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sexta-feira, 15 de março de 2019

Dormir para esquecer a fome

Mães de Japeri, na Baixada Fluminense, relatam suas lutas para criar os filhos em meio à pobreza, ao desemprego e aos confrontos diários entre facções de traficantes

13 de março de 2019
Texto: Elvira Lobato

A fome dá sono. A fome deixa traumas nas vítimas para o resto da vida. E, em muitas famílias pobres da periferia do Rio de Janeiro, a fome atravessa gerações.

A fome é descrita por algumas mães como uma dor física que atinge o estômago como um soco. Para outras, ela é acompanhada de um sofrimento emocional imensurável quando não conseguem alimentar adequadamente os filhos pequenos ou têm de enganá-los com alguma coisa que não seja comida de verdade. Quando o alimento é insuficiente em casa, a mãe deixa de comer para alimentar os pequenos.

Essas histórias das mulheres chefes de família para alimentar e criar os filhos estão a apenas 80 quilômetros do centro do Rio de Janeiro, no segundo estado mais rico do país, no município de Japeri, onde há bolsões de pobreza e de fome. O município tem o pior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da região metropolitana.

A miséria é agravada pela violência e pelo desemprego. Três facções de tráfico de drogas – Amigos dos Amigos, Comando Vermelho e Terceiro Comando – disputam o controle de territórios, o que dificulta a circulação e a busca por emprego. Os jornalistas que chegam ao município são aconselhados a circular com as janelas do carro abertas e com o pisca alerta ligado para que os bandidos não os confundam com a polícia ou com integrantes de facções rivais.

Por causa dessa violência, dois dos sete Centros de Assistência Social (Cras) da prefeitura ficaram fechados no segundo semestre de 2018. Os tiroteios ocorrem a qualquer hora do dia ou da noite e nenhum bairro de Japeri é considerado seguro. Nem mesmo Engenheiro Pedreira, distrito que concentra a maior parte da população, do comércio e dos serviços bancários.

Com uma população de 103 mil habitantes estimada pelo IBGE, Japeri tinha 10.323 beneficiários do programa Bolsa Família em dezembro de 2018. Nossa reportagem localizou mulheres em situação de extrema pobreza que hoje não recebem o benefício por falta de documentos, ou que tiveram o pagamento bloqueado. Segundo o secretário de Ação Social do município, Márcio Rosa, o governo federal suspendeu cerca de 6 mil benefícios em 2018 porque as famílias não atenderam aos requisitos exigidos – como recadastramento e pesagem das crianças – ou por divergência de informações sobre o rendimento familiar apontada pelo cruzamento dos dados oficiais.

Cadastramento itinerante
O secretário considera que o número de assistidos é muito pequeno diante da pobreza visível nas ruas. Por isso, ele decidiu montar um sistema itinerante para cadastrar a população carente que está fora do programa. “Acreditamos que muitos não se inscrevem por desinformação, medo, ou falta de dinheiro para se deslocar até a prefeitura”, disse Márcio Rosa. Segundo ele, a prefeitura alugará um ônibus para percorrer bairros pobres e fazer o cadastramento.

Os beneficiários do Bolsa Família, considerados extremamente pobres, recebem um piso mensal de R$ 89,00. O valor é acrescido de R$ 41 por criança (máximo de cinco, de 0 a 15 anos), de R$ 48 por jovem (de 16 a 17 anos, limitado a dois). Para manter o benefício nas famílias com filhos, é preciso comprovar vacinação, pesagem e medição das crianças até 6 anos.

A ajuda da prefeitura de Japeri para amenizar a fome é mínima. A secretaria distribui apenas 600 cestas básicas por ano. O número, esclarece o secretário, refere-se à quantidade de unidades distribuídas, e não de famílias atendidas. Ou seja, o atendimento não alcança todas as famílias em situação de extrema pobreza.

Por causa da violência, a prefeitura suspendeu eventos públicos para vacinação, corte de cabelo e serviços à população. “Como vamos colocar funcionários públicos e a população na rua com três facções brigando entre si?”, indagou o secretário. No início da entrevista, ele mostrou no celular áudios de tiroteios gravados naquela manhã e na véspera.

Há gerações, o sono funciona para escapar da fome
Dormir é um dos artifícios para ludibriar o estômago vazio, diz Sônia Regina Campos, de 61 anos, ao relatar sua história. Nascida no município vizinho de Mesquita, na Baixada Fluminense, ela tem dez filhos e 14 netos. Abandonou os estudos no terceiro ano do ensino fundamental, como aconteceu com a mãe dela.

As semelhanças com a mãe vão além: ambas tiveram dez filhos que não conseguiram alimentar adequadamente. O pai dela, alcoólatra, teve vários ofícios. “Lembro dos dias sem comida na casa de meus pais. Minha mãe punha a gente pra dormir para a fome passar, porque a fome dá sonolência. Isso durou até eu ficar grande. Aos 14 anos, fui morar com minha avó, porque faltava comida na casa da minha mãe”, disse.

