Debate sobre Adoção Tardia reúne centenas de pessoas
Mais de 900 pessoas, entre magistrados, Promotores de Justiça, Defensores Públicos, Assistentes Sociais, Psicólogos, Servidores e Universitários, participaram do 2º Seminário “Adoção: Amor em Ação”, que ocorreu na tarde de sexta-feira (23/11), no auditório do Tribunal de Justiça do Tocantins (TJTO). O Seminário foi transmitido, via satélite, para as 41 Comarcas do Estado.
Realizado pelo TJTO por meio da Corregedoria-Geral da Justiça e com o apoio da Escola Superior da Magistratura do Tocantins (Esmat), o evento foi aberto pela Corregedora Geral da Justiça do Tocantins, desembargadora Ângela Prudente.
Após agradecer aos participantes e convidados, a desembargadora explicou que o objetivo do seminário “é mudar a realidade” de crianças com mais de dois anos de idade que encontram dificuldade para serem adotadas. “A adoção é, em si, um tema bastante complexo, sendo a adoção tardia revestida de muito preconceito”, destacou.
A Corregedora explicou, ainda, que os dados sobre a adoção no Brasil mostram que existe um perfil que mais interessa aos casais dispostos à adoção. “De acordo com esses dados, mais interessam aos casais as crianças saudáveis, recém-nascidas, preferencialmente do sexo feminino e de pele clara”, relatou.
A programação do evento contou com duas palestras. Com o título “Justiça e Infância, enfrentamento de questões acerca da adoção”, a primeira foi proferida pelo Juiz da Vara da Infância e Juventude da Regional da Lapa (SP), o magistrado Reinaldo Cintra Torres de Carvalho. Já a Assistente Social Giselli de Almeida Tamarozzi Lima, doutora na área de Família, apresentou a palestra com o tema “Adoção Tardia: mitos, medos e expectativas”.
Depois das palestras, os participantes ouviram o depoimento da Ginecologista Clélia Motta, que adotou uma criança que, à época, tinha 11 anos de idade.
Ao final das conferências, o público apresentou dúvidas e demais questões, que foram respondidas pelos palestrantes.
Em sua palestra, o Juiz Reinaldo Cintra Torres de Carvalho afirmou que a adoção deve partir da ideia de que a família é uma construção. “Ao contrário do que está consolidado, a família não vem da consanguinidade, mas da construção da afetividade”, disse. “A Justiça deve fornecer as bases para que as pessoas interessadas em adotar não se frustrem diante da experiência”.
“É preciso preparar os futuros pais, explicando para eles todas as características relacionadas à criança que possivelmente será adotada”. Outro ponto central discutido pelo palestrante diz respeito ao motivo que leva os pais a adotarem. “A adoção não pode mais ser vista como uma forma de satisfação dos pais, mas como uma forma de garantir o direito das crianças de terem uma família”, afirmou. “Por isso, os interessados não deveriam pensar em idade, em um perfil ideal, afinal, são as crianças que mais precisam de carinho, respeito e a estrutura familiar”.
No mesmo sentido, a Assistente Social Giselli Tamarozzi disse que é preciso que a sociedade se desvincule do “modelo tradicional de família, que está baseado em uma relação biológica entre pais e filhos”. A doutora também destacou que muitos medos relacionados à adoção tardia surgem de mitos, que podem ser desconstruídos quando os interessados se dispõem a experimentar a realidade a adoção.
Foi o que fez a Médica e Ginecologista Clélia Motta, que, durante seu depoimento, contou que adotou uma menina de 11 anos. Baseada na sua experiência, aconselhou ao público: “Não tenham medo de experiências ruins. É certo que todos terão problemas. Mas são os problemas que suscitam muitas felicidades”.
Iniciativa da Corregedoria
O Seminário “Adoção: Amor em Ação” é uma iniciativa da Corregedoria, por meio da Comissão Estadual Judiciária de Adoção (CEJA-TO), que tem a finalidade de contribuir para garantir do direito à convivência familiar de crianças e adolescentes, segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente.
Do TJTO
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