Texto da Equipe de Coordenação das Blogueiras Feministas.
Há algum tempo o feminismo vive sua onda pop. Especialmente, em 2014, foi fácil encontrar matérias e programas na mídia que tiveram o feminismo como tema. Também vemos cada vez mais seu crescimento na internet, por meio de grupos e páginas no Facebook ou o lançamento de ações amplas que visam combater o sexismo.
É claro que a mídia tradicional mostra o feminismo que quer, da maneira que deseja, e isso muitas vezes encobre as questões políticas. Também é fato que quanto mais pessoas se declaram feministas, ideias, propósitos e visões de mundo chocam-se nas discussões internas.
Para nós, que coordenamos este espaço das Blogueiras Feministas, não nos interessa buscar formas de determinar quem é mais ou menos feminista ou quais devem ser ou não os temas mais importantes do feminismo. Não gostamos de hierarquias e nem de perfeição. Também não temos o costume de reagir com rapidez a qualquer caso de machismo. Temos bem mais perguntas que respostas e cada vez mais queremos evitar generalizações. Não há um sindicato do feminismo, não há uma voz mestra que guia as ações das feministas, especialmente no ambiente altamente opinativo da internet.
Nosso objetivo é desconstruir e romper relações de poder. E, para que essas transformações se concretizem, é preciso que sejam feitas individualmente e em grupos. Devem ser implementadas tanto no nível pessoal como no nível estrutural. Individualmente, quero romper barreiras. Como grupo, queremos romper amarras opressoras. Individualmente, não posso fazer isso por ninguém e ninguém pode fazer isso por mim. Como grupo, o trabalho pode ser feito de muitas formas, mas só terá efeito quando pensado em conjunto, como uma estratégia maior.
Desconstruir estruturas de poder é uma luta interna e dolorida. Não adianta sair de uma estrutura de poder para entrar em outra, onde sempre haverá alguém para dizer o que é melhor para você. Em algum momento é preciso descobrir como isso se dá individualmente com todas suas subjetividades.
Nossa palavra de luta no momento é: resistência. Buscar formas e maneiras de resistir e de colocar-se como espaço de resistência, especialmente em contraposição ao crescimento de ações e ideias conservadoras e limitantes.
Não elegemos inimigos, porque também estamos inseridas no sistema opressor e sabemos o quanto é fácil reproduzir ações machistas. Portanto, resistimos em meio as nossas contradições. Buscamos expor cada vez mais nossas falhas e dúvidas. O aprendizado também é nosso maior objetivo. Emancipar-se é preciso.
Revolta da Lâmpada. São Paulo, 2014. Foto: Midia Ninja. |
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