por: Bárbara Fonseca
Você sabia que nas primeiras décadas do século 20 os circos também viraram arquibancadas de futebol? O picadeiro deu lugar ao campo e as atrizes de circo se vestiam com camisas dos times mais populares para chutar a bola dentro das quatro linhas improvisadas, transformando o futebol feminino em atração.
Essa é uma das histórias que a exposição “Contra-ataque: as mulheres do futebol” conta até o dia 20 de outubro, no Estádio do Pacaembu. A mostra abriu dia 27/5, no Museu do Futebol, para devolver às mulheres o seu lugar na história dentro (e fora) das quatro linhas.
Créditos: Mônica Saraiva / Museu do Futebol |
Fruto de um trabalho de curadoria de quatro mulheres, que merece ser aplaudido de pé com direito a bandeirão e sinalizador, a exposição é um marco para o futebol feminino, que, em ano de copa do mundo, não poderia (e nem vai) ser apagado novamente.
Aline Pellegrino, ex zagueira e medalhista olímpica, Aira Bonfim, pesquisadora da história social das mulheres, Luciana Castro, jornalista e Suzana Goellner, educadora, estão por trás dessa empreitada.
Contra-ataque é uma jogada onde um dos times recupera a bola e rapidamente segue na direção do gol adversário, deixando o outro time completamente surpreso e desarmado. É de jogadas como essa que saem gols emocionantes no futebol. E para dar nome a uma exposição não menos impressionante, foi também o símbolo escolhido.
A exposição evidencia a limitação que as mulheres da década de 1940 sofreram perante o esporte. Em 1941, por decreto de lei, durante o governo Getúlio Vargas, o futebol feminino foi proibido – norma que só foi abolida em 1979, no final da ditadura militar.
Os anos de proibição deixaram um vazio no tempo que se seguiu. Nesse período, histórias foram esquecidas e, até hoje, muitas não foram contadas ou não receberam a visibilidade que mereciam.
Em 1940 o cidadão José Fuzera, que não era nenhum entendido do esporte, de mulheres ou até mesmo de medicina, escreveu uma carta, publicada no Jornal Diário da Noite, ao então presidente da República Getúlio Vargas pedindo que impedisse os times de futebol feminino que vinham se formando na época de se desenvolver. isso porque o esporte poderia ser prejudicial à saúde mental e física das jogadoras, que por causa do impacto do jogo, poderiam ter dificuldades de engravidar (!).
A resposta a essa carta veio de Margarida Adyragram Pereira, presidente e zagueira do Sport Club Brasileiro ao Jornal dos Sports, alguns dias depois. “Há homens cujas ocupações lhe dão tempo até para tratarem de assuntos femininos […] O Senhor José Fuzeira deveria assistir à pratica de futebol feminino, para verificar quão salutar é esse esporte e os benefícios que o mesmo presta às suas praticantes”.
A história da primeira árbitra FIFA, uma exibição de imagens de jogadas espetaculares e a projeção de frases preconceituosas da imprensa e do público geral em relação à modalidade também estão entre as raridades apresentadas. A exposição é um passeio interativo pela memória do futebol feminino e provoca uma reflexão muito importante em relação ao seu futuro.
Começa contando a história da proibição, passa por curiosidades, memórias da resistência do esporte, uma linha do tempo, importantes conquistas, homenagens, perspectivas para o futuro, camisas, um álbum de figurinhas participativo e até uma mesa de pebolim.
Como diria uma amiga: golaço!
Serviço:
28 de maio a 20 de outubro de 2019
Terça a domingo, 9h às 17h (visitação até as 18h)*
*Sujeito a alteração conforme jogos no Estádio.
R$15,00 (entrada inteira)
R$7,50 (meia-entrada)*
Entrada gratuita às terças-feiras.
*No período da exposição, clientes do Itaú e um acompanhante pagam meia-entrada no Museu do Futebol, bastando apresentar um cartão do Itaú na bilheteria. O desconto não é cumulativo e é condicionado à cota estabelecida. Verifique a disponibilidade na bilheteria.
Nenhum comentário:
Postar um comentário