Sônia se casou aos 19 anos, contra a vontade da avó, e repetiu o drama vivido pela mãe. O marido vivia de biscates e frequentemente ficava sem trabalho. Ela fazia faxinas para colocar alguma comida na mesa. Mas era insuficiente. “Muitas vezes coloquei meus filhos para dormir para esquecer a fome, como minha mãe fazia.”

Ela lembra que o marido ficava nervoso quando estava desempregado e não havia o que comer, e descarregava a ira espancando-a. “Eu tentava consolar ele, mas ele me batia muito, muito. Batia como se estivesse dando em um homem. Até grávida eu apanhava. Tive meu primeiro filho aos 20 anos. Aos 30, já tinha seis.”

Para alimentar os filhos, Sônia catava sobras de legumes nas feiras e alimentos fora da validade descartados pelos supermercados. “Graças a Deus, meus filhos nunca adoeceram por causa disso.” Ficou viúva aos 53 anos e, como o marido não deixou pensão, passou a sobreviver de faxinas e de R$ 127 por mês que recebe do Bolsa Família.

Hoje, Sônia mora de aluguel em um pequeno cômodo no bairro de Engenheiro Pedreira e divide o espaço com o filho mais novo. Ela dorme na cama de solteiro e o filho, no chão. Não há geladeira nem armário na casa. Há um velho televisor analógico de 14 polegadas e um rádio de pilha.

Suas filhas também têm dificuldade para alimentar os filhos. Uma mora em um cômodo vizinho ao da mãe, com três crianças. Também sobrevive do Bolsa Família e de doações dos vizinhos. Sônia diz que acompanha angustiada a situação da filha e dos três netos pequenos. “Sei que passam fome lá, porque ela vem me pedir comida. Mas posso ajudar pouco, porque também dependo dos vizinhos.”

Angu com mato
O faminto transforma mato em alimento, como relata Fátima Regina dos Santos, de 53 anos, que nasceu e se criou na pobreza, na Baixada Fluminense:
“Alimentei meus filhos com maxixe e maracujá do mato, com banana verde, angu com mato [capim] e com talo [haste] de pena de galinha assado no fogão a lenha. Passei e ainda passo muita fome. Tem dia que eu queria comer um pão, e não posso”.

Fátima não tem boas lembranças da infância. Contou que a mãe era alcóolatra e se prostituía: “Minha infância foi muito ruim. Passei fome e vestia roupas de saco”, afirmou. Ela teve seis filhos de dois maridos que não a ajudaram no sustento das crianças. Sobrevive com o dinheiro de faxinas ocasionais, com R$ 320 mensais que recebe do Bolsa Família e com a ajuda de vizinhos que às vezes lhe dão “uma pontinha de carne”.

Ela mora em uma casa abandonada em uma favela dominada pelo tráfico de drogas do bairro São Jorge, cujos proprietários fugiram para escapar da violência. Vive em companhia de uma neta e da filha mais nova, de 14 anos. Contou que outra filha também mora em casa abandonada na mesma favela e, assim como ela, cria filhos sem a ajuda dos pais e passa fome com frequência.

Comida de presídio
Quem vê Luzia Jesus Mendonça caminhando pelas ruas do bairro Jardim Belo Horizonte, em Japeri, não imagina a dramática situação em que se encontra. Aos 41 anos, sofre de depressão e não possui nenhuma fonte de renda, exceto alguns trocados que obtém com a venda de chinelos e perfumes para vizinhos quase tão pobres quanto ela.

Tem quatro filhos e vive com dois deles e com um companheiro em uma construção inacabada cercada por um matagal, na margem da linha do trem. Do outro lado dos trilhos ficam os presídios onde a família busca diariamente os pães para o café da manhã e as sobras das refeições da guarda.

O filho menor, de 10 anos, é quem busca o pão. Entre 7h e 8h, o menino desce do morro por uma trilha estreita e escorregadia, atravessa a linha do trem, passa pela Escola Municipal Belo Horizonte, onde estuda, e sobe a ladeira até a entrada da Casa de Custódia Cotrim Melo, que faz parte do complexo penitenciário de Japeri, incluindo os presídios Milton Dias e João Carlos da Silva.

Segundo Luzia, nem todos os guardas comem a refeição que é servida. Na maioria das vezes, o garoto volta para casa com pães e manteiga, mas há dias em que leva também guaraná ou achocolatado.

O garoto almoça na escola e por isso à tarde cabe a ela ir ao presídio esperar pelas marmitas recusadas pela guarda, que são distribuídas por volta das 14h. Muitas famílias, segundo ela, matam a fome com a comida do presídio. A marmita – com arroz, feijão, macarrão, farofa e carne – é dividida para o almoço e o jantar da família.

