12/03/2015
A violência de gênero em instituições acadêmicas pode gerar um aumento do absenteísmo, fraco desempenho, desistência escolar, baixa autoestima, depressão, gravidez e infecções sexualmente transmitidas, como HIV.
Meninas estudam matemática em uma escola para deslocados na Somália, um dos países com piores índices de crianças matriculadas no mundo. Foto: UNICEF/Delfosse |
A violência de gênero no ambiente escolar tem causado um impacto negativo na educação de milhões de crianças em todo o mundo, segundo um novo artigo publicado nesta terça-feira (10) na Comissão da Condição Jurídica e Social da Mulher.
A diretora da Iniciativa da ONU pela Educação das Meninas (UNGEI), Nora Fyles, explicou, que apesar dos avanços nos últimos 20 anos, a violência de gênero na sala de aula e no ambiente escolar permanece invisível. Para lidar com esse problema, governos, a sociedade civil e outros parceiros devem se envolver mais para proteger as crianças e processar os agressores, reivindicou Fyles.
A violência de gênero relacionada ao ambiente escolar inclui assédio verbal ou sexual, abuso sexual, punição física, além do bullying, que afeta cerca de 246 milhões de meninos e meninas todos os anos. A violência de gênero em instituições acadêmicas pode gerar um aumento do absenteísmo, fraco desempenho, desistência escolar, baixa autoestima, depressão, gravidez e infecções sexualmente transmitidas, como HIV; todos elementos que têm impacto negativo na aprendizagem e no bem-estar.
A verdadeira escala e o real impacto desses atos permanecem encobertos em função da falta de evidências. Uma pesquisa nacional na África do Sul mostrou que quase 8% de todas as meninas que frequentam escolas secundárias já tiveram experiências com agressão sexual grave ou estupro enquanto estavam na escola. Em outro estudo realizado na Holanda, 27% dos alunos reportaram já terem sofrido assédio sexual provocado por funcionários da escola.
“As escolas deveriam ser um refúgio seguro para os jovens, especialmente para aqueles em países marginalizados e/ou afetados por conflitos. É vital que a comunidade internacional empreenda esforços conjuntos para garantir que sejam realizadas as melhores pesquisas para compreender a escala e o alcance da violência de gênero relacionada ao ambiente escolar, bem como para desenvolver políticas para eliminá-la após 2015”, disse a diretora-geral da UNESCO, Irina Bokova.
Desenvolvido por uma equipe independente e publicado pela Organização da ONU para a Educação, a Ciência e a Comunicação (UNESCO), o Relatório de Monitoramento Global de Educação para Todos é uma referência de autoridade que tem como objetivo informar, influenciar e sustentar o genuíno comprometimento em relação à Educação para Todos.
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