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sábado, 14 de março de 2015

Dias de mulher

Reportagem: Giovana Sanchez e Ana Carolina Moreno

Há 40 anos, a ONU definiu o 8 de março como Dia Internacional da Mulher. A data celebra a luta por direitos conquistados, mas lembra o caminho a ser percorrido. O G1 mostra a história de três mulheres que sofreram violência e de três que dedicam as carreiras para mudar essa realidade.

Perfil

Rosa*
Quando era caloura de medicina da USP, em 2011, Rosa* foi encontrada desacordada em uma festa universitária. Ela tinha 20 anos à época. Dias depois, testemunhas lhe contaram que um homem foi flagrado com ela, e ela então percebeu que havia sido vítima de violência sexual em estado vulnerável. Até hoje o inquérito do caso não foi concluído.

O que eu penso é que não tenho que ter vergonha do que aconteceu comigo. Eu não tive culpa nenhuma e se a exposição [do caso] ajudar a dar visibilidade ao assunto, eu tenho que fazer isso mesmo

Desde então, ela ajudou a formar o Coletivo Geni, de mulheres da medicina da USP, e foi uma das poucas vítimas de violência na universidade a falar publicamente sobre seu caso. A pressão a levou a trancar o curso por um semestre, mas ela, atualmente com 24 anos, retomou as aulas e pretende se formar em meados de 2017.

*O nome foi trocado para preservar a identidade da entrevistada

O que fazer em casos de:

Estupro
• Não tome banho ou troque de roupa antes de passar por um exame médico
• Disque 180 para obter orientações (a ligação é gratuita e anônima)
• Vá à unidade de saúde de emergência mais próxima para o exame e para tomar a pílula do dia seguinte e medicamentos de prevenção de doenças)
• Exija uma cópia do laudo médico que comprova o estupro; ele serve como prova judicial
• Peça que uma pessoa de confiança te acompanhe até a Delegacia da Mulher mais próxima
(veja no mapa: http://clique180.org.br/services/delegacia-especializada-de-atendimento-a-mulher-deam)
• Registre um boletim de ocorrência de estupro, é a única maneira para que o crime seja investigado

Fonte: www.clique180.org.br

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Perfil

Marina Ganzarolli
A advogada e pesquisadora Marina Ganzarolli, de 28 anos, tem sido frequentemente procurada para dar apoio e orientação jurídica a estudantes da USP vítimas de estupro e agressão. Participou também de sessões da CPI da Assembleia Legislativa de SP que investiga se as universidades têm sido omissas para lidar com acusações de violações de direitos.

As meninas se sentem culpadas. 'Eu ofereci carona. Eu bebi. Eu conversei com ele.' Mas você não disse sim a um ato sexual. E aí reside toda a diferença

Em 2007, ela ajudou a fundar o Coletivo Dandara na Faculdade de Direito da USP, primeiro grupo de feministas de um curso de direito no estado, para debater a igualdade de gênero no curso. Também é mestranda, e pesquisa o discurso de legisladores e juízes na hora de redigir leis e anunciar decisões judiciais relacionadas aos direitos das mulheres.

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Perfil

Amanda*
Ela luta para se ver livre das ameaças constantes do ex-companheiro e pai de sua filha. Depois de meses mudando de casa, cidade e estado, a paulistana imprimiu 160 páginas com mensagens de ameaças e registrou um boletim de ocorrência, mas não conseguiu a medida protetiva - determinação judicial que proíbe o agressor de se aproximar da vítima.

Acho que a mulher ainda é bastante desvalorizada

Quando ficou sabendo que ela foi até a polícia, o ex enviou áudios com ameaças graves - e foi com essas provas que a Justiça decidiu assegurar a distância entre os dois. Hoje, uma ronda da guarda civil passa diariamente em frente à casa de Amanda, que tem 27 anos. Apesar disso, ela ainda sente medo.

*O nome foi trocado para preservar a identidade da entrevistada

O que fazer em casos de:

Violência
• Disque 180 para obter orientações (a ligação é gratuita e anônima)
• Esse canal de atendimento serve para denunciar o agressor e encontrar o endereço de casas de abrigo a mulheres vítimas de violência

Fonte: www.clique180.org.br

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Perfil

Amelinha Teles
A advogada e pedagoga mineira Maria Amélia de Almeida Teles foi presa e torturada na ditadura. Mesmo com a repressão, ela e um grupo de ativistas começaram a discutir sexualidade e igualdade de direitos. Após a redemocratização, ela cofundou a União de Mulheres de São Paulo, organização que trabalha na formação e promoção do acesso das mulheres à justiça e direitos humanos.

O 8 de março é a confirmação da necessidade do feminismo

Hoje, Amelinha mora na mesma casa que abriga a ONG, e já ajudou a formar ao menos 10 mil mulheres no curso de Promotoras Legais Populares, que aborda a formação do Estado, os direitos civis, a Constituição, o sistema internacional dos direitos humanos, a violência contra a mulher e como é possível ajudar outras mulheres.

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Perfil

Beatriz*
Em 2013, ela começou a receber mensagens de estranhos, com elogios ao seu corpo e convites para encontros. Sem entender nada, ela fez uma pesquisa e descobriu que estava listada em um site que oferecia serviços de prostituição, e que 60 fotos suas e um arquivo com todos os seus dados pessoais estavam publicados em sites pornôs e em um blog.

Não tem mais que ser a garotinha do papai, a singelinha. Não. É correr atrás para poder resolver, e é isso. Mulher, né

Beatriz procurou uma advogada especialista em “pornô de vingança” e conseguiu retirar o material rapidamente. Elas têm uma suspeita, mas, dois anos depois do ocorrido, ainda não há comprovação de quem divulgou as imagens. Ela considera que poder falar do assunto e alertar outras mulheres é o fechamento de um ciclo em sua vida.

*O nome foi trocado para preservar a identidade da entrevistada

O que fazer em casos de:

Pornô de vingança
• Não apague imagens, mensagens, SMS e outras publicações. Elas são provas que podem ser usadas judicialmente ou criminalmente
• Salve a tela de todo o material divulgado (printscreen) e registre os links dos sites e data de acesso
• Imprima o material e salve-o em formato digital, e leve-o à delegacia para registrar um boletim de ocorrência como crime contra a honra, injúria e difamação
• Para preservar provas, vá a um cartório e registre uma Ata Notarial, além de registrar o material digital no cartório, para posterior uso em processo judicial

Fonte: Gisele Truzzi/Think Olga

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Perfil

Gisele Truzzi
Quando estava na faculdade, a advogada Gisele Truzzi começou a reunir o pouco que encontrava sobre direito digital e crimes virtuais. Fez um blog, um trabalho de conclusão de curso e iniciou um trabalho com o tema. Aos poucos, ela recebia uma demanda de clientes muito específica: mulheres que tinham conteúdos íntimos divulgados na rede.

O que me gratifica nesse trabalho é isso: fazer com que elas consigam dormir em paz de novo

Por atender muitos casos assim, Gisele virou referência no assunto. Ela acredita que há uma identificação das clientes pelo fato de ser mulher. Em um meio majoritariamente masculino, ela conta que já sofreu constrangimentos e preconceito ao apresentar trabalhos e palestras. E diz que hoje, ao poder ajudar outras mulheres, se sente realizada e feliz.

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