CPFL
curadoria | oswaldo giacoia jr.
módulo gravado nos meses de março e abril de 2017:
novos agentes ou sujeitos éticos emergem no mundo contemporâneo. o poder-fazer, fomentado pelo desenvolvimento tecnológico, colocou o ser humano em condições teóricas e práticas de destruir inteiramente suas próprias condições de existência no planeta terra. nesse contexto, um novo conceito de responsabilidade torna-se indispensável, e tentativas são feitas nas diferentes esferas culturais, da religião às ciências, da filosofia às artes e à política. responsabilidade é atualmente a tradução da necessidade de amadurecimento e despertar para uma nova consciência dos impasses e dilemas do habitar humano no mundo. esta série oferece ao público uma contribuição no tratamento de uma das questões mais importantes de nosso tempo: o presente e o futuro da humanidade em sua destinação na história.
22/03/17 | qua | 19h |responsabilidade e novos horizontes
com oswaldo giacoia jr., filósofo e professor da unicamp
subjetivamente, temos de levar em conta o protagonismo de novos sujeitos éticos, de uma complexidade e poder inusitados. do ponto de vista objetivo, impõe-se a necessidade de reconhecer direitos próprios a entidades que até então não entravam na conta da reflexão ética.
29/03/17 | qua | 19h | ética da lei de freud e lacan e ética do cuidado de winnicott
com zeljko loparic, filósofo e professor da unicamp
os principais traços da ética nos pensamentos de freud e de lacan: esse percurso nos impulsiona até a ética do cuidado em winnicott e mostra que o componente central dessa ética é o senso de responsabilidade para consigo mesmo, para com os outros e com a sociedade.
05/04/17 | qua | 19h | O abismo da autonomia
Com Renato Lessa, cientista político, professor da PUC-RJ
O termo autonomia fixou-se, de modo indelével, no léxico de nossas melhores aspirações. No entanto, a demanda por autonomia coincide com a máxima extensão conhecida pelos humanos dos imperativos da interdependência. O imaginário da autonomia, em grande medida, opera no esquecimento e no recalque da interdependência. O que pretendo propor é uma reflexão a respeito da presença do que designarei como macro mecanismos de autonomização, presentes ao longo da experiência social e cultural dos humanos. Pela ordem: autonomia do humano com relação ao divino; autonomia da política com relação a restrições de natureza não-política; autonomia do indivíduo, percebido como sujeito auto-consciente de si mesmo; autonomia dos mercados; autonomia do sistema científico-tecnológico. Pretendo, além de algumas indicações conceituais, explorar as implicações paroxísticas de cada um desses princípios de autonomia. A
12/04/17 | qua| 19h | O Desenvolvimento Sustentável e as Novas Implicações da Responsabilidade
Com Celso Lafer, advogado e jurista em diálogo com Oswaldo Giacoia Jr., filósofo
A Constituição Federal Brasileira contempla a proteção ao meio ambiente ecologicamente equilibrado como direito das futuras gerações; a conferência Rio-92, conhecida como Cúpula da Terra, e os recentes protocolos ecológicos internacionais têm em vista um conceito ampliado de responsabilidade tanto no âmbito da produção de conhecimentos científico-tecnológicos quanto no plano da ação social, das políticas públicas nacionais e globais. São fenômenos que desafiam a consciência jusfilosófica para a reflexão e o agir comprometido com uma perspectiva de amor mundi e de dignidade da vida humana.
19/04/17 | qua | 19h | A ética necessária: responsabilidade e solidariedade
Com Franklin Leopoldo e Silva, filósofo
Trata-se de corresponder à necessidade atual de repensar a ética, pondo em questão o modelo subjetivista e individualista que triunfou na modernidade, e encaminhando a possibilidade de uma relação ética pautada no outro, por via da responsabilidade e da solidariedade. A prática moral e política destes valores deverá modificar o perfil das relações humanas e, talvez, diminuir o grau de barbárie naturalizada como violência, discriminação e injustiça.
26/04/17 | qua | 19h | Relações humanas no mundo contemporâneo: testemunho como chave ética
Com Márcio Seligmann Silva, professor da Unicamp de Teoria Literária
Os últimos cem anos, ou seja, desde a Primeira Guerra Mundial, foram marcados por genocídios e etnocídios: os armênios, os judeus, os ciganos, muitas populações da África (no contexto das guerras coloniais e pós-coloniais), populações da ex Iugoslávia, os opositores do Kmehr Vermelho no Camboja, as vítimas das bombas atômicas lançadas no Japão, as populações ameríndias na América do Sul, são apenas algumas dessas vítimas. A esses milhões de mortos e vítimas da destruição de sua cultura devemos acrescentar os que ainda hoje morrem por conta de megaprojetos que destroem a natureza e tratam áreas como a floresta amazônica como se fossem não habitadas, destruindo a base da vida de povos originários e de populações ribeirinhas. Walter Benjamin lembrou uma vez que “dominação da natureza, assim ensinam os imperialistas, é o sentido de toda técnica”. Mas a essa visão ele contrapôs outra: “A técnica não é dominação da natureza: é dominação da relação entre natureza e humanidade.” Nossa fala mostrará como as práticas de testemunho, nascidas desse acúmulo de destruição, podem incidir sobre novos modelos de se pensar as relações interhumanas e entre humanos e não humanos. Mais do que nunca é a escuta do sofrimento dos esmagados pela engrenagem de nossos modelos de progresso e de técnica e a escuta do lamento da Natureza que poderão servir de armas contra nossa própria auto-aniquilação. Mais do que um ecologismo de sustentabilidade, precisamos de um ecologismo mais radical, crítico e revolucionário. Temos que aprender com Daniel Munduruku que: “Se o tempo atual não fosse bom ele não se chamaria presente. Ele é o único presente que temos.”
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