Comandante-geral da Polícia Militar do DF, coronel Sheyla Soares Sampaio — Foto: TV Globo/Reprodução |
Objetivo é recolher armamento particular de suspeitos. Processo administrativo tramita desde 2017.
Por Pedro Alves, G1 DF
02/05/2019
Por Pedro Alves, G1 DF
02/05/2019
Atualmente, a PM suspende o porte e retira a arma funcional dos militares indiciados ou denunciados por crimes enquadrados na Lei Maria da Penha. O objetivo com a nova regra é retirar deles também as armas particulares que tenham adquirido.
A corporação avalia ainda a possibilidade de enquadrar no crime de desobediência PMs que se recusem a entregar o acessório após pedido da corporação.
O G1 questionou a Polícia Militar sobre a medida na última segunda-feira (29). Na terça (30), o pedido foi reforçado. Até a última atualização desta reportagem, no entanto, a corporação não havia se posicionado.
O processo administrativo que avalia a implementação da regra foi aberto em outubro de 2017 e tramita em sigilo. Entre maio de 2018 e fevereiro deste ano, ficou praticamente parado.
Recentemente, porém voltou a ser colocado em discussão. No mês passado, a Procuradoria-Geral do DF emitiu parecer sobre o tema após pedido da Polícia Militar. Segundo o órgão, a corporação pode determinar o recolhimento da arma pessoal do PM até que haja uma deliberação da Justiça.
Parecer
Segundo o documento enviado à Polícia Militar em abril, “é lícito à Comandante-Geral da PMDF editar normativo interno estabelecendo regras para fins de recolhimento da arma de fogo particular do policial militar autor de violência doméstica contra a mulher, como medida protetiva, até que o Judiciário se manifeste sobre a questão”.
O documento cita parecer jurídico da própria PMDF, que também não vê irregularidades da medida. Segundo o entendimento, o estatuo da corporação prevê que o comando-geral pode dispor sobre o porte de arma dos militares.
A PGDF entende ainda que é possível enquadrar PMs que não respeitem a regra no crime de desobediência. No entanto, o procurador Romildo Olgo Peixoto Júnior afirma que há dúvida quanto à possibilidade de busca e apreensão da arma em casos do tipo.
O procurador também recomenda cautela na edição da possível portaria, pois trata de tema “bastante sensível e [que] guarda inúmeras nuances e repercussões, como bem se vê dos vários documentos que instruem o processo, questões estas que devem ser sopesadas quando da edição da norma regulamentar”.
Apesar de questionada pelo G1, a PM não informou se uma decisão final sobre a questão foi tomada ou se há previsão de quando a portaria pode ser publicada.
Arma particular
O porte de armas particulares por policiais militares é permitido pelo Decreto 5.123, de 2004. A norma permite até que agentes de segurança pública utilizem esse armamento enquanto estiverem em serviço, desde que haja autorização de superiores.
No entanto, caso o dono da arma seja indiciado ou denunciado por crime doloso – quando há intenção de provocar a consequência --, a autorização pode ser cassada.
Violência doméstica
Casos de violência doméstica envolvendo policiais militares foram registrados no Distrito Federal recentemente. Na terça-feira (30), o ex-PM Ronan Menezes do Rego foi condenado a 21 anos de reclusão pelo homicídio da jovem Jessyka Laynara, de 25 anos, em maio de 2018.
O militar era ex-namorado da vítima e não aceitava o fim do relacionamento. Ele usou a arma da corporação para atirar contra ela. Após o crime, ele foi exonerado e está preso preventivamente desde então.
Já no último dia 18, um PM fardado foi detido após agredir a companheira, também policial militar, e deixá-la nua no meio da rua, em Taguatinga. Pedestres que estavam no local registraram o caso em vídeo.
Em agosto do ano passado, um policial militar matou a esposa a tiros e depois se suicidou, no Riacho Fundo II. De acordo com as investigações, o homem não aceitava o fim do relacionamento com a mulher.
Nenhum comentário:
Postar um comentário