Ela vive sob medicamentos antidepressivos. “Morei na favela do Jacaré [no Rio de Janeiro] quando menina. Vi muitas mortes, muitos tiroteios e fiquei com a cabeça ruim”, resumiu. A família recebe ajuda dos fiéis do templo da Igreja Assembleia de Deus, que ela frequenta. “Tenho ajuda da igreja e do presídio. É lá e cá”, resume.

Excluídas do Bolsa Família
Luzia Mendonça, que depende da comida do presídio para sobreviver, está entre os 6 mil que tiveram o Bolsa Família suspenso. Desde julho, quando o filho de 15 anos foi morar com o pai e abandonou a escola, ela deixou de receber o benefício. A manutenção do pagamento exige frequência escolar mínima de 85% até os 15 anos e de 75% dos 16 aos 17 anos. Com a ausência da sala de aula, veio a perda da ajuda.

Já Luciene da Costa Lima e seus quatro filhos foram suspensos do programa Bolsa Família em setembro de 2018. Segundo ela, o governo bloqueou o pagamento mensal de R$ 525 que recebiam porque o cruzamento dos dados de renda mostrou que a filha menor, de 3 anos, passou a receber pensão do INSS de um salário mínimo em razão da morte do pai, em um acidente de trem.

Sob a ótica fria dos números, a pensão de R$ 950 que a menina passou a receber tirou a família da situação de extrema pobreza. Mas a realidade é outra. Com a pensão da menina, Luciene paga o aluguel da casa, de R$ 250 mensais, e corre para o supermercado para garantir a compra do mês: 35 quilos de arroz, 8 quilos de feijão, oito latas de óleo, 20 quilos de açúcar, sete caixas de leite e bastante fubá para o angu. Não compra café por economia. A carne entra eventualmente no cardápio, mas só as partes menos nobres da galinha, que são mais baratas. “As crianças pedem um iogurte, mas não posso dar”, diz.

A casa é minúscula – sala, quarto e cozinha –, mas os cômodos são limpos e enfeitados com os brinquedos das crianças doados por igrejas. Luciene é analfabeta. Abandonou a escola no segundo ano do ensino fundamental e só sabe desenhar as letras do próprio nome.



Resignação e luta
Aos 29 anos, Joice Aparecida dos Santos Ferreira desdobra-se para criar seis filhos. Os dois mais velhos são pré-adolescentes e a mais nova tem 1 ano. Todas as crianças têm nomes iniciados com K: Kauã, Kaio, Kaíque, Karen, Kailane e Kauane.

Todos são filhos do auxiliar de pedreiro Agnaldo Orlando Silva. Sem emprego fixo, ele vive de “bicos”. O casal separou-se e ela precisou ir à Justiça para obrigá-lo a ajudar no sustento dos filhos. Mas a jovem mostra-se resignada com suas duras condições de vida. Não se queixa do ex-marido omisso e elogia uma tia dele, empregada doméstica em Copacabana, que a ajuda com dinheiro e mantimentos.

Joice vive com as crianças em um “puxadinho” de dois cômodos nos fundos da casa da avó, Maria Ernestina Santos, de 70 anos, ex-empregada doméstica que se alfabetizou depois de aposentada. A avó diz que sofre ao ver as dificuldades da neta. “Ela não me pede nada, mas sei que passa muita dificuldade. Eu a ajudo disfarçadamente, pra não deixá-la com vergonha.”

Os filhos maiores de Joice estudam na Escola Espírita Joanna de Angelis, onde tomam o café da manhã, almoçam e fazem o lanche da tarde. Os menores estão em uma creche municipal, onde também almoçam. A casa em que vivem não tem guarda-roupas, geladeira, mesa nem cadeiras. Apenas uma cama de casal e uma de solteiro, um velho armário e um fogão na cozinha. A única distração na casa é uma pequena TV analógica de 14 polegadas.

Para sustentar os filhos, Joice se desdobra: faz três faxinas por semana e borda vestidos e bermudas em casa, enquanto os filhos estão na escola ou dormindo. Ela presta serviços a uma costureira que paga R$ 2 por short bordado. O pastor da igreja que ela frequenta é feirante e costuma lhe dar verduras.

Ela não imaginava assim seu futuro: “Pensava que seria muito melhor, mas farei tudo o que puder para que meus filhos tenham uma situação melhor que a minha”.

