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sábado, 7 de março de 2015

Angélica Franco:"O maior trunfo das mulheres no mercado de trabalho é a qualificação"

As mulheres são cada vez mais qualificadas e vêm tomando os cargos anteriormente ocupados em sua maioria por homens, afirma a gestora de projetos do Great Place to Work Brasil, premiação que reconhece as melhores empresas para trabalhar

MARINA SALLES
07/03/2015

Angélica Franco, gestora de projetos do GPTW Brasil (Foto: ÉPOCA)
Angélica Franco, gestora de projetos do GPTW Brasil
(Foto: ÉPOCA
Em poucas gerações, a presença da mulher no mercado de trabalho evoluiu muito. Se antes, a maior parte das mulheres ficava em casa, hoje, a mão de obra feminina já é mais bem qualificada do que a masculina e ocupa posições relevantes dentro das empresas. No entanto, não é hora de comemorar. Mesmo mais preparadas, as mulheres ainda recebem menos do que os seus colegas, inclusive em empresas premiadas pelo Great Place to Work Brasil.

Nesta entrevista, Angélica Franco, gestora de projetos da premiação GPTW, organizada anualmente pelo instituto em parceria com ÉPOCA, fala sobre a presença da mulher no mercado de trabalho e argumenta que existe uma tendência de que o sexo feminino passe a ocupar cada vez mais espaço nas empresas e, inclusive, as melhores vagas.

ÉPOCA - Para que a mulher pudesse ampliar seus horizontes no mercado de trabalho, o que mudou nos lares brasileiros? A partir de quando?
Angélica Franco - Pensando no Brasil, poderíamos dizer que entre os anos 1960 e 1990 houve um grande avanço. Da década de 1990 para cá, o termo mais exato para descrever esta evolução seria “gradual”. Em 1960, a taxa de ocupação de mulheres, divulgada pelo IBGE, era de 16,5%. Esse índice passou para 43,4% em 1992 e, em 2009, a taxa foi de 46,8%. Ou seja, o número de mulheres ocupadas cresceu nestes 50 anos, principalmente entre 1960 e 1990; da década de 1990 para cá, ela tem variado na casa dos 40%, 50%, sem muita evolução. Em 2012, a taxa de participação das mulheres no mercado de trabalho foi de 42,47%. Falando apenas das empresas premiadas na lista Great Place to Work Brasil, observamos um aumento da participação de mulheres de 22 pontos percentuais no  período 1997 a 2014 e de 29 pontos percentuais nos cargos de gestão. A proporção de mulheres nas empresas premiadas em 2014 – 47% no total – está acima da média nacional.

ÉPOCA - Em quais carreiras as mulheres ganharam destaque nos últimos anos?
Angélica - Segundo os dados levantados em nossa pesquisa, há uma grande presença feminina nos cargos de gestão de recursos humanos (RH). Na última pesquisa nacional, foi constatado que 51% dos diretores de RH das empresas premiadas na lista GPTW-Brasil 2014 são mulheres. Este percentual é bem significativo, considerando que esta lista contém empresas de características bem diversas – ramos de atividade, número de funcionários, níveis de faturamento etc. Dentre as listas GPTW, notamos uma forte presença feminina também na área da saúde: na lista voltada para o setor (GPTW-Saúde 2013), 67% dos funcionários eram mulheres; nos cargos de gestão, elas representavam 53%.

ÉPOCA - Quanto à capacitação, é fato que as mulheres estão melhor preparadas do que os homens? Que dados provam isso?
Angélica - Somos um país em desenvolvimento, precisamos ser cada vez mais produtivos e gerar melhores resultados financeiros. Isso tem feito crescer cada vez mais no país uma cultura voltada para os resultados, para o mérito, onde a mão de obra qualificada tem papel fundamental. E isso talvez seja o maior trunfo nas mãos do público feminino: elas são cada vez mais qualificadas e vêm tomando, a cada dia que passa, os cargos das empresas anteriormente ocupados em sua maioria por homens. Quanto mais altos na hierarquia estão os cargos, mais qualificação exigem, nos fazendo supor que haverá um crescimento da participação feminina nos cargos de gestão das empresas nos próximos anos.

ÉPOCA - Mesmo assim ainda há diferença salarial entre funcionários do sexo masculino e feminino. Isso também ocorre nas empresas premiadas?
Angélica - Embora as mulheres estejam cada vez mais presentes no mercado de trabalho e cada vez mais qualificadas – até mais que os homens –, ainda vemos diferença salarial entre os dois grupos. Segundo dados do relatório “Desigualdade de Gênero” divulgado no ano passado pelo Fórum Econômico Mundial, de 136 países, o Brasil fica em 117º lugar na questão da desigualdade salarial entre homens e mulheres. As empresas premiadas pelo Great Place to Work ficam acima da média nacional neste quesito, as mulheres ganham 83,6% do salário dos homens – ou seja, mesmo nessas empresas, há este ponto a melhorar. No Brasil, as mulheres ganharam 72,9% do salário dos homens segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) do IBGE de 2012. Nas consideradas melhores empresas para trabalhar, premiadas pelo Great Place to Work, há políticas específicas para o desenvolvimento e crescimento das mulheres em suas carreiras, o que tem gerado resultados positivos. Isto é um fator mais importante que os percentuais de representação atuais, porque indicam um futuro promissor para as mulheres dessas empresas com relação à suas carreiras, devido ao investimento que recebem por parte das organizações nas quais trabalham.



Com edição de Liuca Yonaha

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