Criado na França, AdoteUmCara chega ao Brasil com abordagem polêmica
LUIZA BARROS
Um dos criadores do AdoteUmCara, Manuel Conejo conta que site chegou o Brasil atendendo a pedidos Foto: Divulgação |
RIO — Tem muita gente por aí reclamando que o produto está em falta, e que há muito mais demanda do que oferta no mercado. A crise é tão grande que se espalha em escala global, atingindo até redutos da sensualidade como a França e o Brasil. Diante disso, os jovens empreendedores Manuel Conejo e Florent Steiner, dois parisienses de 34 anos, acharam a oportunidade para criar o site de relacionamentos AdopteUnMec.com, empreitada de sucesso na Europa que acaba de desembarcar no Brasil rebatizada como AdoteUmCara.com.br e promete ajudar a acabar com a reclamação geral que já virou até letra de música tecnobrega: “tá faltando homem”.
— Queríamos criar uma coisa que fosse ligada ao universo feminino, por isso pensamos em uma loja on-line. Achamos que era uma forma divertida de chamar a atenção das mulheres — explica Manoel, por telefone.
Uma visita ao site comprova o tom engraçadinho: na página principal, há chamadas para uma liquidação de sarados, oferta de surfistas e uma seleção de gaúchos com selo “tchê” de qualidade. Para fazer o cadastro, os interessados devem informar se são “clientes” (mulheres) ou “produtos" (homens). Quem faz login, porém, encontra um ambiente que parece um cruzamento de rede social com e-commerce. As meninas preenchem uma lista de desejos, em que informam se procuram tipos tão variados como sertanejos, vaqueiros, hipsters, geeks, andrógenos ou playboys. Feito isto, é só ir às compras e clicar no botão colocar ao carrinho para demonstrar que se está interessada. Também é possível “reservar um cara”, o equivalente a tirar uma roupa da arara. Mas, para isso, é preciso a aceitação do candidato. Outra facilidade é a concessão de “charmes", pontos de popularidade que lembram os corações e cubos de gelos do Orkut, e auxiliam na hora de ganhar destaque na página principal. Segundo Manoel, as ferramentas foram escolhidas para dar maior autonomia às mulheres.
— Não queríamos que elas ficassem atoladas de milhões de mensagens de homens. Aqui, os homens precisam primeiro da permissão das mulheres para abordá-las — diz ele, que jura ter contado com muita ajuda das amigas para entender o que elas queriam. Já o outro sócio, Florent, chegou a sair com uma menina após conhecê-la dentro do próprio site.
— Começamos a conversar on-line e tudo fluiu bem — relata o rapaz, que é formado em tecnologia da informação e se encaixa entre os geeks do site.
Na França, os números impressionam: com cinco anos de idade, o AdopteUnMec conta com 7 milhões de usuários ativos e recebe 7 mil inscrições de homens e mulheres diariamente, segundo a empresa. Curiosamente, o site é financiado não pelas “compradoras”, e sim pelos “produtos”, que pagam por pacotes que variam de € 29,90 a € 119,90 para ganharem pontos de popularidade sem depender da vontade das meninas. Por enquanto, o site brasileiro é financiado pela versão francesa e o cadastro é completamente gratuito.
No ano passado, os lucros permitiram até a abertura de uma pop-up store (loja que funciona por um período limitado de tempo) em Paris, no centro comercial Forum Des Halles, em que bonitões eram dispostos em vitrines que se assemelhavam a embalagens de bonecos. O burburinho da ação de marketing chamou a atenção do público e mídia do Brasil, e pesou na decisão de fazer a estreia fora da Europa no nosso território. A empreitada, porém, não deve ser repetida por aqui.
— Recebemos muitos pedidos de brasileiros para que o site chegasse aqui. E achamos o país incrível. Para 2014, queremos chegar ao México e à Argentina — planeja Manoel.
Ainda não se sabe, contudo, se a brincadeira dos rapazes vai cair bem no Brasil. Lançado em novembro passado com uma abordagem semelhante, o aplicativo Lulu foi alvo de ações na justiça por homens que se sentiram injustiçados. A ferramenta permitia dar nota e fazer comentários sobre a personalidade e o desempenho sexual de qualquer amigo do sexo masculino no Facebook, mesmo sem autorização. Para Manoel, o AdoteUmCara não falta o respeito com os rapazes da mesma forma que o app.
— O Lulu causou tanta controvérsia porque denigre a imagem dos homens. Pode ajudar as garotas, mas é ruim para eles. Se discutimos a questão do sexismo, o Lulu é uma coisa muito negativa. No nosso site, os homens só fazem o cadastro se quiserem e, se a menina autoriza, se torna muito ativo. Tentamos deixar as coisas mais equilibradas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário