Contribua com o SOS Ação Mulher e Família na prevenção e no enfrentamento da violência doméstica e intrafamiliar

Banco Santander (033)

Agência 0632 / Conta Corrente 13000863-4

CNPJ 54.153.846/0001-90

terça-feira, 1 de outubro de 2013

As relações que nunca acabam.

Em histórias de amor e sexo, os finais são surpreendentes e imprevisíveis.

Por Mônica El Bayeh

  (Foto: Mariana Bastos)

(Foto: Mariana Bastos)

Você tinha o outro como certo e garantido. Quando vê a pessoa está indo embora de mala na mão. E agora? Desacompanhada, carente vai fazer o que? Começar tudo de novo? Como? Com quem? Será que vale a pena?

Um outro parceiro pode ser interessante? Sim, uma possibilidade que se abre. Como todo brinquedo novo, tem seu brilho. Vem bonito, bem embalado, pronto para impressionar. Mas a trabalheira da fase de montagem. A inexperiência de manipular aquele novo equipamento. A necessidade de ficar verificando as instruções. Pode se tornar um pouco cansativo e quebrar o clima animado da brincadeira.

Claro que sempre tem uns super dinâmicos, muito divertidos, de fácil manejo. Você não só rapidamente esquece tudo o que já teve. Como ainda lamenta o tempo perdido e retoma a alegria que havia sido apagada com o luto pelo antigo.

Fases de entressafra são recheadas de criaturas, por vezes chatas, vazias, complicadas, até bem desagradáveis. Quem já passou, sabe bem. É um susto atrás do outro. Aí você decide não descartar de todo o ex. A moda não é reciclar? Então!

Abrindo alguns precedentes, começa com umas ligações mais simpáticas, umas visitas eventuais, uns encontros mais calientes. Customiza o ex e o transforma no popular Peru Amigo. Uma espécie de gambiarra sexual. Alguém conhecido, mais à mão para ser utilizado até que se ache uma melhor opção. Pode ser um amigo, um ficante, um ex. Pode ser uma boa alternativa? Cada um sabe de si. É preciso avaliar bem.

A facilidade alegada no caso do Peru Amigo é a falta de cobranças, compromissos ou coisa que o valha. Precisam, chamam e se suprem. Simples assim, pelo menos na teoria. No caso de seu Peru Amigo ser um ex, pense bem. Ex-amores são mar agitado. Todo cuidado nunca é o bastante. Depois que o calor do momento esfriar, ele se vestir para ir embora, como você vai ficar?

Pode ser cortante ver seu ex-parceiro indo embora mais uma vez depois de um momento tão próximo e íntimo. E insuportável saber que ele está indo embora para os braços de outra pessoa. Você acha que aguenta? Vale mesmo a pena? Prefere arriscar? Se segurar a onda, vai fundo. Se não souber nadar, pense bem.

Parceiro antigo vem com a comodidade de ser alguém que já conhece seu corpo, seu jeito, a facilidade de já saber como encaixa e funciona. É como jogo muitas vezes jogado. Você conhece as regras. Já sabe as armas de que dispõe, onde e como funcionam. O que vence o inimigo e o que não faz muito efeito. Conhece os caminhos, os segredos. É confortável jogar com ele, vocês já tem macetes combinados. A vitória quase sempre é certa para a dupla. E não deixa de ser divertido. Pelo contrário, o que é familiar, descontrai, deixa as pessoas mais à vontade. Relaxado, tudo acaba sendo melhor.

Por essas e por outras, não é raro casais desfeitos continuarem se vendo. Ao contrário, muito mais comum do que se imagina. Só que agora, de acordo com uma nova ordem instaurada. Novas combinações. Inclusive a total falta delas. Sem compromissos, sem tantas cobranças. Deu vontade, ficam.

Não raro, a dor de ter perdido a pessoa, faz reavaliar valores e posturas. Ex-parceiro antes desvalorizado, meio empoeirado na prateleira, agora pode ser desejo de outro. Isso aguça olhares esquecidos. Afinal, se é interessante para outro, será que o descarte foi um erro de avaliação? O desejo do outro cria vontades adormecidas. Lei da oferta e procura. Reacende a possibilidade do desejo na relação. Assim costuma funcionar o desejo humano: eu desejo o desejo do outro.

O peso do compromisso desfeito proporciona uma diferença na relação. As obrigações diárias ficam mais diluídas. A distância dá chance de ter saudade. Com mais leveza a relação rejuvenesce. Agora afastados, mais aliviados, mais leves, começam a se olhar de uma outra forma. Separados, podem se ver diferentes. Não mais tudo junto e misturado. Vários casais reatam e seguem daí uma nova etapa.

Em se tratando de afetos, acho tudo muito relativo. Não há certos e errados. Há o que faz você se sentir bem. E o que faz você sofrer. O que te causa prazer, e o que te causa dor. Não pelo que é dito, e isso é importante. Não pelas palavras doces, promessas ou juras de amor. Palavras o vento leva.

É bom que você avalie pela forma como aquela pessoa te faz sentir quando você está junto dela. É a forma como você se sente que dá o tom da relação. E, principalmente, o estado no qual você permanece depois que ela se vai e de dois, só sobra você. Você fica em estado de graça ou de desespero? Tranquila e satisfeita ou vazia e angustiada?

Algumas pessoas insistem na relação com o ex movidas pela sensação de vingança. Roubou meu parceiro? Pois veja quem é a corna da vez. Essa é a resposta que pensam que estão enviando à atual parceira, aquela mulher...

A vingança pode ser emocionante e apimentar a relação? Talvez, algumas vezes. Mas, só queria entender uma coisa. O ex que te abandonou, agora é premiado com duas mulheres? É isso mesmo, ou meu raciocínio está confuso? Lucro puro!

Em histórias de amor e sexo, os finais são surpreendentes e imprevisíveis. Cada um é livre para construir o seu. O amor do outro é bom. Mas, o seu amor é o que vai te sustentar em pé quando o outro se for. Ele vai te dar forças para acordar a cada dia, te empurrar, te dizer: vai!

As pessoas que esperam que o amor venha do outro, são as mais carentes. As pessoas que se gostam, são as mais atraentes. De que lado você quer ficar?  

Nenhum comentário:

Postar um comentário