Projeto de estudante de arquitetura de Harvard quer evitar que o preso volte para a cadeia; uma das propostas é integrar detento com a comunidade
Guilherme Dearo, de
Imagem do projeto da PriSchool, de Glen Santayana: prisão pode garantir que nenhum preso volte |
Com certeza, ele não voltará a cometer mais crimes e terá se tornado uma pessoa melhor. Certo?
Sabemos que a resposta é não. Com prisões superlotadas, precárias e violentas, em muitos casos o preso sai pior do que entrou e volta a cometer um crime.
Como resolver esse problema da estrutura prisional, que pode piorar a situação em vez de melhorá-la?
Pensando justamente nessas questões, o americano Glen Santayana, um estudante de pós-graduação em Arquitetura na Universidade Harvard, criou um projeto de prisão futurista e inovadora que pode garantir 100% de reabilitação dos presos.
Batizada de PriSchool, seria uma prisão com design inovador – muito menos opressiva e sombria – e que estaria integrada à sociedade ao redor, não isolada feita um feudo fortificado.
Junto à cadeia, estaria uma escola de criminologia e justiça criminal, frequentada por estudantes e presos. O convívio entre eles seria facilitado e incentivado.
Ainda haveria um centro comunitário, integrando detentos e comunidade. Santayana criou o projeto localizando a PriSchool no bairro do Brooklyn, em Nova York.
Ele acredita que essa nova arquitetura do cárcere, aliada à educação, pode combater os problemas americanos de segurança e sistema prisional.
Nos Estados Unidos, onde há a maior população carcerária do planeta (o Brasil está em quarto lugar), 67% dos detentos libertos voltam a ser presos em menos de 3 anos. Além disso, 68% não tem diploma do ensino médio.
Leia a entrevista que Glen Santayana concedeu a EXAME.com e um vídeo que mostra o projeto no final da matéria:
EXAME.com: Como surgiu a ideia da PriSchool? Por que decidiu apresentar esse projeto em Harvard?
Glen Santayana: Originalmente, seria apenas o projeto de uma prisão. Depois, conversando com alguns professores, transformamos isso em um híbrido entre escola e prisão que foca a reabilitação do preso.
EXAME.com: Quais aspectos da PriSchool são benéficos para os detentos?
Glen Santayana: O que faz da PriSchool uma prisão diferente é que ela se baseia em quatro programas: uma escola de criminologia e justiça criminal, a prisão em si, uma área de “pré-liberdade” e um centro comunitário.
Na escola, a interação entre os alunos e os detentos seria incentivada e facilitada. Isso ajudaria a criar senso de responsabilidade em todos.
EXAME.com: Ela seria muito cara de se construir e manter?
Glen Santayana: Como ainda é um projeto acadêmico, não dei prioridade ao cálculo da construção e das operações. Não sei precisar o valor.
Estou concentrando esforços em pesquisar o universo das cadeias e das escolas e traçar paralelos. Em ambos há um sistema de vigilância, segurança, disciplina. Tudo isso reflete no modo como prédios e escolas são construídos.
EXAME.com: A PriSchool pode funcionar em qualquer país? A realidade das prisões brasileiras é diferente da realidade americana, por exemplo.
Glen Santayana: Eu defendo que a PriSchool pode funcionar em qualquer país. Isso não quer dizer que, necessariamente, ela seria construída do mesmo modo. Cada contexto social, histórico e econômico teria influência no projeto final.
EXAME.com: Quais os maiores problemas das prisões americanas atualmente?
Glen Santayana: Há uma série de questões que pesquisei, mas foquei em dois grandes problemas: a superlotação e a reintegração dos presos na sociedade depois de cumprirem a pena. A culpa da superlotação é, em parte, do alto índice de reincidência.
EXAME.com: Alguém já demostrou interesse pelo projeto? Algum governo, por exemplo?
Muitas pessoas já se interessaram em apoiar o projeto, incluindo uma fundação chamada The Reset Foundation, que está dedicada no mesmo propósito que a PriSchool: criar um modelo alternativo para o sistema carcerário, com foco em educação.
Assista ao vídeo de apresentação do projeto:
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