Editora no HuffPost Brasil 01/09/2017
O transporte pode ser público, mas o corpo de uma mulher não é.A afirmação acima parece óbvia para alguns, mas para outros, causa estranhamento. Nesta terça-feira (29), um homem ejaculou em uma mulher dentro de um ônibus na Avenida Paulista, em São Paulo e foi solto pela Justiça.
O juiz responsável pelo caso entendeu que não houve constrangimento tampouco violência ou grave ameaça, pois a vítima estava sentada em um banco de ônibus, quando foi surpreendida pela ejaculação do indiciado". Menos de vinte e quatro horas depois, um novo relato: outra mulher foi vítima dentro de um ônibus na capital, por outro agressor. Segundo informações do Estadão, São Paulo tem 4 registros de assédio sexual por semana no transporte público.
O caso ganhou repercussão nacional, gerou debate sobre como a Lei brasileira enxerga crimes como estupro e assédio sexual e foi o gatilho para que a campanha #MeuCorpoNãoÉPúblico ganhasse as redes sociais nesta sexta-feira (1).
A campanha, iniciada por um grupo de publicitárias de São Paulo, quer espalhar cartazes pela metrópole com frases que visam reafirmar que a cidade pertence às mulheres como, "ir e vir é um direito, não uma punição", "de quem julga, meu crime foi sair de casa" e "estupro, ele não parou, mesmo depois que eu dei o sinal".
"É uma forma de mostrar que a gente não vai deixar isso passar em branco e que quanto mais gente se indignar, mais dificil vai ficar pro abusador que tem passe livre pra fazer o que quiser", afirma Ana Mattioni, 28 anos, redatora publicitária e uma das idealizadoras da campanha em entrevista ao HuffPost Brasil.
Segundo ela, a ideia surgiu de debates que acontecem em um grupo fechado de publicitárias que participa. "Nós sempre discutimos muito a questão de gênero e esse caso do ônibus mexeu com todas nós. Focamos em uma ideia onde todas poderiam participar simultaneamente e me propus a dar forma pra coisa", conta.
Em menos de vinte e quatro horas, estava tudo quase pronto.
O próximo passo do grupo de publicitárias é fazer uma vaquinha virtual para imprimir os cartazes e espalhar por São Paulo. Mas isso não se restringe a elas. Todos os cartazes estão disponíveis no Tumblr e, segundo a descrição, eles são feitos para você "salvar imprimir, colar no busão, no ponto e na cara da sociedade".
"A ideia mesmo é a gente levar pra rua. O Tumblr ta ali pra gente democratizar, pra cada um poder imprimir e colar onde achar que deve", conclui.
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