Radialista acredita na participação empresarial contra a exploração sexual nas estradas
Pedro Trucão é conhecido como o radialista das estradas. Aos 58 anos, 31 deles dedicados ao jornalismo, Trucão apresenta semanalmente o quadro Globo Estrada Na Mão Certa, dentro de seu programa Globo Estrada, que vai ao ar diariamente pela Rádio Globo AM, das 5h às 6h e das 15h às 17h. Ele também produz o programa Pé na Estrada, exibido aos domingos pela Rede TV, e aos sábados pela TV Aparecida.
Há mais de três décadas Trucão viaja pelas estradas brasileiras. Foi assim que conheceu a realidade de quem tem nelas seu campo de trabalho. Em entrevista à Childhood Brasil, ele diz acreditar no papel fundamental dos motoristas como agentes de proteção da infância nas estradas. Trucão também é otimista em relação à atuação das empresas para a causa do Programa Na Mão Certa.
Childhood Brasil – Como surgiu a ideia de produzir o quadro Na Mão Certa dentro de seu programa na Rádio Globo?
Pedro Trucão – Eu conheci o trabalho da Childhood Brasil em um evento em Maringá há alguns anos. Percebi que a Childhood Brasil via o motorista como agente de proteção da infância, que é como eu também o vejo. A partir de então comecei a fazer alguns trabalhos e a abordar com mais frequência o tema em meus programas. Depois, em 2011, criamos o quadro.
CB – Seu público é formado não apenas por motoristas e pessoas ligadas diretamente ao setor do transporte. Quão importante é a abordagem do tema com a sociedade de modo geral?
Trucão – Além de pessoas ligadas ao setor de transporte, muitos dos meus ouvintes são donas de casa ou profissionais liberais. É muito importante abordar o tema com esse público, pois a família do caminhoneiro deve estar engajada nesse tipo de assunto. O caminhoneiro é pai, marido, filho. A mãe, a esposa, as filhas também não querem que ninguém de seu círculo se envolva com a exploração sexual. A família tem papel fundamental. Muitas mulheres pedem para que seus maridos denunciem casos de exploração sexual. O caminhoneiro na estrada é um verdadeiro agente de proteção.
CB – Seu trabalho é veiculado tanto no rádio como na televisão. Qual é a diferença principal de seus programas nesses dois meios de comunicação?
Trucão – Meu público na TV é mais segmentado e é formado por motoristas autônomos, empresários do setor e empregados de transportadoras. No rádio o público é mais amplo e, como já disse, é formado também por donas de casa e por profissionais liberais. No rádio consigo abordar o enfrentamento da exploração sexual de maneira mais aprofundada, devido ao público e também ao tempo de programa, que é maior do que na TV.
CB – Qual é sua avaliação sobre o desempenho do setor de transporte no enfrentamento da exploração sexual infantojuvenil nas estradas brasileiras este ano?
Trucão – Quem acompanha o setor sabe que este ano foi muito corrido, devido ao aquecimento da economia. Dessa maneira, acredito que os motoristas tiveram pouco tempo para acompanhar as ações relacionadas à causa do Programa Na Mão Certa. Mas por outro lado tenho notado que os empresários do setor, os transportadores e os microtransportadores estão interessados na causa. Nos eventos que participei este ano muitos deles procuraram se informar sobre a causa e levar a informação para dentro das empresas. Há um interesse muito grande das empresas para que os motoristas sejam multiplicadores da causa.
CB – As empresas estão mais engajadas ou não?
Trucão – É muito difícil uma empresa não se engajar na causa quando tocamos no assunto. As empresas querem fazer parte do enfrentamento da exploração sexual, pois todas têm um interesse social. É claro que há um custo para isso, para aderir ao Pacto Empresarial, o que às vezes dificulta a adesão de algumas empresas. Mas eu sinto que há uma tendência de aumento da participação das empresas. Elas querem e sabem que é importante participar.
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