Moradores de Japeri recebem ajuda de religiosos
Na Vila Santa Amélia, um dos bairros mais desassistidos de Japeri, a Instituição Espírita Joanna de Angelis mantém uma escola com 125 alunos em horário integral. Fundada em 1980 pela alagoana Terezinha Oliveira Lopes, de 86 anos, é um projeto liderado por mulheres. As mães dos alunos dedicam um dia do mês para ajudar na cozinha, limpar e cuidar das instalações. As salas são arejadas e enfeitadas com flores e cortinas coloridas. Árvores frutíferas dão sombra que amenizam a temperatura. O amplo refeitório é usado pelos moradores para festas de casamento e aniversários.

A fundadora nasceu em uma família de 20 filhos. Eram pobres, mas nunca passaram fome. “Se não fosse a comida daqui, muitos passariam fome”, conta Terezinha.

Os alunos recebem uniforme e material escolar e têm café da manhã, almoço e lanche da tarde. Além das matérias curriculares, aprendem música, informática e costura. Os custos são bancados por integrantes do Centro Espírita Joanna de Angelis, de Copacabana, e por amigos da fundadora. As famílias dos alunos contribuem com 1 quilo de alimento por mês.

Terezinha é professora aposentada e mora em Botafogo, na zona sul do Rio de Janeiro, cerca de 100 quilômetros de distância dali. Apesar da idade avançada, enfrenta o calor e os engarrafamentos e vai todos os dias úteis a Japeri. “Nunca fui assaltada nem abordada por traficantes. Tampouco recebi ordem de toque de recolher na escola. Sou respeitada por meu trabalho”, diz.

Ela atribui às entidades espíritas a decisão de construir a escola. Tinha recebido dois lotes em herança e foi até lá com a intenção de vendê-los. Ao ver que não havia nenhuma escola na região, comprou mais dois lotes. “Esta é minha fonte de energia e minha razão de vida”, resume.

Pastoral é fonte de alimentação para moradores da Baixada

Toda primeira semana de mês, o pátio da igreja católica Sagrada Família, no bairro da Posse, município de Nova Iguaçu, também na Baixada Fluminense, é tomado pela algazarra de cerca de 50 crianças que são levadas pelas mães para serem medidas e pesadas. Ao final, recebem suplementos alimentares e roupas doadas por fiéis. A equipe da Pastoral da Criança, entidade da Igreja Católica, conhece as necessidades de cada mãe e faz o acompanhamento permanente das mais necessitadas.

É o caso de Suelen Paulino de Assis, de 24 anos, que teve o quinto filho três dias antes do réveillon, uma menina, registrada como Alícia. Ela mora só com os filhos em uma casa abaixo do nível da rua. Quando chove, a água cobre os poucos móveis e o fogão. Mãe e filhos trazem manchas de escabiose, um tipo de sarna transmitida por cachorros. Eles perderam o benefício do Bolsa Família em 2017 porque as certidões de nascimento e as carteiras de vacinação foram levadas pela enchente e não providenciaram novos documentos.

A história de Suelen é igual à de muitas outras jovens pobres da Baixada Fluminense. Os cinco filhos são de quatro pais diferentes. Ela os cria sozinha, sem ajuda financeira de nenhum deles. Engravidou dos namorados no início dos relacionamentos e foi mãe pela primeira vez aos 15 anos. Como consegue alimentar os seus filhos? “Com a ajuda dos outros, dou arroz e feijão. Às vezes, as pessoas me dão um litro de leite”, conta. Verduras e legumes não fazem parte de nenhuma refeição das crianças.

Também atendidas pela Pastoral, Marcela da Cruz Barbosa, de 25 anos, e Marcela Ferreira da Silva, de 36, vivem igualmente na extrema pobreza. A primeira estudou até o quarto ano do ensino fundamental e mora com o marido e três filhos em um barraco de tábua e piso de terra batida. A outra tem cinco filhos e mora na beira de um valão, na periferia de Nova Iguaçu.

“Meu sonho é ter uma casa de tijolos. Mas sou caprichosa e mantenho tudo limpo”, acrescenta, com orgulho, Marcela Barbosa. Ela faz faxinas e o marido recebe R$ 216 por semana em um lava-jato. A renda do casal é completada com R$ 350 do Bolsa Família. Eventualmente, os pais dormem com fome.

A outra Marcela é analfabeta, tal como a sua mãe, que também mora na Baixada. “Sempre quis estudar e ser cuidadora de idosos, mas minha mãe não deixou. Ela dizia: se eu não pude ir à escola, você também não pode.”

Ela trabalhou como babá até o nascimento do segundo filho e faz faxinas para completar os R$ 241 mensais que recebe do Bolsa Família. O cardápio se limita a arroz com feijão, mas ela diz que não falta esse básico para as crianças. “Sou supermãe. Meus filhos estão sempre em primeiro lugar na minha vida.”

*Colaboraram Angelina Nunes, Claudia Lima e Cristina Alves.

Este texto é resultado do Concurso de Microbolsas de Reportagem Fome, realizado pela Agência Pública em parceria com a Oxfam Brasil.

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