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segunda-feira, 17 de dezembro de 2012


Estudo mostrou que o companheirismo fraterno está ligado a uma vida de sucesso profissional, bem-estar e adaptação social

Thais Paiva

Quem tem mais de um filho sabe muito bem a facilidade com que a sala de casa pode se transformar em um campo de batalha. As brigas entre irmãos são normais, mas quando as tensões se tornam constantes e transformam a vida familiar em guerra constante, tudo o que queremos é uma solução mágica para fazer as crianças se darem bem. Afinal, que mãe não deseja que seus filhos se tornem grandes amigos? Segundo uma nova pesquisa, realizada pela universidade americana Penn State, o relacionamento entre eles enquanto crianças pode influenciar o tipo de adulto que irão se tornar. 

O estudo, publicado no Journal of Adolescent Health (Jornal da Saúde do Adolescente), mostrou que irmãos que estão na escola primária e que convivem em harmonia aumentam as chances de terem boa saúde e bem-estar emocional no futuro.

"Os relacionamentos negativos entre irmãos estão ligados a comportamentos agressivos e antissociais", disse Mark Feinberg, professor e pesquisador da universidade, na divulgação do estudo. "Por outro lado, as relações positivas estão ligadas a todos os tipos de ajuste social, incluindo qualidade no relacionamento romântico, adaptação e sucesso acadêmico, saúde e bem-estar mental.”

O estudo

Para chegar às conclusões, os pesquisadores entrevistaram e gravaram as interações de 174 famílias com dois filhos, sendo um sempre na quinta série (11 anos) e outro na segunda (8 anos), terceira (9 anos) ou quarta (10 anos). Além disso, cada um dos irmãos foi ouvido separadamente e a equipe os filmou enquanto tentavam planejar uma festa juntos. 

As famílias foram então divididas aleatoriamente em dois grupos: o grupo de intervenção e o grupo de controle. O grupo de intervenção foi submetido a um programa chamado SIBlings Are Special (algo como irmãos são especiais), no qual os irmãos deviam participar de sessões que envolviam jogos, atividades artísticas e discussões que ensinavam como se comunicar de maneira positiva, resolver problemas, chegar a soluções onde os dois lados saíam ganhando e se enxergarem como parte de uma equipe, e não como concorrentes. 

O programa também incluía três noites de “diversão em família", em que as crianças tiveram a oportunidade de mostrar aos pais o que eles estavam fazendo nas sessões. "Nós descobrimos que os irmãos que foram expostos ao programa mostraram mais autoconfiança, controle social, melhor desempenho na escola e menos problemas emocionais", disse Feinberg. 

E até os pais tiveram benefícios com a melhora do relacionamento entre as crianças. "As mães do grupo de intervenção relataram menos sintomas depressivos do que as mães do grupo de controle. Acredito que isso ocorreu porque seus filhos estavam se saindo bem nas atividades diárias e elas ficavam menos preocupadas com eles”, relatou o pesquisador. 

Feinberg acredita que, ao incentivar os irmãos a se sentirem parte de uma equipe e dar-lhes ferramentas para discutir e resolver problemas, os pais ajudam seus filhos a desenvolver relações positivas para o resto da vida. 

Mas o que significa isso na prática? "Por exemplo, se as crianças estão brigando por causa do canal de televisão, a sugestão é que os pais não resolvam o problema por conta própria, mas que ensinem seus filhos como discutir e resolver problemas entre eles. Isto os ajudará a pensarem em soluções no futuro de forma sociável", explica. 

Irmãos parceiros 

E por que, afinal, os irmãos brigam? “Em geral, a rivalidade nada mais é do que uma competição pelo amor e atenção dos pais. Por isso, sempre digo que a vinda de um irmão é um presente, pois é por meio deste relacionamento que a criança aprenderá a compartilhar, a perder e ganhar, a lidar com frustrações e limites. Em outras palavras, exercitar desde cedo o convívio social”, explica Cristiane Pertusi, psicoterapeuta de família e casal. 

Segundo a profissional, a família é como se fosse um pequeno laboratório para o que é a vida em sociedade e as interações entre irmãos são uma maneira de desenvolver várias competências para a vida, como a tolerância e a amizade. Se nos damos bem dentro do ambiente familiar, estaremos mais preparados para nos relacionar lá fora. 

A jornalista britânica Sacha Baveystock, autora do livro Foi ele que começou, mãe! (Ed. Gente), compartilha a mesma opinião em sua obra: "Os bons relacionamentos entre irmãos também podem ajudar a estabelecer as bases para outros relacionamentos, ao nos ensinar como respeitar o ponto de vista dos outros. Os irmãos estão constantemente observando-se e aprendendo com isso, usando a competição que existe entre eles para desenvolver capacidades e habilidades que eles podem aplicar em suas relações interpessoais”. 

Mas muitos pais acabam não sabendo como lidar com as desavenças e até pioram o problema da rivalidade, querendo que um filho se espelhe no bom comportamento e conquistas do irmão. “Em vez de comparar, os pais devem exaltar as diferenças e particularidades de cada irmão como algo positivo, como habilidades que podem ser complementares e que, se eles as somarem, serão melhores juntos”, diz Cristiane. Uma união para a vida toda!

Na hora da briga 

Mãe de três filhos, Sacha aprendeu na marra a resolver brigas entre irmãos. Aqui, 3 dicas que estão em seu livro para ajudar você a lidar com esse momento que faz parte da vida de quem tem mais de uma criança em casa: 

Identifique os sentimentos
O relacionamento entre irmãos pode ser uma montanha-russa, oscilando entre amor, ódio, raiva e ciúme. Eles são capazes de eestar de bem e de mal com incrível velocidade. Com frequência, precisam de ajuda para identificar seus sentimentos. Foi assim com meu filho. Ele estava furioso com a irmã porque foi excluído de uma brincadeira. "Você sabe que, se estiver com raiva, pode fazer um desenho ou escrever como se sente", arrisquei. Ficamos em silêncio e sua raiva pareceu se dissolver. 

Exercite habilidades de negociação 
Às vezes, penso que meus filhos nunca vão chegar a um acordo sobre o que devemos fazer quando estamos juntos. Um quer ir ao parque, outro quer jogar tênis. Ninguém quer ceder. As reuniões de família garantem que todos sejam ouvidos. 

Estimule as brincadeiras 
Parece haver alguma verdade no ditado: "Família que brinca unida, permanece unida". Apesar da fascinação das crianças pelos jogos eletrônicos, procuro limitar esse tipo de jogo. Com os aparelhos desligados e um tempo maior em que nada está acontecendo, eles são levados a brincar juntos. 

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