sábado, 4 de novembro de 2017

Unicef fala de milhões de vítimas de disciplina violenta, abusos e homicídios

Relatório recomenda planos nacionais bem coordenados para acabar com a violência às crianças; documento cita situação de menores de idade em todos os países lusófonos.

Eleutério Guevane, da ONU News em Nova Iorque.
01/11/2017

O Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, revelou esta quarta-feira que 300 milhões de crianças, entre dois e quatro anos, passam por agressão psicológica dos seus responsáveis nos lares, que pode incluir punição física.

O relatório "Um rosto familiar: a violência na vida de crianças e adolescentes", defende que o número corresponde a 75% dos menores dessa faixa etária de todo o mundo.


Disciplina
São Tomé e Príncipe é um dos 30 países com casos onde métodos disciplinares violentos são usados em crianças com até um ano de idade.

O estudo revela que em todos os países a disciplina violenta regular ocorre para punir quase 25% das crianças com um ano sendo, sendo 10% espancadas ou então tapadas no rosto, na cabeça ou nos ouvidos.

Parceiro
Em todo o mundo, 176 crianças menores de cinco anos vivem com uma mãe vítima de violência de parceiro íntimo. O documento indica que em Angola e Timor-Leste perto de 40% dos menores de cinco anos vivem com a mãe vítima de violência do parceiro íntimo.

O estudo revela ainda que cerca de 15 milhões de adolescentes entre 15 a 19 anos tiveram relações ou outros atos sexuais forçados durante a vida.

Moçambique está em sétimo e Angola em 14º lugar na lista de nações onde jovens, especialmente mulheres, relataram experiências infantis de sexo forçado.

Ambos os países constam da lista onde somente poucas vítimas dessa idade buscaram ajuda profissional depois de terem passado por essa prática.

Alunos
Uma das sessões do documento retrata o bullying. Nas escolas de Portugal ocorrem perto de 40% de casos do país. No Brasil, 43% dos alunos da 8ª. série, com entre 13 a 15 anos de idade, relatam ter sido vítimas do ato por mês.

O Brasil também vem retratado no documento pelos adolescents vítimas de homicídio. No país onde dois terços deles são africanos ou multirraciais, 75% dos que perdem a vida nesse tipo de crime fazem parte desses grupos.

Cabo Verde proibiu o castigo corporal na legislação adotada em 2013, e faz parte das 60 nações que na última década proibiram a prática.

A nível global, metade das crianças em idade escolar, ou 732 milhões, vive em países onde o castigo corporal na escola não é totalmente proibido.

A recomendação do Unicef é que sejam adotados planos de ação nacionais bem coordenados para acabar com a violência às crianças. As medidas devem incluir educação, bem-estar social, justiça e sistemas de saúde, comunidades e crianças.

Entre as propostas da agência está a alteração de comportamentos dos adultos e que sejam abordados os fatores que contribuem para a violência às crianças, que incluem desigualdades económicas e sociais.

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