10 mar 2015
É comum associarmos adjetivos pejorativos àqueles que cometem abusos contra crianças e adolescentes. Há cerca de 20 anos, no entanto, quando ainda pouco se falava sobre o assunto, o psicólogo e psicodramatista, Maher Musleh, resolveu enfrentar estes sentimentos negativos e trabalhar com o atendimento do que ele chama de “vitimizador sexual”. Maher Musleh acredita que entender o que motiva uma pessoa a ter tal atitude é um jeito de ajudar a não propagar os abusos. “Não desisto de cuidar do vitimizador, porque meu objetivo é o fim da violência sexual de crianças e adolescentes”, diz Maher Musleh.
Segundo o especialista, a maioria dos abusadores atendidos por ele foram vítimas na infância. Ele explica que estas pessoas tendem a repetir este padrão de violência sexual. O psicodramatista defende que é necessário olhar de forma mais humana para o vitimizador: além da punição, oferecer tratamento terapêutico a quem comete a violência pode ser uma medida bastante eficaz.
Mahler diz que quando os abusadores entendem que estão repetindo o que sofreram quando criança, sofrem muito também. Na maioria dos casos, eles não voltam mais a praticar a agressão depois do tratamento. O especialista trata em seu consultório de casos sigilosos e de pessoas que o procuraram espontaneamente e lamenta que a Justiça brasileira não encaminhe vitimizadores para a terapia.
Segundo Mahler, diversos aspectos culturais precisam ser compreendidos para ajudar no enfrentamento à violência sexual. “Como vivemos em uma sociedade machista, até hoje muitas pessoas justificam o abuso culpando a maneira como a menina está vestida”.
Na opinião do especialista, é muito positivo que os casos de abuso sejam hoje mais divulgados na mídia, como o depoimento da apresentadora Xuxa Meneghel, porque encorajam outras pessoas a denunciar e enfrentar o problema.
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