Religiosos deixaram a Igreja entre 2011 e 2012, durante pontificado de Bento 16. Organização que reúne vítimas diz que expulsar é estratégia de autodefesa e quer ajuda do Vaticano para entrar com processos judiciais.
O Vaticano confirmou neste sábado (18/01) que 384 clérigos foram expulsos da Igreja nos dois últimos anos do pontificado do agora papa emérito Bento 16, por acusações de pedofilia. Segundo Federico Lombardi, porta-voz do Vaticano, foram 260 padres afastados em 2011 e cerca de 124 em 2012.
"Alguns foram expulsos como resultado de procedimentos disciplinares, outros pediram para sair", afirmou Lombardi à agência de notícias AFP. Bento 16, que renunciou no ano passado e foi substituído pelo papa Francisco, havia prometido tolerância zero para os sacerdotes que cometessem abusos contra menores.
No entanto, a Rede de Sobreviventes de Abusos Praticados por Padres (Snap), que reúne vítimas de abusos sexuais por parte de membros da Igreja, afirmou em comunicado que essas medidas disciplinares não são suficientes e que "o papa Francisco deve afastar também os clérigos que encobriram crimes sexuais".
"Estratégia de defesa"
Associações que reúnem as vítimas afirmam que ainda falta transparência na Igreja com relação a este assunto. "As autoridades católicas devem ajudar a garantir que os clérigos que abusaram de crianças sejam processados criminalmente", afirmou o Snap em comunicado. "Expulsar é mais uma estratégia de defesa do que de proteção à criança".
Na quinta-feira, durante uma homilia, o papa Francisco disse que os católicos devem sentir "vergonha" pelos escândalos envolvendo a Igreja. Ele afirmou ainda que os envolvidos no escândalo "não tinham uma relação com Deus".
De maneira inédita, uma delegação do Vaticano precisou, no início desta semana, dar respostas à Comissão de Direitos das Crianças das Nações Unidas sobre o compromisso da Igreja de acabar com abusos sexuais de menores por padres.
Revelações de crimes sexuais cometidos por membros do clero e o encobrimento por parte de seus bispos surgiram na Irlanda e nos Estados Unidos há mais de uma década e desde então vêm abalando a Igreja Católica e sua relação com os fiéis.
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